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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Telefonemas na madrugada. Susto e revelação

Sou acordado na madrugada deste domingo (29/11) por chamadas insistentes no meu celular: a primeira, meia noite e trinta e dois minutos (duas vezes); a segunda, meia noite e quarenta e dois minutos; a terceira (duas vezes), três horas e trinta e dois minutos; a quarta, três horas e trinta e sete minutos da madrugada.

Assustados, eu e minha mulher acordamos. Telefonemas de madrugada nunca são bons presságios. Em geral, estão associados à más notícias. É inevitável o susto, o temor de uma notícia ruim – doença grave ou morte na família.

Ainda assustados, eu e minha mulher, não reconhecendo de quem era o número discado que aparecia no visor, decidimos que o melhor seria saber o que se passava e quem era o autor das chamadas. Nos preparamos para o pior. Pedí prá minha mulher retornar à ligação. Três horas e trinta e sete minutos da madrugada.

SUSTO

Do outro lado da linha, o autor das chamadas se revela. Era o jornalista Allan Nóbrega, sobre quem, mais de uma vez, fiz publicamente referências elogiosas. Queria falar comigo.

Minha mulher, sem esconder a irritação, passa o telefone prá mim e do outro lado o jovem jornalista não esconde a preocupação pelo que lera no meu Blog, informação reproduzida na Comunidade Cubatão, em que me solidarizo com ele porque teria sido demitido da Editoria do Jornal da Cidade, por supostas pressões sobre o dono do Jornal em razão da publicação de uma carta de leitor (não identificado) com críticas à Administração.

A diretoria do Sindicato, mobilizada, saiu em defesa do Jornalista com Nota de Repúdio.

Há menos de 15 dias, em contato telefônico, por minha iniciativa para oferecer uma reportagem à propósito do Dia Nacional da Consciência Negra, soubera pelo próprio Nóbrega do episódio. Manifestei minha solidariedade e guardei sigilo. A Nota pública do Sindicato dos Jornalistas Profissionais, contudo, expôs o que até então era comentado apenas nas esquinas de Cubatão e na Banca do Ivo – o ponto preferido dos fofoqueiros de plantão.

DITADO

Parecendo assustado, Nóbrega agradecia a solidariedade, porém, fazia questão de repetir o texto que acabaria por deixar como comentário no próprio blog e em meu e-mail. “Caro Dojival, agradeço a solidariedade, mas preciso fazer uma colocação importante. Posso garantir que a Prefeita Marcia Rosa NADA tem a ver com a minha saída do jornal.Pelo contrário. Tanto a Chefe do Executivo quanto sua família e equipe foram os primeiros a mostrar solidariedade a mim neste caso. Não farei mais comentários sobre esse episódio, que para mim está superado.”

Notei a coincidência da frase repetida “Tanto a chefe do Executivo quanto sua família e equipe foram os primeiros a mostrar solidariedade a mim neste caso”. Parecia um ditado. Ao mesmo tempo em que me acordava na madrugada, Allan já providenciara junto aos moderadores da Comunidade Cubatão, a retirada dos posts.

Refeito do susto, desejei boa noite ao jornalista, pedi que me ligasse depois, se fosse o caso, porque tentaria retomar o sono. Comentei, com minha mulher: “aí tem”.

E tinha, mesmo. Pesquisando o Portal da prefeita Márcia Rosa, encontrei a provável explicação para os telefonemas da madrugada. Allan Nóbrega trabalha para o Portal, e sua assinatura está em várias matérias publicadas.

Não há nada demais nisso. Que Nóbrega trabalhe para a prefeita ou para o jornal da Cidade, não deslustra a sua iniciante trajetória nem o desmerece.

PROMISCUIDADE

Entretanto, o episódio lança luz sobre as relações de promiscuidade entre o jornalismo chapa branca e a Administração Pública. Na esteira das relações promíscuas do principal veículo – o Jornal A Tribuna – que, há décadas, tem contrato com a Prefeitura (o atual, nesta gestão, foi renovado em agosto e teria valores superiores a R$ 1 milhão/ano),criaram-se empresas jornalísticas, que funcionam como espécies de assessoria de Imprensa informais.

Seu papel é esse mesmo: fazer assessoria a quem está no poder. Fazem-se passar por jornalistas, quando estão mais para Relações Públicas.

A VERDADE É A VÍTIMA

O debate público tem sido dirigido por tais veículos, de modo a escolher, quem participa dele e quem não participa. Eu, por exemplo, sou persona non grata; minha participação no debate público é sistematicamente vetada, como já denunciei, mais de uma vez. Durante a campanha, pressionados pela legislação eleitoral, tiveram de abrir espaço, inclusive, para aparentar uma isenção que não têm, nem nunca tiveram.

Há meses, participei do Programa Radar Legislativo, na Rádio Cacique, comandado pelo próprio Nóbrega. Fiz críticas a Administração, apontei erros, fiz propostas. Depois de prometer que exporia a entrevista no Blog que mantém – a exemplo do que faz com todos os entrevistados -, meses atrás soube pelo próprio jornalista que a gravação havia se extraviado e não poderia ser recuperada. Estranhei, mas como procuro agir sempre pautado pelo princípio da boa fé, dei crédito.

Agora, depois dos telefonemas na madrugada, percebo que talvez, não devesse ter dado.
A principal vítima da prática do jornalismo chapa branca tem um nome: a verdade.

P.S. Os horários das chamadas são rigorosamente exatos.

domingo, 29 de novembro de 2009

Revanchismo, não. Justiça!


Quando ouço a belíssima apresentação de Geraldo Vandré, no Festival da Record, cantando "Aroeira", renovo as esperanças de que um dia veremos "a volta do cipó da aroeira no lombo de quem mandou dá".
Boa semana a todos (as)

Lembranças de Havana. Ainda volto lá!

