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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A identidade do Bairro Cota 400 vira livro

Inauguração da 2ª pista da Via Anchieta (1.953) - Original de Isauro Domingos - Acervo Serviço de Memória da Secretaria de Educação e Cultura de São Bernardo do Campo.

Enquanto em Cubatão, o debate sobre o processo de remoção das cerca de 30 mil pessoas das Cotas permanece interditado -pela miopia e falta de visão da prefeita MR e seguidores e truculência e autoritarismo do Governo do Estado de mãos dadas com a Prefeitura -, surge agora uma luz no fim do túnel.

Os estudantes Caio Caprioli, Lívia Gonzalez, Luciane Brandão, Mayara Tabone e Paula Venâncio, do 4º ano de Jornalismo da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), apresentarão nesta segunda-feira (09/11) o projeto da obra literária Olhares Possíveis – Memórias e identidades do bairro Cota 400 durante evento realizado no auditório Helcio Quaglio, nas instalações do Campus I da Universidade, localizada na avenida Goiás, 3.400.

O livro reportagem busca abrir espaço para a reflexão sobre a relação entre nossas memórias e a paisagem em que vivemos. Para isso, são utilizadas narrativas das histórias de vida dos moradores do bairro Cota 400, localizado entre os quilômetros 47 e 48 da rodovia Anchieta, no meio dos mais de 315 mil hectares que abrangem o Parque Estadual da Serra do Mar, em 23 municípios, entre eles Cubatão, SP.

O bairro é remanescente de um acampamento do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER) e começou a se formar na década de 30 para abrigar os funcionários da obra que culminou na inauguração da via. A maioria dos migrantes que vieram a São Paulo para ajudar na construção da rodovia ficou, inicialmente, instalada ali.
A comunidade, que se caracteriza por abrigar um “conjunto de famílias”, é formada por aproximadamente 640 pessoas, divididas em 275 casas de alvenaria, casas de madeira e casebres de maderite e materiais alternativos no sopé do morro. É considerada uma comunidade que está em área de preservação ambiental, pertencente à Mata Atlântica e em função disso, será remanejada para conjuntos habitacionais em Cubatão, implantados pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

O objetivo da obra não é qualificar nem opinar sobre a decisão da retirada desses moradores de seu espaço, mas sim, levantar a questão do quanto uma comunidade, que por motivos históricos e econômicos se formou em áreas atualmente decretadas como impróprias, sofre o impacto de perda de sua identidade ao ser classificada socialmente como um problema que precisa ser remanejado.
Além disso, possui uma história que não deve ser ignorada, que se confunde com a criação da rodovia e que vive a mais de 60 anos em situação de vulnerabilidade e não possui esclarecimentos dos órgãos públicos com relação ao seu futuro.

O produto final se baseia, em sua essência, nas narrativas de moradores do bairro, registradas com base na metodologia de história oral, com o intuito de permitir ao público leitor um contato com os pensamentos da comunidade sobre si mesma. Levando-se em conta suas virtudes e dificuldades e permitindo que esses moradores, que nem sempre têm acesso aos meios de comunicação para falar de sua história, ganhem espaço, saindo da invisibilidade e se reconheçam como seres sociais ativos e como formadores do processo histórico brasileiro.

A obra conta com prefácio do jornalista Ricardo Kotscho e é recheada de informações fornecidas por especialistas de diferentes áreas, como os advogados Dojival Vieira e Liberato Manrique e a urbanista Raquel Rolnik.

Serviço:
Lançamento do projeto do livro reportagem: Olhares possíveis – Memórias e Identidades do bairro Cota 400
Data: 9 de novembro, 21h
Local: Auditório Helcio Quaglio, Campus I da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)
Endereço: Av. Goiás, 3.400

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