Mais do que mil palavras, a foto do jornalista Allan Nóbrega mostrando o plenário da Câmara vazio, completamente vazio, fala por si. É auto-explicativa. A força da imagem basta. O vazio físico em um dia de sessão já seria grave. Entretanto, pior é o vazio de idéias.
Cubatão vive um apagão de gestão - no Executivo e no Legislativo. Quem foi eleito prá governar não governa; faz a manutenção de uma estrutura que está de costas para o povo e de frente para os lobbies e grandes negócios e do projeto político/empresarial conduzido pela vereadora Telma de Souza e o deputado Fausto Figueira de Melo.
Vale dizer: o PT do mensalão, dos negócios mal explicados, dos aloprados e dólares na cueca, do Partido que salvou Sarney da degola, dos contratos suspeitos renovados sob a gestão MR, como no caso da Terracom, Planeta etc., do Paulo Okamoto, o mesmo que acabou com o Partido que um dia o PT já foi na cidade, para se tornar, sob Lula, o poderoso homem do Sebrae, com direito a salário milionário e mordomias próprias aos poderosos.
Aliás, nunca se ouviu de Telma e companhia, uma única condenação ao mensalão. Não por acaso, um dos protagonistas do caso – o deputado José Genoíno – já bateu ponto em visita a prefeita MR para manifestar apoio e solidariedade. Em que, não se sabe.
Relata Nóbrega que, na semana passada, os trabalhos sequer começaram porque o líder da prefeita Adeildo Heliodoro (Dinho) disse que "poderiam atrapalhar a aprovação de Projetos de interesse do Executivo". A pergunta que não quer calar: que projetos? Não se tem notícia de nenhum que justifique a obstrução dos trabalhos, em especial, em uma Câmara que tem um orçamento este ano de R$ 34 milhões – maior do muitos dos 5.564 municípios brasileiros.
Onde estão o Plano Salarial e de Carreira para os servidores, com salários aviltados e sobrevivendo de abonos? Onde estão os projetos para retirar a cidade do atoleiro em que se encontra afundada, há anos, por corrupção, incompetência e descompromisso de quem governa com a população.
Enquanto a Câmara deixa de fazer a lição de casa, inclusive, mandando direto para o forno a "pizza" do Caso do vereador Bigode – acusado de vantagens indevidas por acumular cargo de funcionário e função de vereador -, a prefeita envia mais um veto. MR, porém, desta vez, tem razão.
O veto foi a um não-projeto, uma vez que inviável por significar invasão das atribuições do Executivo: a proposta do vereador Alemão, o presidente, de criar estacionamentos de bicicletas em locais públicos.
Não cabe mesmo a vereadores esse tipo de iniciativa e é incrível que alguém, com vários mandatos e ocupando a presidência do Legislativo, onde conta com enorme assessoria jurídica -paga e muita bem paga - não saiba de coisas tão primárias. Vereador não pode apresentar projetos que impliquem em despesa, atribuição reservada ao Executivo.
O mesmo Alemão, depois de cancelar a concorrência para a exploração da TV Legislativa, prá lá de suspeita, emudeceu sobre o caso. Também não diz uma palavra sobre o que pretende fazer para explicar como é que a Câmara gasta R$ 400 mil/ano, só em taquigrafia, contrato antigo, diga-se.
Na falta de idéias: cerca. A Câmara está gastando dinheiro com um cercado, já viram? Que utilidade, quanto está se gastando, também não se sabe.
Só pose
Uma coisa que denuncia o vazio de idéias, é a frequência com que a prefeita MR e vereadores gostam de aparecer em fotografias, fazendo pose. Vejam esta, acima. Nada contra que quem ocupa função ou cargo público apareça. Mas, apareça trabalhando, participando de algum ato, de alguma reunião para discutir assunto importante.
Deixem as poses para as ocasiões sociais, momentos de lazer, relaxamento com a família, no que é, inclusive, um direito, porque não nos diz respeito os gostos pessoais e o estilo de vida de cada um.
Mas, não; são sempre as poses, as velhas poses. Os jornais chapa branca adoram. Sempre poses, as caras insípidas. Dá até prá ver o fotógrafo mandando: "agora, façam x", ou então gritando o clássico: "passarinho...!!!".
Petistas fazem um agrado a Bigode
Curiosamente, no caso Bigode, foi a própria bancada de apoio a prefeita MR quem renunciou o direito/dever à investigação. O pedido foi retirado pela bancada do PT, sob o singelo argumento de que “o Ministério Público pediu explicações ao Legislativo”. Pergunta-se: e daí? O que tem a ver a entrada do MP no caso, com a exigência ética do Legislativo fazer a lição de casa?
Com uma sindicância aberta, apenas para dizer que "o caso está sendo apurado", mas com destino certo pré-definido - o arquivo -, Bigode comemorou o aniversário regado a cerveja, churrasco, e uma festa para 800 convidados na Cota 200, segundo relata Nóbrega. A festa teve um convidado extra: o vice-prefeito do Governo do PT, de S. Bernardo, Frank Aguiar, o “Cãozinho dos Teclados”.
É prá rir, chorar, ou se indignar?
Fico com uma frase que li no twitter do meu filho, Dojival. "A mediocridade pode construir sua muralha mais uma vez....tem problema, não. A gente vai lá e derruba..."
E eu acrescento: e usa as pedras para construir o novo.