Quando estive em Havana, em janeiro de 2000, para participar do Festival de Poesia e Arte, participei de um recital em la Casa de Las Américas e estive na União de Escritores e Artistas de Cuba (UNEAC). Quero voltar à Havana, em breve.
Enquanto isso, deixo com vocês, os velhinhos do Bueno Vista Social Clube.

sábado, 28 de novembro de 2009

Violência covarde contra um jornalista


O Governo da prefeita MR, que tem se notabilizado pela incompetência, despreparo e improviso, acaba de mostrar seu verdadeiro caráter anti-democrático. Por trás do sorriso róseo da prefeita MR,há truculência e o velho hábito autoritário de não conviver com a crítica. Nem a mais leve crítica é tolerada.

Recentemente, ela mandou dizer por assessores que não permitiria a minha presença numa audiência com as famílias do Bolsão Sete, das quais sou advogado, regularmente constituído. Diante da denúncia pública, inclusive com repercussões na Câmara e o protesto de vereadores, inclusive do presidente do PT, Paulo Tito, e dos vereadores José Aparecido Dédinho, e do vereador Tucla, da base de apoio, MR recuou.

Agora é o jornalista Allan Nóbrega, que acaba de ser demitido da função que exercia de Editor do Jornal da Cidade, pelo dono do veículo que, pressionado pela prefeita e seus acólitos, atribuiu ao jornalista a responsabilidade pela publicação de uma carta com críticas à administração. Como se não estivéssemos num regime democrático e a crítica fôsse proibida.

Alguém precisa avisar para a prefeita MR que a ditadura acabou e o partido da qual ela faz uso, mas que nunca teve qualquer papel relevante na sua construção, foi instrumento fundamental para isso. É inacreditável, que o neopetismo, que na prática vem negando a história de luta dos trabalhadores por Justiça e Liberdade, cometa mais essa violência.

Veja, abaixo, a Nota do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de S. Paulo

NOTA DE REPÚDIO
__________________________________________________________

A Regional de Santos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo repudia a atitude inconsistente do Jornal da Cidade, contra o jornalista Allan Nóbrega.

Não é a primeira vez que um jornal, para se redimir junto ao Poder Público, se isenta de responsabilidade de uma publicação e a condiciona somente ao jornalista profissional.

A carta do leitor que, por acaso, fez críticas à Administração de Cubatão, é um documento sempre condicionado à identificação de seu autor (a), cabendo ao jornal avaliá-la, aceitá-la, publicá-la e arcar com a responsabilidade. E não transferi-la ao jornalista.

Se desculpar atribuindo a responsabilidade somente ao jornalista Allan Nóbrega foi uma atitude, no mínimo, covarde, pondo em risco a credibilidade do jornal e reafirmando o famoso e velho ditado “a corda sempre rompe do lado do mais fraco”.

Jornalismo é isenção, é compromisso e, principalmente, é verdade. O Sindicato dos Jornalistas jamais se calará diante de situações como essa, em que uma explicação oficial de última hora, coloca em xeque o trabalho de um profissional da notícia, que vive de salário e não de favores ou de opinião da classe economicamente dominante deste País.

Santos, 23 de novembro de 2009.

SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Transparência Zero na TV Legislativa

O contrato assinado com a TV Costa Norte Ltda. EPP, do empresário do PSB, Ribas Zaidan, vencedor da polêmica licitação para a exploração da TV Legislativa, custará à Câmara de Cubatão,R$ 310 mil/ano (R$ 25.833,00/mês) para um período de cinco anos.

Ou seja: vai até 2.014. embora o mandato dos atuais vereadores se encerre no dia 1º de janeiro de 2.013.

A informação vinha sendo sonegada pelo presidente da Câmara, José Roberto Azzoline Soares, o Alemão, que negou-se a fornecê-la a este Blog, embora, se trata de informação pública. Alemão certamente não aprendeu o beabá da Administração e da gestão da coisa pública. O princípio da publicidade dos atos é constitucional. Prefere tratar a coisa pública como privada.

No dia 15 de novembro passado, encaminhei, por meio da Assessoria de Imprensa, três perguntas ao presidente da Câmara sobre o contrato, a primeira delas, sobre o valor. Alemão ignorou as perguntas reiterando o padrão de incivilidade e despreparo.

O contrato, será renovado a cada ano. Durante os cinco anos, a empresa terá recebido R$ 1.550.000,00 (Hum milhão, quinhentos e cinqüenta mil reais) dos cofres públicos.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Never Land ou Marcia Land? Leviandade!



"Não aconteceu nada de grave. A não ser um belo banho de mar, num dia quente de verão". A reação da prefeita Márcia Rosa, diante de um acidente que poderia ter custado à vida de jornalistas, provocado pela irresponsabilidade, passível, inclusive de responsabilização criminal do seu ex-secretário de Meio Ambiente, Daniel Ravanelli, só pode ter um nome: chama-se leviandade e irresponsabilidade.

A prefeita MR parece demonstrar um grau de alienação preocupante. Está desconectada da realidade, o que para um governante é grave. Mais do que isso: trágico. Criou para si uma espécie de "Marcia Land" e parece não ter se dado conta da gravidade da situação.

Enquanto jornalistas acidentados (alguns dos quais não sabiam nadar) se mostravam apavorados, ela confessa que estava "vendo as belezas naturais" e ri despreocupada, em trajes de acampamento.

A postura revela que o projeto da ligação hidroviária Cubatão/São Vicente, que elogiei aqui, é só uma idéia boa, mas sem conteúdo, por absoluta incapacidade de quem teria (por dever de ofício), o poder e a caneta para fazer as coisas acontecerem. À propósito, repito: qual o custo do projeto? Ele já existe na prática? E os recursos? Como se dará a parceria com S. Vicente? Qual o tempo de conclusão? São questões que a prefeita MR deveria esclarecer ao distinto público porque, supõe-se estivesse ali, a trabalho e não "para ver as belezas naturais".

