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quarta-feira, 22 de abril de 2009

NEM ZÉ MORAES, NEM SARTORATO

A responsabilidade pelo mal estar causado no caso da disputa de poder na Secretaria dos Esportes e Lazer, que opõe, de um lado, o secretário José Moraes, e de outro, o maratonista Alexandre Sartorato, não é de nenhum dos dois esportistas.

Sartorato, consagrado atleta, conhecido por dá a volta ao mundo a pé, e Moraes, jogador de futebol que não chegou a ter o mesmo brilho no futebol profissional de Cláudio Adão e Pitta, mas foi um jogador de destaque, chegando a fazer carreira profissional em times como a Portuguesa Santista, são ambos vítimas das trapalhadas e do amadorismo na montagem do Governo Márcia Rosa.

Vamos aos fatos: no dia 22 de novembro (veja no Blog) sob o título “E a equipe, senhora prefeita?”, cobrávamos o fato de que, passados dois meses da eleição, ninguém sabia, “até o momento quais são os nomes da equipe de Governo da nova prefeita eleita, Márcia Rosa, que assume no dia 1º de janeiro”.

Foi o bastante para que o time do “Cordão” (como diz o conhecido ditado, puxa-saco e mato dá em toda parte) saísse à campo com os argumentos mais bizarros, inclusive, o de que ninguém tinha a nada a ver com isso, que a prefeita nomeava e divulgava a hora que quisesse, e outros absurdos próprios.

O resultado aí está, e muito mais rápido do que se poderia supor. Embora tendo quase três meses para montar a equipe, administrar as pressões e a disputa por espaço, que é legítima, a prefeita não o fez.

Deixou para anunciar a equipe à ultima hora, na verdade na última semana, de afogadilho, muito provavelmente sob a pressão das interferências externas que hoje são visíveis à olho nu, com a presença da nuvem de gafanhotos, dos graúdos aos de menor peso e expressão, patrocinadas, claro, pela vereadora Telma de Souza, pelo deputado Fausto Figueira de Melo e, pelo sócio menor nesse condomínio que hoje governa a cidade, o deputado Márcio França, do PSB.

Zé Moraes e Sartorato se empenharam na campanha porque acreditaram na candidata e em suas propostas de mudança. Um e outro votaram e buscaram votos em suas respectivas áreas de influência e – como são dois nomes conhecidos por terem adquirido visibilidade nas suas respectivas áreas de atuação – é de se supor que trouxeram muitos votos.

Na hora de compor o Governo, Márcia Rosa, não se sabe por influência de quem, ou se apenas exercendo o direito à cota pessoal, escolheu Moraes para a Secretaria, preterindo Sartorato, a quem foi oferecida uma diretoria. O maratonista recusou, porque, no fundo, achava-se merecedor de mais. À amigos Sartorato teria confidenciado ter o apoio do próprio Moraes, à época, para ser Secretário.

Fêz-se festa, mas sobraram mágoas, tornadas públicas com o manifesto da Liga Cubatense de Artes Marciais, entregue a Márcia Rosa, na véspera do 9 de Abril. No Manifesto, os subscritores acusam Moraes de ter “caído de pára-quedas” e apontam “o grave erro cometido” pela prefeita com a sua indicação.

No manifesto também é feita a defesa exaltada de Sartorato, o que, num primeiro momento, gerou dúvidas se o maratonista não estaria por trás do movimento para derrubar Moraes.
Sartorato diz que não tem nada a ver com isso, que não teve a iniciativa de manifesto algum, e que continua fazendo o que sempre fez ao apoiar as iniciativas dos que o procuram. “Tudo o que conquistei na vida foi ralando, suando. Nunca conquistei nada na vida atropelando ninguém. Estou triste”, disse a este repórter.

Traduzindo: típica situação em que o processo de escolha, às pressas, da forma mais amadora, sem ouvir as partes interessadas, nem as bases de apoio, inclusive para curar mágoas e feridas, é a verdadeira responsável por uma crise, que é só a ponta do enorme iceberg da falta de comando.

Nunca é demais lembrar que amadorismo político e arrogância costumam dá nisso: além de não trazerem soluções, são fontes de problemas. Neste caso, a prefeita queimou dois dos principais quadros técnicos que lhe deram apoio na área de Esportes: Moraes porque ficou sem as condições para gerir a Secretaria – sob pressão e acusações de inapto de parcelas significativas da base de apoio que elegeu o atual Governo – e Sartorato, chamuscado, antes mesmo de ter a chance de assumir qualquer cargo ou função.

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