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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

SEM ALARDE, TERRACOM TEM CONTRATO PRORROGADO

Com a maior discrição e sem nenhum alarde, a Terracom Construções Ltda., empresa que há décadas responde pelo serviço da coleta de lixo e é, reconhecidamente, a maior patrocinadora de campanhas (de todos os prefeitos eleitos desde 1.985) teve prorrogado o seu contrato por mais um ano.

O contrato assinado no dia 05 de janeiro – a primeira semana do novo Governo – leva o sugestivo número ADM-001/2009, ou seja: foi o primeiro contrato assinado da atual gestão.

Embora a assinatura tenha se dado no dia 05 de janeiro, repito, na primeira semana do novo Governo, a publicação do extrato só ocorreu nesta terça-feira (27/01), na Parte Oficial mantida pela Prefeitura no Jornal A Tribuna – também objeto de outro contrato milionário. Tudo sem alarde e na maior discrição.

Na publicação não é informado nem o valor do contrato, nem se houve algum reajuste na prorrogação.

Este ano, além do contrato com a Terracom já prorrogado, vencerão os contratos com a Sabesp a empresa do Estado que mantém a concessão do serviço de fornecimento de águas e esgotos na cidade, e com o Jornal A Tribuna.

No caso da Sabesp nunca é demais lembrar que, embora forneça 80% da água potável da Baixada, não recebemos nada de contrapartida e os serviços de água e de esgotos prestados à custa de tarifas altíssimas, há muito vem deixando a desejar, inclusive, com o descaso da Companhia que é omissa na manutenção de tubulações, causa de “acidentes”, como o ocorrido no final do ano passado, que deixou centenas de pessoas sem água por mais de 24 horas.

No caso da Tribuna, o contrato, que tem valor superior a R$ 1 milhão/ano, tem como objeto declarado a publicação da Parte Oficial (os atos oficiais da Prefeitura).

A mesma e velha história, como se pode ver!

NÃO É ACIDENTE. É CRIME, DONA REGINA ELSA!

REGINA ELSA ARAÚJO. Guardem esse nome. Trata-se da coordenadora Regional da Defesa Civil do Estado de S. Paulo, que, embora alertada para a tragédia anunciada que pode fazer sucumbir numa avalanche de barro e lama dezenas de homens, mulheres e crianças residentes no Grotão, Cota 95, recusa-se a remover em caráter de emergência essas famílias. Cobrada, saiu-se com esta pérola. “O importante é que todos os envolvidos atuem da melhor forma possível”. Assim mesmo, com aspas e tudo. O que teria pretendido dizer a dona Regina Elsa, só consultando os astros; ou São Pedro!

Não satisfeita, ao admitir a possibilidade de deslizamentos, emendou: “Infelizmente até que uma solução definitiva seja tomada, teremos que conviver com isso. Acidentes acontecem”.
Repito: se alguém sai de carro com o sistema de freios funcionando e bate na primeira esquina é acidente. Se esse mesmo alguém sai com um carro sem freios e bate, não é acidente: era o previsível, o esperado.

Quando centenas de famílias tem toneladas de terra que ameaçam desabar sobre suas cabeças, levando tudo que teem e colocando em sério risco as suas vidas, e todos - Estado, Prefeitura, Defesa Civil, IPT - sabem disso, admitem isso, e nada fazem, não estamos mais diante da hipótese de acidente.

É interessante que alguém avise a dona Regina Elsa que não é de acidente, portanto, que se trata, mas de um crime. Crime de omissão do Estado e do Poder Público. Prá isso é que existe Governo, Defesa Civil, autoridades públicas. Prá isso pagamos – e caro – nossos impostos. Inclusive, aqueles que pagam os salários de dona Regina Elsa e de burocratas do mesmo calibre.

domingo, 18 de janeiro de 2009

COTAS: OUTRA TRAGÉDIA ANUNCIADA

Em 1.984, mais precisamente no dia 24 de fevereiro, a Vila Socó (hoje São José) ardeu em chamas por conta de um incêndio totalmente previsível porque há anos a Petrobrás não fazia sua lição de casa: cuidar da manutenção dos dutos com gasolina e outros produtos inflamáveis que atravessam a área urbana.

Não se tratou de um acidente. Acidente é quando ocorre fato fortuito ou de força maior, completamente imprevisível. Exemplo: se alguém sai à rua com um carro em perfeitass condições e bate, aconteceu um acidente. Se alguém se dispõe a trafegar com um carro sem freios, óbviamente, que não ocorreu acidente algum, mas algo absolutamente previsível.

Cerca de 800 pessoas (a Petrobrás e cúmplices maquearam os números para reduzi-los a apenas 100), viraram tocos de carvão e jamais vou esquecer essas imagens numa antiga casa amarela que havia na Vila, e que foi transformada em necrotério. Também não esqueço as lágrimas do capitão Nilauril, na época o comandante dos Bombeiros.

As vítimas desamparadas e desesperadas, ainda chorando seus mortos, foram indenizadas à preço de banana pela Petrobrás, numa operação que daria uma boa Comissão Especial de Inquérito por quem desejasse saber mais do que se tornou público.

O tempo passou e quem ficou e resistiu, conseguiu, dois anos depois, arrancar dos Governos municipal, estadual e da Petrobrás a maior vitória do movimento popular em Cubatão: a conquista, sem quaisquer ônus, das 400 casas, que deram à Vila São José a cara que tem hoje.

Lembro os tristes episódios nos quais participei como protagonista para fazer um alerta, ainda que correndo o risco de ser, injustamente, visto como mensageiro de más notícias ou “ave de mau agouro”.

Há uma outra tragédia pronta prá acontecer – só aguardando o despencar de chuvas mais fortes – muito previsíveis. Basta que se tenha olhos para ver o que está ocorrendo no Brasil, em virtude de desequilíbrios ambientais e climáticos (vide Rio, Minas, Santa Catarina): as mortes de famílias inteiras nas Cotas, em especial no grotão da Cota 95 e em outras áreas de absoluto risco.

O perigo e a eminência dessa tragédia anunciada já são conhecidos do Governo Estadual, empenhado há dois anos em um plano de remoção generalizada e indiscriminada de toda a população para atender aos interesses da Ecovias e de empreiteiras e empresas de terraplenagem e do governo municipal.

O primeiro não age, utilizando o Poder de Polícia para remover as famílias comprovadamente em áreas de risco, esperando a tragédia para justificar a remoção de todas as famílias, sem quaisquer direitos. Trata-se de um cálculo sinistro, que precisa ser denunciado.

O segundo, bem o segundo, lembro que estou no meu período "sabático" de 100 dias, quando assumi que não farei qualquer cobrança nem crítica ao Governo Márcia Rosa.