Assustador não foi só o "caldo" e os riscos corridos por colegas jornalistas que não estavam de passeio, como parecia estar à prefeita. Não estavam ali "para tomar um banho de mar num dia quente de verão", a ironia de mau gosto e despropositada de quem deveria, ao menos, respeitar o susto e os riscos corridos pelos profissionais em questão.

DONO DE BARCO PODE SER PUNIDO, DIZ CAPITANIA

A Capitania dos Portos já abriu inquérito para investigar as causas do acidente ocorrido nesta terça-feira nos canais do estuário do Mar Pequeno e o Rio Casqueiro, durante vistoria dos prefeitos de São Vicente, Tércio Garcia, e de Cubatão, Marcia Rosa. O barco onde estava a imprensa acelerou e bateu na lateral da embarcação das autoridades, segundo noticia o Jornal A Tribuna.

O capitão dos portos, Antonio Caiado de Alencar, disse que o dono da embarcação que levava os jornalistas pode ser punido. "A lei aquaviária é bem clara e prevê punição para o dono da embarcação que deixou aquilo acontecer", disse. Alencar ainda lamentou não ter sido consultado pelas prefeituras de São Vicente e Cubatão quanto à instalação de um transporte de passageiros ligando os dois municípios.
Felizmente, a Capitania dos Portos coloca as coisas no seu devido lugar. O caso é grave e a irresponsabilidade de quem colocou a vida de pessoas em perigo é punível, crimes, inclusive, claramente definidos no Código Penal.

Ainda bem, que nem todo mundo está alienado da realidade, como parece a prefeita MR que, no seu "Marcia Land" ainda se dá ao direito de comentários despropositados e levianos.

sábado, 21 de novembro de 2009

Câmara sob Alemão. Transparência Zero

A licitação para exploração da TV Legislativa é um exemplo de como o Poder Público vem sendo gerido em Cubatão: como coisa privada. Isso vale para a prefeitura, onde a prefeita MR age como uma espécie de monarca sem coroa (apenas a que imagina ter sobre a cabeça), e também para a Câmara, onde o presidente José Roberto Azzoline Soares, se comporta como se o Legislativo fosse um feudo sob o seu comando.

Cancelada uma vez por notórias suspeitas de dirigismo e cartas marcadas, foi reiniciada com a promessa de Alemão de total transparência. Era só promessa.

Há alguns dias anunciou-se a vencedora da licitação – a TV Costa Norte Ltda. EPP – que tem como proprietário, Ribas Zaidan, recentemente filiado ao Partido de Alemão, o PSB.
Sobre os valores do contrato assinado, nenhuma informação. Estima-se que teriam variado entre R$ 360 e R$ 700 mil/ano. Trata-se de informações que são públicas e que estão sendo sonegadas propositada e deliberadamente à população.

Encaminhei ao Presidente da Câmara no último dia 15/11 - portanto, há uma semana - por meio do assessor de Imprensa Ademir Quintino, as seguintes perguntas:
1 - Qual é o valor do contrato assinado com a TV Costa Norte Ltda EPP para exploração da TV Legislativa?
2 - Quando foi assinado e o prazo de duração?
3 - Quem são os funcionários residentes na cidade e a quem se refere o presidente Alemão quando diz que "priorizamos a mão de obra local, valorizando a classe da região”.

Até o momento nem sinal de resposta e a culpa não é do assessor de Imprensa, que é um profissional competente. É do próprio presidente da Câmara, que imagina gerir a coisa pública, como se privada fosse.

Lula, o Filho do Brasil. E o meu filho!

Na foto, Dojival Filho, o repórter do Diário do Grande ABC, aparece bem atrás de Rui Ricardo Dias, o ator que faz Lula no filme. Está à esquerda com a mão direita estendida. Abaixo o bilhete de Lula, em 1.981, na foto quando ele tinha um ano e alguns meses.



Lula, o Filho do Brasil, o filme, estréia no dia 1º de janeiro em todo o país e promete ser pano de fundo da campanha de 2010. A história de um homem que supera as adversidades da fome e da pobreza, retirante nordestino como milhões de outros, e se torna Presidente da República é admirável. Tem todos os ingredientes de uma boa história capaz de converter cinemas em rios caudalosos de lágrimas.

A história de Lula é a minha história, como é também a história de milhões de migrantes nordestinos que, de pau de arara, de marinete (os famosos ônibus-jardineiras da década de 60, que tinham motor na frente e carregavam as malas no teto, cobertas por encerados) ou de carona se deslocaram para o “Sun Paulo”, para tentar uma vida melhor.

Meu pai, quando botou a mim e mais seis irmãos (todos de cobrir com um cesto) numa marinete para vir morar num barraco na Rua Portugal, 108, no Casqueiro, onde eu e meus irmãos nos criamos, fazia o mesmo percurso de dona Lindu, mãe de Lula, que estava apenas a alguns quilômetros dali, em um barraco do Itapema/Vicente de Carvalho.
COMO COMEÇOU A HISTÓRIA

Em 1.979, quando lançamos o PT em Cubatão, conheci Lula de perto. Antes, já o acompanhava, quando, na liderança do Movimento Estudantil na Faculdade de Comunicação, vendíamos bônus para os grevistas do ABC.

