Seguidores

domingo, 29 de junho de 2008

Entrevista publicada no Jornal Acontece

Dojival Vieira tem 51 anos (completará 52 em julho) é jornalista, advogado e poeta. Foi Vereador de 1.982 e 1.988, candidato a prefeito por duas vezes (em 1.985 e 1.988), e a vice, nas eleições de 1.992. Fundador do PT com Lula, ainda hoje é lembrado como um dos melhores vereadores que a cidade já teve.
Como vereador colocou o mandato a serviço das lutas populares, sofrendo as conseqüências disso: foi preso e 3 vezes condenado por tentar evitar o despejo de famílias do acampamento B-3 do DER, sofreu perseguições por se colocar à frente da luta dos moradores na Vila São José, Sítio Capivari, nas lutas contra a poluição e por moradia.
A partir de 1.997, foi assessor do Ministério da Educação e consultor da Unesco, atuando como técnico na implementação do Programa Bolsa Escola, transformado em Bolsa Família pelo atual Governo. Ainda como técnico consultor da Unesco foi o coordenador do Programa Diversidade na Universidade, do Ministério da Educação, que tratava do acesso de jovens negros e pobres ao Ensino Superior. O Programa foi a primeira ação afirmativa no país, no âmbito do Ministério da Educação.
Hoje, pré-candidato a prefeito pelo PC do B, Dojival afirma que a cidade vive uma crise sem precedentes em sua história. Mesmo tendo a maior renda média per capita, dentre as cidades da Baixada (superior a mais de 4 vezes a renda média de Santos), ostenta o pior IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. A população vive, na sua grande maioria nas favelas, privada de condições de vida dignas. A riqueza produzida pelo Parque Industrial e que se traduz em um orçamento de cerca de R$ 768 milhões este ano, não tem sido revertida em melhoria das condições de vida da população, a corrupção tornou-se endêmica, drenando parte dos recursos, a classe média incipiente não encontra alternativas e se evade e a cidade, como um todo se esvazia.
Veja a entrevista


1 – Por que você quer ser prefeito de Cubatão?

Dojival – Quero ser prefeito porque minha história de vida está profundamente identificada com a luta do povo de Cubatão. Cheguei com 12 anos, em Cubatão, junto com a minha família, fui entregador de jornais da Banca do Ivo, fui guardinha mirim (patrulheiro do Camp), fui funcionário público, antes de ser vereador e quase prefeito. Acho que o povo de Cubatão precisa de um prefeito identificado com a história de vida da maioria da população, com os seus sofrimentos e com a sua esperança de dias melhores.

2 – Você se sente preparado para ser prefeito?

Dojival – Me sinto hoje muito preparado. Muito mais que há 20 anos, quando disputei e quase ganhei as eleições. Tenho experiência adquirida na luta e nos anos em que trabalhei na esplanada dos ministérios, para dialogar, inclusive com os empresários do Parque Industrial, que se ressentem de uma representação autêntica no Poder Público local, capaz de tratar dos temas que interessam a cidade, em alto nível, colocando em primeiro lugar os interesses da população. Vamos buscar o diálogo com as indústrias. Serei o candidato da Agenda 21. Tenho história e experiência e quero colocá-las a serviço das mudanças que há décadas vem sendo adiadas. Como o senador Barack Obama, que será não apenas o candidato democrata, mas o próximo presidente dos Estados Unidos da América, o primeiro presidente negro, eu quero fazer um chamado ao povo de Cubatão, aos humildes, aos que só são lembrados nas épocas de eleição. Chega da velha política, chega da enganação e das promessas. “Sim, nós podemos. Nós podemos e vamos virar essa página triste da história de Cubatão.

3 – Quais serão as prioridades de sua Administração à frente da Prefeitura?

