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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Telefonemas na madrugada. Susto e revelação

Sou acordado na madrugada deste domingo (29/11) por chamadas insistentes no meu celular: a primeira, meia noite e trinta e dois minutos (duas vezes); a segunda, meia noite e quarenta e dois minutos; a terceira (duas vezes), três horas e trinta e dois minutos; a quarta, três horas e trinta e sete minutos da madrugada.

Assustados, eu e minha mulher acordamos. Telefonemas de madrugada nunca são bons presságios. Em geral, estão associados à más notícias. É inevitável o susto, o temor de uma notícia ruim – doença grave ou morte na família.

Ainda assustados, eu e minha mulher, não reconhecendo de quem era o número discado que aparecia no visor, decidimos que o melhor seria saber o que se passava e quem era o autor das chamadas. Nos preparamos para o pior. Pedí prá minha mulher retornar à ligação. Três horas e trinta e sete minutos da madrugada.

SUSTO

Do outro lado da linha, o autor das chamadas se revela. Era o jornalista Allan Nóbrega, sobre quem, mais de uma vez, fiz publicamente referências elogiosas. Queria falar comigo.

Minha mulher, sem esconder a irritação, passa o telefone prá mim e do outro lado o jovem jornalista não esconde a preocupação pelo que lera no meu Blog, informação reproduzida na Comunidade Cubatão, em que me solidarizo com ele porque teria sido demitido da Editoria do Jornal da Cidade, por supostas pressões sobre o dono do Jornal em razão da publicação de uma carta de leitor (não identificado) com críticas à Administração.

A diretoria do Sindicato, mobilizada, saiu em defesa do Jornalista com Nota de Repúdio.

Há menos de 15 dias, em contato telefônico, por minha iniciativa para oferecer uma reportagem à propósito do Dia Nacional da Consciência Negra, soubera pelo próprio Nóbrega do episódio. Manifestei minha solidariedade e guardei sigilo. A Nota pública do Sindicato dos Jornalistas Profissionais, contudo, expôs o que até então era comentado apenas nas esquinas de Cubatão e na Banca do Ivo – o ponto preferido dos fofoqueiros de plantão.

DITADO

Parecendo assustado, Nóbrega agradecia a solidariedade, porém, fazia questão de repetir o texto que acabaria por deixar como comentário no próprio blog e em meu e-mail. “Caro Dojival, agradeço a solidariedade, mas preciso fazer uma colocação importante. Posso garantir que a Prefeita Marcia Rosa NADA tem a ver com a minha saída do jornal.Pelo contrário. Tanto a Chefe do Executivo quanto sua família e equipe foram os primeiros a mostrar solidariedade a mim neste caso. Não farei mais comentários sobre esse episódio, que para mim está superado.”

Notei a coincidência da frase repetida “Tanto a chefe do Executivo quanto sua família e equipe foram os primeiros a mostrar solidariedade a mim neste caso”. Parecia um ditado. Ao mesmo tempo em que me acordava na madrugada, Allan já providenciara junto aos moderadores da Comunidade Cubatão, a retirada dos posts.

Refeito do susto, desejei boa noite ao jornalista, pedi que me ligasse depois, se fosse o caso, porque tentaria retomar o sono. Comentei, com minha mulher: “aí tem”.

E tinha, mesmo. Pesquisando o Portal da prefeita Márcia Rosa, encontrei a provável explicação para os telefonemas da madrugada. Allan Nóbrega trabalha para o Portal, e sua assinatura está em várias matérias publicadas.

Não há nada demais nisso. Que Nóbrega trabalhe para a prefeita ou para o jornal da Cidade, não deslustra a sua iniciante trajetória nem o desmerece.

PROMISCUIDADE

Entretanto, o episódio lança luz sobre as relações de promiscuidade entre o jornalismo chapa branca e a Administração Pública. Na esteira das relações promíscuas do principal veículo – o Jornal A Tribuna – que, há décadas, tem contrato com a Prefeitura (o atual, nesta gestão, foi renovado em agosto e teria valores superiores a R$ 1 milhão/ano),criaram-se empresas jornalísticas, que funcionam como espécies de assessoria de Imprensa informais.

Seu papel é esse mesmo: fazer assessoria a quem está no poder. Fazem-se passar por jornalistas, quando estão mais para Relações Públicas.

A VERDADE É A VÍTIMA

O debate público tem sido dirigido por tais veículos, de modo a escolher, quem participa dele e quem não participa. Eu, por exemplo, sou persona non grata; minha participação no debate público é sistematicamente vetada, como já denunciei, mais de uma vez. Durante a campanha, pressionados pela legislação eleitoral, tiveram de abrir espaço, inclusive, para aparentar uma isenção que não têm, nem nunca tiveram.

Há meses, participei do Programa Radar Legislativo, na Rádio Cacique, comandado pelo próprio Nóbrega. Fiz críticas a Administração, apontei erros, fiz propostas. Depois de prometer que exporia a entrevista no Blog que mantém – a exemplo do que faz com todos os entrevistados -, meses atrás soube pelo próprio jornalista que a gravação havia se extraviado e não poderia ser recuperada. Estranhei, mas como procuro agir sempre pautado pelo princípio da boa fé, dei crédito.

Agora, depois dos telefonemas na madrugada, percebo que talvez, não devesse ter dado.
A principal vítima da prática do jornalismo chapa branca tem um nome: a verdade.

P.S. Os horários das chamadas são rigorosamente exatos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Porque é que você não deixa este assunto pra lá?Oque é que você tem a ver com isso?Pare de fazer desse caso uma novela!

Você não tem com o que se ocupar?

vá fazer caridade e pare de expor as pessoas pra você fazer fama

Anônimo disse...

Dojival, pq vc não aluga algum terreninho e faz parcerias para dar aulas de informática para o pessoal carente?

Dojival Vieira disse...

Publico os dois comentários (anônimos, claro), para que as pessoas tenham uma idéia do grau de indigência intelectual que é o padrão de uma certa "inteligentzia" e do tipo de formador de opinião que tem pontificado em nossa triste cidade.
Me abstenho de comentar porque quem não tem a coragem de assinar embaixo do que escreve, revela, de cara, de que tipo de pessoa se trata: mau caráter e covarde.