Quando, no dia 10 de agosto, no Forró do Lula, lançamos o Movimento Pró-PT, em meio a repressão policial e mais a oposição de setores da esquerda – em especial do PCB, que dominava o Sindicato dos Metalúrgicos, sob a direção de Arnaldo Gonçalves – não tínhamos noção de que fazíamos história. Éramos movidos a ideais e sonhos.
Éramos garotos que amávamos os Beatles e os Rollings Stones e também a Revolução. A proposta de um Partido que nascia “para lutar por uma sociedade sem exploradores nem explorados”, exercia um fascínio sobre a minha geração difícil de explicar, mas fácil de entender.
Lula esteve muitas vezes em Cubatão, duas delas, para encerrar as campanhas em que fui candidato a prefeito pelo PT, na Praça Princesa Isabel. Em cima de um caminhão, geralmente emprestado, alimentávamos o sonho de uma cidade renovada, refundada.
Lembro que num desses comícios, Lula levantou a minha mão como fez agora na Bahia, com o presidente palestino Mahamoud Abbas, e disse. “Confiem nesse Neguinho aqui, porque é ele que vai mudar a história dessa cidade”.
A DESTRUIÇÃO DO PT

Desde então, o tempo passou, o PT, tomado de assalto pelo grupo de aventureiros comandado pelo chefe do mensalão, José Dirceu, tornou-se um Partido igualzinho a todos os outros. Eu fui atropelado, em 1.992, quando uma simples discussão de uma política de alianças, provocou a intervenção violenta e a tomada do Partido pelo segundo escalão do mensalão (Rogério Buratti, Silvio Land Rover e outros) - todos caídos em desgraça com o escândalo, embora o chefe maior, Dirceu, seja provavelmente, o cassado por corrupção de maior prestígio na história deste país.

Quando reencontrei Lula, no dia 16 de novembro de 2.005, já no Palácio do Planalto, durante a Marcha Zumbi + 10, no 3º andar do Palácio, ele me reconheceu. “Você não é o Dojival de Cubatão? Sou, presidente”, respondi, discreto.

"Por onde você anda, rapaz?", insistiu. "Você já era para ter sido prefeito de Cubatão. Mas, foi brigar com Okamoto!!”.

Ironia de Lula ao burocrata que comandou a destruição do verdadeiro PT de Cubatão – hoje o todo poderoso do Sebrae nacional, conhecido como o doador universal, por ter sido apanhado pagando contas particulares de Lula, em episódio tornado público pela Imprensa.
Não por acaso, lembrava-se das tramóias, das pressões da prefeita e hoje mandachuva no Governo do PT local, a atual vereadora Telma de Souza, o que diz muito a respeito de como estava informado dos fatos e da violência e da injustiça de que fui alvo.
AS VOLTAS DA HISTÓRIA

Não quis encompridar a conversa, pela inconveniência do momento e porque estava diante do Presidente da República. Era preciso respeitar o ritual para não ter que dizer-lhe, que havia sido cúmplice da tentativa de assassinato da minha história e reputação políticas.
Hoje, Lula, o PT e o Brasil mudaram. Eu também. Há, porém, entre nós muitas diferenças nessas mudanças: “eles venceram e o sinal está fechado prá nós que somos jovens”, como dizia Belchior, no distante ano de 1976, no disco Alucinação.

Há uma coisa que não abro mão e assim será até o final da minha vida: continuo acreditando em sonhos, em uma cidade e em um país em que a política e o poder existam para servir as pessoas; e não o contrário.

As chances de transformar o Brasil de verdade, ninguém as teve como o ex-metalúrgico Luis Inácio Lula da Silva. Ele e o PT, contudo, renderam-se ao pragmatismo absoluto.
Se Lula não teve a coragem, o idealismo ou a ousadia para fazê-lo são outros quinhentos. Se preferiu surfar na onda que o transformou em ícone mundial, em ator global, é outra estória.
MEU FILHO, QUE TAMBÉM É DO BRASIL

Ainda sobre o filme, um belo dia, Dojival, meu filho, me liga prá dizer que estava fazendo matéria sobre os bastidores das gravações do filme e que vestira a pele de figurante para fazer a reportagem.

Me lembrei de uma passagem de Lula pela minha casa, na Rua Santos, no Jardim S. Francisco, quando Dojival tinha pouco mais de um ano de idade, poucos dias antes do encerramento da campanha de 1.982, na qual me elegeria vereador. “Ao querido Dojival, com a esperança que em um futuro bem próximo possa compreender a nossa luta. Abraços do titio Lula. Cubatão, 07 de Novembro de 1.981", escreveu de próprio punho.
Dojival compreendeu cedo a nossa luta. Só nunca compreendeu a tentativa de assassinato da história e reputação política de que seu pai viria a ser alvo, com a conivência e a cumplicidade do mesmo Lula.

Mesmo assim, vejam como a história dá voltas. Na foto Dojival, já com 29 anos, fazendo o papel de figurante no filme de Lula, que teve a sua pré-estréia na semana passada no Festival de Brasília.

domingo, 15 de novembro de 2009

Falta de dinheiro ou de idéias?

Quem ouviu a prefeita MR queixar-se da crise, com o alarmismo que caracterizou suas declarações, deve ter pensado: é verdade.

Não, não era verdade. Era só uma forma de encobrir a incompetência, a falta de projetos. O orçamento de Cubatão, apesar da crise, que não teve impacto significativo crescerá de 2009 para 2010: passará de R$ 801 milhões 827 mil, para R$ 933 milhões 117 mil – um acréscimo de R$ 121 milhões.
O orçamento – Projeto de Lei 027/2009 - já foi aprovado pela Câmara, por unanimidade.

Onde está a crise? Quais foram os impactos, se os recursos disponíveis, ao invés de baixarem, cresceram?

O que tem faltado mesmo é um Governo que tenha idéias e propostas para melhorar as condições de vida das pessoas, ao invés de tentar iludi-las com factóides e
propaganda.

FORA, ZÉ MORAES!

O Secretário Zé Moraes de Luca já demonstrou que está mais para administrar o seu próprio negócio (o comércio de material esportivo na Av. 9 de Abril), do que ser gestor público numa Secretaria de Esportes que este ano teve R$ 8.6 milhões. A última, foi faltar, sem justificativa, ao depoimento em que deveria esclarecer a uma Comissão de Vereadores, o escândalo do alojamento de adolescentes a um Motel nos Jogos Regionais, em São Caetano.