Dojival – O nosso programa vai propor um Plano factível de Geração de Emprego e Renda, voltado a transformar Cubatão em um pólo turístico regional e estadual. Vou colocar Cubatão no mapa turístico da região e do Estado, com o aproveitamento dos enormes recursos para o turismo ecológico existentes no Parque Estadual da Serra do Mar. Vou fazer isso, por meio de parcerias com a iniciativa privada, das parcerias público privadas, buscando o aproveitamento das belezas naturais (cachoeiras, áreas para o rapel, o arvorismo, o enduro a pé) existentes em grande quantidade na serra do mar. A cidade não pode viver só do Parque Industrial como alternativa de trabalho e renda. Nenhuma Administração até hoje pensou no enorme potencial turístico, inclusive não apenas do turismo ecológico, mas do turismo histórico com o a Estrada Velha do Mar, hoje fechada, por absoluta ineficiência e desinteresse dos seguidos governos.
Na área ainda da geração de emprego, quero trazer para Cubatão, também em parceria o Pólo da indústria têxtil e calçadista que utiliza o porto de Santos para exportar e que, tem interesse natural em reduzir seus custos, instalando-se em Cubatão. Temos áreas. A Fabril, por exemplo, ao invés de ter suas casas se deteriorando como se encontra hoje, poderia servir a instalação de um Pólo desse tipo, gerando-se emprego, especialmente para a mão de obra feminina.
Mas também, quero aproveitar o potencial de geração de riqueza que temos nos manguezais ainda preservados para a produção de pescados (caranguejos, siris, ostras, mariscos etc). Ao lado direito da Rodovia dos Imigrantes, no Rio Branco, temos uma área de mangue preservada, que pode servir para a produção de pescados em larga escala, para abastecer os restaurantes da Baixada Santista, que hoje se abastecem de regiões como Iguape e Cananéia, há três horas de viagem. Temos aqui todas as possibilidades de nos tornarmos uma fonte de produção de pescados, gerando empregos para a população de baixa renda, especialmente.
O que é mais importante, é que com a mais absoluta preocupação, tanto no caso do Parque Estadual da Serra do Mar, quanto nos mangues, com a preservação do Meio Ambiente.
Teremos um programa pioneiro na Educação, valorizando o professor, adequando o currículo a realidade local, por meio de projetos pedagógicos compatíveis com a realidade de Cubatão. Vou incluir Inglês e Espanhol, no currículo das escolas de ensino fundamental, para que a criança aos 15 anos, saia fluente em inglês e espanhol, o que significa melhorar sua auto-estima e ajudar a colocá-la no mercado de trabalho de tradutor/intérprete. Na saúde, vou valorizar a medicina preventiva, promessa que não foi cumprida na atual administração, criando a figura do médico de família e equipando os Postos de saúde para que os pobres sejam atendidos com a mesma dignidade com que hoje é atendida a classe média que paga planos de saúde.
Enfim, vamos ter propostas para o transporte, para a urbanização das favelas, estimulando o desenvolvimento local, para a juventude que precisa ter políticas de lazer e entretenimento hoje inexistentes, para o funcionalismo público e para as mulheres e negros que correspondem a maioria da população trabalhadora, hoje vivendo em condições muito precárias.


4 – Há uma preocupação grande na cidade com o fato das principais autoridades, o prefeito, os juízes, os delegados, promotores, não morarem na cidade. Como você vê isso?

Dojival – Essa é uma questão importante, sim. Vou transformar a Light, a Usina Henry Borden, em área residencial administrativa para moradia das autoridades, como prefeito, secretários, juízes e delegados. Vou dar o exemplo: acho que o prefeito tem obrigação de morar na cidade, bem como seus secretários. As demais autoridades, tenho certeza, a partir desse exemplo, e com a cidade melhorando em todas as áreas, também virão, e o farão espontaneamente.

5 – Cubatão é vista como uma cidade dormitório, o que acaba desestimulando as pessoas a fixarem residências, inclusive parte do funcionalismo público. Como você pretende mudar essa realidade?