Atraído para fazer parte de um Governo sem Rumo (aliás sua própria escolha demonstra isso, conforme confessou em vídeo, que é público), Moraes começou sua gestão trombando com uma parte da base de apoio da prefeita - a Liga de Artes Marciais (LCAM), dirigida por Carlos Alberto Cruz, que desenvolve um trabalho admirável, sem ajuda nem recurso público.

Mais do que falta de sensibilidade revelou-se truculento e mal educado no trato com os dirigentes da entidade. Não bastasse isso, o caso dos adolescentes alojados em um motel nos Jogos Regionais, que a prefeita MR não quer apurar e proibiu sua base na Câmara de fazê-lo.

A prefeita, além de apurar o caso, deveria ter afastado o Secretário, indicado pelo vice, Arlindo Fagundes, que hoje é apenas tolerado no Paço Municipal pelo grupo da prefeita.

Já que a prefeita finge que não é com ela, dizemos nós: FORA, ZÉ MORAES!

20 DE NOVEMBRO - SILÊNCIO E OMISSÃO EM CUBATÃO

Lamentavelmente, enquanto no Brasil inteiro se reflete sobre a situação de injustiça e desigualdade que atinge 50,6% da população brasileira, em Cubatão, onde somos 57,1%da população, reina um silêncio ensurdecedor.

Cubatão é uma das sete cidades de S. Paulo, que tem maioria de sua população negra. É também a mais importante, do ponto da economia e do orçamento. Por Lei Municipal, cujo projeto é de autoria da ex-vereadora Rozi França Abreu, adota cotas nos concursos para o serviço público.

Entretanto, nem nos governos anteriores, nem neste da prefeita MR, não se observa qualquer iniciativa para enfrentar e superar o abismo de desigualdade enfrentado pela população negra.

É óbvio que as políticas públicas devem ser universais, vale dizer: para todos. Mas, também é óbvio que, por imperativo de Justiça, se reconheça que negros são os mais pobres dentre os pobres, por conta da herança maldita de quase 400 anos de escravismo e de mais 121 anos de racismo pós-abolição.

No caso de Cubatão é fácil constatar isso: somos a maioria quase esmagadora dentre os 2/3 da população que sobrevive às margens, nas favelas e periferias, sem acesso condições de vida dignas.

É preciso que nós negros junto com os brancos que tem sensibilidade para entender que o racismo é elemento estruturante da desigualdade social, nos organizemos para exigir da prefeita MR:

1 - queremos políticas públicas nas áreas da Educação, da Saúde, Mercado de Trabalho, para todos, mas que respeitem o componente étnico-racial, por imperativo de justiça;
2 - queremos liberdade para as religiões afro, cujos adeptos são costumeiramente marginalizados, perseguidos e demonizados;
3 - queremos o Feriado de 20 de Novembro em Cubatão, assim como acontece em mais de 400 cidades brasileiras;
4 - Queremos a adoção de Programas de Saúde para o tratamento das doenças que atingem predominantemente negros, como é o caso da Anemia Falciforme.
5 - Queremos a implementação imediata da Lei 10.639/2003, na rede oficial e particular de ensino de ensino do município.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Falso moralismo com cheiro de mofo

Não ia me manifestar, mas quando alguém se sente no direito de lançar Carta Aberta dirigida a mim, com recriminações descabidas, tentando ecoar uma indignação, que mais parece moralismo mofado, baseando-se em texto que publiquei no meu Blog com o título "O Cu Card, fatos e factóides", então acho que já é hora de dar um basta.

CU CARD é como toda a cidade está chamando o tal Cartão criado pela prefeita MR para enganar os servidores, mantidos sob abonos exatamente como fazia a administração anterior.

Quaisquer conotações outras, só podem vir do ocu da cabeça de quem, não tendo a coragem de atacar quem devia, dirige sua ira, frustração e inveja a mim. Estou farto de ser tomado por alvo de medíocres, puxa-sacos contumazes de olho apenas na manutenção dos seus carguinhos na Prefeitura.

Não respeito bajuladores e puxa-sacos. Mais: tenho horror a esse tipo de gente, porque da mesma forma como hoje puxam o saco da prefeita MR, estariam fazendo o mesmo comigo, se fosse eu o prefeito.

Os que viram na denominação bem humorada, qualquer outra conotação, deveriam prá começar propor a mudança do nome da cidade. Afinal, alguém cita o nome da cidade, omitindo a primeira sílaba?

Continuarei, como a cidade inteira está fazendo, chamando o Cartão de CU CARD. Vamos parar com essa hipocrisia, ridícula, esse falso moralismo com cheiro de mofo. Quem merece críticas, não sou eu. Não inventei CU CARD nenhum. Estou exercendo o meu direito de cidadão e é o que continuarei fazendo.

Cubatão é vítima de piadinhas, não pelo nome. Não pelo seu povo digno, trabalhador, não pela sua juventude, que insiste e resiste. É pelos governos medíocres, pelos políticos sem postura nem compostura, pela predominância de medíocres e puxa-sacos que fazem o que podem para manter seus carguinhos ou para agradar, a qualquer custo, quem está no poder.

domingo, 8 de novembro de 2009

Um pouco de memórias e clássicos

Comecei a me entender como gente nos anos 70. Não fui hippie por uma questão de uns poucos anos. Não entrei na luta armada porque cheguei atrasado.

Quando dei por mim, estava na FACOS, em 1976, repórter do Cidade de Santos. Do Movimento Estudantil lembro de algumas cenas. Numa delas, a atual vereadora de Santos, Telma de Souza (que depois foi prefeita de Santos, deputada estadual, federal, destruidora e algoz do verdadeiro PT de Cubatão), entusiasmada com uma fala minha fala minha numa assembléia, numa disputa com Eduardo Eduardo Sanovicz, o quadro do PCB que liderava o Movimento Estudantil, e que combatia a todos nós, os que depois nos engajaríamos na construção do PT. Foi no Páteo do Colégio Santista.

Sanovicz acabou se Tornando o poderoso presidente da Embratur, sob o Governo Lula, que combatia; Telma, acabou se Tornando um mandachuva de Cubatão. Marcia Rosa, eo séquito que um Rodeia, nem Existiam. E eu, bem eu, continuo, me orgulhando de ser o que sou e com essa mania de continuar andando de cabeça erguida.

Fiquem com alguns dos meus clássicos, que ouvia em cima de um muro onde morei naquela casa da Av. Prof. Prof Prof Prof Prof Prof Prof Prof Henry Borden, 703 (que ainda existe), quando tinha entre 18 e 20 anos, andava com idéias e de pegar o "Trem da Morte" e ir pra Bolívia, com uma mochila nas costas e 100 Não dólares UE bolso. O que acabou acontecendo. Resumo da história: é tudo verdade.

Salvador Allende, siempre!

Quando veja a perda de perspectivas em nossa cidade e em nosso país. A perda dos sonhos. A política - instrumento de transformação social - transformada em negócios vis. Quando vejo, como Rui, triunfar as nulidades.

Quando vejo nossa cidade, transformada em laboratório de experiência de um grupo desprovido de idéias e de compromissos (a não ser fazer caixa para se manter no poder)e que se presta a ser apenas o instrumento do lucro de uns poucos, de enriquecimento pessoal para outros, e que ilude e engana os trabalhadores e o povo, lembro de Salvador Allende.

Precisamos, no Brasil, de um lutador social da estatura de Allende para que, pelo menos, os jovens tenham esperança de que é possível mudar, e os velhos - como eu - se lembrem todos os dias, de que nada foi em vão.
Deixo com vocês, o discurso de Salvador Allende, na Universidade de Guadalajara, em 1.972,que continua atual e servindo para nós, como verão.

O Cu Card, os fatos e os factóides

O Cartão Servidor Cidadão – o Cu Card, como ficou conhecido – é a cara da administração da prefeita MR. Na ausência de programa de Governo, cercada pelo grupo da vereadora de Santos, Telma de Souza, do PT regional, que é quem de fato governa, dedica-se a fazer experiências.

Já comentei aqui, que a idéia de fortalecer o comércio local é uma proposta boa, porém, a prefeita não sabe como fazer. Daí, submete os funcionários da prefeitura a cobaias de uma experiência nefasta, para cumprir os compromissos com o G-40, o Grupo de comerciantes – uma espécie de Partido político, responsável pela nomeação de, pelo menos dois secretários do seu governo: o de obras, Wagner Moura, e o presidente da CMT, Silvano Lacerda.

O grave é que faz isso sem conseguir sequer esboçar uma política salarial decente. Sem abandonar a política de abonos, melhor dizer, esmolas, do seu antecessor, submetendo os funcionários à humilhações constantes.

Nesse caso, se supera: a partir de janeiro, os servidores, mediante o pagamento de uma taxa de R$ 25, poderão usar os R$ 500,00 do Cu Card, com a condição de gastar no comércio local – o que é totalmente inconstitucional; contraria o direito de ir e vir, e submete os servidores ao vexame de terem a disposição um dinheiro, que não podem usar como e onde queiram. Ou seja: usa os servidores como massa de manobra para agradar o Partido do comércio.

Não tendo proposta alguma para o futuro, limita-se a olhar pelo retrovisor: fala da "herança" deixada pelas administrações anteriores, lembrando os 4.112 servidores que aguardam pagamento de licenças-prêmio. “Há dívidas acumuladas desde 1981. É algo incompreensível”. Sobre a política de abonos herdada de Clermont afirma: "Sou contra, mas é o que podemos oferecer".

A prefeita anunciou que os servidores que esperam poder exercer o direito às licenças prêmio, saberão sua situação via internet. Nenhuma palavra ao fato de, desde 2000, ter ocupado uma cadeira na Câmara, sem nada dizer a respeito desse tema. Sobre o que vai fazer, igualmente nenhuma palavra.

A PARCERIA COM O GOVERNO SERRA

Quem ainda tinha dúvidas não tem porque mantê-las. A parceria do Governo da prefeita MR com o Governo Serra para remover as cerca de 30 mil pessoas das Cotas, Água Fria e Pilões, das suas casas, é agora explícita. Até mesmo os bajuladores de plantão, ficaram sem discurso.

No estilo ufanista da ditadura, a assessoria da prefeita apresenta a parceria (também nisso apenas a continuação do Governo Clermont), como “um grande exemplo de civismo e compromisso com a população”. Na semana passada, o acordo (seria mais próprio chamar de conluio, porque é contra a população) foi selado numa reunião da prefeita com o secretário estadual, Lair Krahenbühl, da Habitação, Edmur Mesquita, da Agem e o coronel Elizeu Eclair, coordenador do Programa de Remoção.

Na reunião discutiu-se como serão feitas as remoções e o caso das famílias do Bolsão Sete, das quais sou advogado regularmente constituído. Admitem agora a inclusão dessas famílias no Programa ou a concessão de carta de crédito no valor de R$ 70 mil. Não explicam como os moradores poderão ter acesso à carta de crédito, nem dizem uma palavra sobre os direitos de quem mora há 20 anos - não apenas o direito de não ser tratado como invasor mas também às benfeitorias feitas.

Na semana passada, a prefeita recebeu a Comissão de Moradores. Não queria a presença dos advogados, porque, à última hora, convidou apenas os membros da Comissão. Na reunião, fez política. Não explicou o porque recusa receber a Comissão de Moradores junto com os seus advogados, inclusive eu, numa atitude autoritária e anti-democrática e cerceadora do livre exercício profissional. Sou advogado regularmente constituído. Tenho o direito legal e constitucional de entrar em qualquer recinto - público e ou privado - para acompanhar clientes.

MR teme a minha presença porque sabe que ficaria mais difícil enrolar os moradores. O que faz, na verdade, é apenas cercear o exercício da minha profissão e expor a natureza autoritária desse petismo chapa branca, que não guarda nenhuma relação nem afinidade com o partido que ajudei a construir nos anos 70 e 80.

Aliás, no primeiro contato que tive com a prefeita, a impressão que me ficou e que agora exponho é de que MR parece não ter descido das nuvens para onde foi catapultada pelos votos de outubro passado. Não tem a menor noção do que fazer e como fazer, dada a sua nenhuma experiência administrativa, o estilo discursivo/abstrato, a falta de liderança e comando.

Deve servir aos seus admiradores/bajuladores da República do Casqueiro, que com ela chegou ao Poder, formada por meia dúzia de aspirantes à classe média. Mas, e quanto aos 2/3 da população, completamente excluída do universo de direitos; e quanto aos servidores públicos, mantidos à míngua; e quanto à juventude, sem acesso a equipamentos de lazer e entretenimento; e quanto à quem pensa numa cidade para todos com direito a usufruir do que seria possível fazer com um orçamento que supera a da esmagadora maioria das cidades brasileiras, e não apenas para os beneficiários de carguinhos, distribuídos aqui e alí na máquina pública?

Mas, o problema mais grave desse governo é de outra natureza: a falta de humildade, para não dizer, arrogância, o pedantismo de quem "se acha", sem currículo nem história. Aliás, quem tem currículo e história não precisa desses "predicados", que são péssimos conselheiros.

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Outra demonstração da falta de norte desse Governo foi o envio de funcionários de alto escalão, inclusive de Adalberto Ferreira da Silva, do Planejamento, para aprender sobre Orçamento Participativo, em Osasco. Pelo que se soube, o tal orçamento participativo foi feito em tempo recorde, com a participação de apaniguados e mandado à Câmara no início de outubro, apenas para simular, alguma participação popular, nas decisões tomadas nos gabinetes. É patético.

Quanto a Ferreira da Silva, que há décadas, ocupa cargos de alto escalão, inclusive neste Governo, preside um Comitê Gestor, para suprir a total falta de noção do que seja administrar (chegou a ser gerente da cidade, indicado por Nei Serra) é conhecido em círculos bem informados, como homem que priva de relações privilegiadas com a Terracom - o mais poderoso grupo com tentáculos na Administração, inclusive no próprio gabinete da prefeita.

É apenas isso o que explica a longevidade, sua condição de supersecretário no poder. Não se conhece uma única ação, um único projeto que justificasse a estabilidade com que assume cargos de importância (sempre o Planejamento) em qualquer Governo. Ele é capaz de transitar com a mesma desenvoltura de um Governo Passarelli para um Governo MR, onde é figura proeminente.

Detalhe, que é também um aviso ao neopetismo: como obedece a outros comandos, Ferreira da Silva renega governos com a mesma velocidade com que a eles adere.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Câmara aprova proibição de capacetes

Tenho respeito pela prof. Maria Aparecida Pieruzzi de Souza, eleita sob a legenda do novíssimo PT. Sempre estivemos, porém, em lados opostos. Traduzindo: somos adversários políticos desde que me entendo por gente.

Faço essa preliminar porque o presidente da Câmara, José Roberto Azzoline Soares, o Alemão, fica amuado se recebe críticas que não foram, nem nunca serão, pessoais. Apenas fazem parte do debate público.

Mais do que isso: os seus seguidores também ficam amuados e saem por aí dando exemplo de falta de educação negando cumprimento às pessoas, de quem até ontem se diziam amigas. Eu próprio já tive demonstrações disso. Deixo de revelar nomes e circunstâncias, porque considero esse - e os envolvidos - expressões do que é menor, sem importância.

A idéia da vereadora, porém, de criminalizar ou colocar sob suspeição quem usa capacetes, gorro ou qualquer tipo de cobertura que oculte a face, é uma aberração.Quer dizer, que agora eu e a torcida do Flamengo, do Corinthians, ou seja, todo mundo, está proibido de cobrir a cabeça, sob pena de ser tomado por suspeito de crime. Santo Deus! Não há limites de como essa cidade continua descendo ladeira abaixo!

O mais grave é que a idéia, segundo a vereadora, é para "amenizar o problema da criminalidade no município, com a intenção de disciplinar a população do sentido de suspeitar daqueles que estejam portando algo que impeça sua identificação".Ou seja: é uma coisa policialesca, retrógrada, essa pretensão da Câmara de agora legislar sobre costumes. Pelo amor dos meus filhinhos, como diria Silvia Luiz. Onde vamos parar?

Gostaria de saber o seguinte: quem não obedecer a tal Lei, acontece o que? Se eu continuar usando o meu boné, boina, chapéu ou o que seja, porque esse é um problema que só a mim cabe, o que acontece? Vou ser detido por um policial, que me encaminhará ao caixa para pagar a multa?Que retrocesso, meu Deus! Depois da ditadura militar, Cubatão agora entre, em pleno governo do neopetismo, na fase da ditadura dos costumes! É de arrepiar, creiam!

Batalhão para o Serra? Ora, nos poupe!

A falta de programa de governo e, sobretudo, de visão da prefeita MR, só escapa a quem não quer ver, e aos bajuladores que lhe cercam, alguns dos quais, pagos com dinheiro público e ocupando altos cargos na administração.

Diante de mais casos de violência, incluindo o assassinato de um PM em plena luz do dia, a prefeita resolveu pedir socorro ao Governador José Serra. Seu diagnóstico é de que a violência urbana está crescendo porque a cidade é atravessada por todas as rodovias que ligam a Capital ao Litoral e isso representa um forte ônus à população, especialmente, em épocas de maior afluência de turistas como nos finais de semana prolongados. Fala da sobrecarga de serviços de socorro médico e do congestionamento das vias, o que dificulta o acesso aos diversos bairros, mas principalmente por carecer de "um mínimo de segurança pública para conter a criminalidade".

No ofício enviado à Serra a prefeita pede. "Há tempos vimos reivindicando a necessidade de um Batalhão da Polícia Militar para a cidade de Cubatão. Face ao alarmante crescimento da criminalidade no Município, acreditamos que a situação, pelo grau de gravidade, passa a exigir tal providência, com vista a restabelecer índices minimamente aceitáveis de segurança pública".

Também neste quesito a prefeita MR não consegue ver um palmo adiante do nariz. Se o fizesse veria que a causa do aumento da criminalidade é a miséria, que cresce em proporções geométricas, a falta de emprego, a falta de perspectivas para os jovens que, por conta disso, se tornam presas fáceis do crime organizado; a tomada de vastas áreas pelo próprio crime organizado, com suas leis e seu estado paralelo.

É o esgarçamento do tecido social, em muitos pontos em estado de putrefação, numa cidade riquíssima, porém dominada por uma elite política incompetente e predadora que rouba e deixa roubar. É isso que explica o crescimento da criminalidade, essas são as causas.

Pretender enfrentar isso, pedindo Batalhão da PM para o Governador é, primeiro, criar a ilusão de que a Polícia pode dar conta de problemas estruturais como os apontados; segundo jogar para o Governo do Estado, uma responsabilidade que é do Município.

Enquanto isso, o Governo Federal, por meio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) - Projeto Farol, acaba de credenciar 24 cidades no Brasil, a receber recursos estimados em R$ 3,3 milhões a serem investidos na ampliação do acesso a oportunidades econômicas, sociais, políticas e culturais de jovens entre 15 e 24 anos em situação de conflito com a lei, com baixa escolaridade ou expostos à violência doméstica e urbana.

Cubatão sequer fez projeto para se credenciar a esses recursos. E vem pedir Batalhão da PM para o Serra? Ora, nos poupe!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A identidade do Bairro Cota 400 vira livro

Inauguração da 2ª pista da Via Anchieta (1.953) - Original de Isauro Domingos - Acervo Serviço de Memória da Secretaria de Educação e Cultura de São Bernardo do Campo.

Enquanto em Cubatão, o debate sobre o processo de remoção das cerca de 30 mil pessoas das Cotas permanece interditado -pela miopia e falta de visão da prefeita MR e seguidores e truculência e autoritarismo do Governo do Estado de mãos dadas com a Prefeitura -, surge agora uma luz no fim do túnel.

Os estudantes Caio Caprioli, Lívia Gonzalez, Luciane Brandão, Mayara Tabone e Paula Venâncio, do 4º ano de Jornalismo da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), apresentarão nesta segunda-feira (09/11) o projeto da obra literária Olhares Possíveis – Memórias e identidades do bairro Cota 400 durante evento realizado no auditório Helcio Quaglio, nas instalações do Campus I da Universidade, localizada na avenida Goiás, 3.400.

O livro reportagem busca abrir espaço para a reflexão sobre a relação entre nossas memórias e a paisagem em que vivemos. Para isso, são utilizadas narrativas das histórias de vida dos moradores do bairro Cota 400, localizado entre os quilômetros 47 e 48 da rodovia Anchieta, no meio dos mais de 315 mil hectares que abrangem o Parque Estadual da Serra do Mar, em 23 municípios, entre eles Cubatão, SP.

O bairro é remanescente de um acampamento do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER) e começou a se formar na década de 30 para abrigar os funcionários da obra que culminou na inauguração da via. A maioria dos migrantes que vieram a São Paulo para ajudar na construção da rodovia ficou, inicialmente, instalada ali.
A comunidade, que se caracteriza por abrigar um “conjunto de famílias”, é formada por aproximadamente 640 pessoas, divididas em 275 casas de alvenaria, casas de madeira e casebres de maderite e materiais alternativos no sopé do morro. É considerada uma comunidade que está em área de preservação ambiental, pertencente à Mata Atlântica e em função disso, será remanejada para conjuntos habitacionais em Cubatão, implantados pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

O objetivo da obra não é qualificar nem opinar sobre a decisão da retirada desses moradores de seu espaço, mas sim, levantar a questão do quanto uma comunidade, que por motivos históricos e econômicos se formou em áreas atualmente decretadas como impróprias, sofre o impacto de perda de sua identidade ao ser classificada socialmente como um problema que precisa ser remanejado.
Além disso, possui uma história que não deve ser ignorada, que se confunde com a criação da rodovia e que vive a mais de 60 anos em situação de vulnerabilidade e não possui esclarecimentos dos órgãos públicos com relação ao seu futuro.

O produto final se baseia, em sua essência, nas narrativas de moradores do bairro, registradas com base na metodologia de história oral, com o intuito de permitir ao público leitor um contato com os pensamentos da comunidade sobre si mesma. Levando-se em conta suas virtudes e dificuldades e permitindo que esses moradores, que nem sempre têm acesso aos meios de comunicação para falar de sua história, ganhem espaço, saindo da invisibilidade e se reconheçam como seres sociais ativos e como formadores do processo histórico brasileiro.

A obra conta com prefácio do jornalista Ricardo Kotscho e é recheada de informações fornecidas por especialistas de diferentes áreas, como os advogados Dojival Vieira e Liberato Manrique e a urbanista Raquel Rolnik.

Serviço:
Lançamento do projeto do livro reportagem: Olhares possíveis – Memórias e Identidades do bairro Cota 400
Data: 9 de novembro, 21h
Local: Auditório Helcio Quaglio, Campus I da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)
Endereço: Av. Goiás, 3.400