Dojival – Quero, em parceria com o Parque Industrial, promover a maior campanha de incentivo a fixação de residência em Cubatão, por parte dos trabalhadores do Parque Industrial. Hoje cerca de 53% dos trabalhadores do Parque, moram fora, nas periferias de Santos, São Vicente, Praia Grande e Guarujá. Enquanto isso, há um estoque de moradias nos melhores bairros da cidade, como Casqueiro e Vila Nova, que permanece vazio e ou é utilizado para alojamentos de empreiteiras. Hoje a cidade está tomada por alojamentos, o que encarece o valor dos aluguéis e contraria, inclusive a lei de zoneamento da cidade, comprometendo a qualidade de vida e prejudicando a população.
Vou como prefeito criar o Sistema de Locação Social e vou convidar os empresários a participarem dele.Vamos mostrar para os cosipanos, os petroleiros, ou seja, todos os trabalhadores do parque industrial, que poderão morar em Cubatão pagando aluguéis simbólicos com compromisso de compra do imóvel, com a vantagem de ganharem de duas a três horas por dia para ficarem com a família. A conseqüência de medidas como essa – que não custam nada para o município e ou custam muito pouco – é que nós vamos mudar o perfil sócio econômico da população. Esses trabalhadores tem maior poder aquisitivo e morando na cidade, aquecerão o comércio e vão gerar emprego. Ou seja todos ganham, inclusive, o empresário. Um trabalhador com melhor qualidade de vida, mais feliz, produzirá mais. Claro que são medidas que devem estar integradas em um Plano de Desenvolvimento para retirar a cidade da situação de abandono em que se encontra.

6 – O PC do B fará alianças com algum partido?


Dojival – Nós estamos abertos a fazer alianças e coligações tanto na chapa majoritária quanto na proporcional. Temos conversado com algumas lideranças, temos a expectativa de que essas conversas avancem. Mas, não tenho dinheiro para comprar o apoio de ninguém, é preciso que fique claro. Lamentavelmente, a distorção do que significa fazer política, levou muita gente a achar que acordo político, aliança, significa a compra de apoio. O PC do B quer o apoio de outras forças comprometidas com as mudanças porque tem a melhor proposta, o melhor programa e, modéstia à parte, o melhor candidato. A coligação que queremos é fundamentalmente com o povo, que é o maior interessado em ganhar as eleições para ter um Governo capaz de mudar e melhorar a vida das pessoas.

7 – Qual será a sua estrutura de campanha?

Dojival – É preciso rechaçar de vez a idéia de que só se pode disputar eleições com dinheiro, com muito dinheiro. Pois eu afirmo que é possível disputar e vencer eleições com propostas, conversando com o povo, apresentando as nossas idéias. Precisamos abandonar a idéia de que alguém para se eleger precisa de dinheiro, muito dinheiro. Nós estamos numa democracia, não numa plutocracia, típica do final do século XIX e início do século XX, na República Velha, quando o cidadão para ser votado, media-se a fortuna que detinha. Estamos no século XXI, num estado democrático de direito, conquistado à duras penas depois de uma ditadura, que eu tenho o orgulho de ter combatido. Os que construíram o PT, como eu, sabe o que é enfrentar uma ditadura, as perseguições os sofrimentos. Conquistamos a democracia, exatamente para que um guardinha mirim, um entregador de jornais, assim como Lincoln, que foi um lenhador e se tornou um dos melhores presidentes nos EUA, se torne o primeiro prefeito de Cubatão verdadeiramente nascido do povo e das suas lutas por Direitos e por Justiça. Nesse sentido me considero o azarão desse páreo aquele que com pouco fará mais e melhor.

8 – Como o senhor está acompanhando o Projeto do Governo Serra, em parceria com a Prefeitura de remover os cerca de 30 mil moradores das cotas?

Dojival – Nos opomos ao Programa que pretende remover os moradores, negando os seus direitos mais elementares, tratando-o como invasor, como vinha fazendo o Governo do Estado. O Programa de Recuperação da Serra do Mar, pode ser assumido e defendido pelos moradores, se levar em conta os seus direitos, direitos a que a população não está disposta a renunciar. Infelizmente, preocupado apenas em atender os interesses da Ecovias, das empreiteiras e empresas de terraplenagem e a sua pretensão de incluir o Programa na sua campanha de candidato à Presidência em 2010, o governador José Serra, pretendeu ignorar essa verdade elementar: não se pode remover 30 mil pessoas (o número total chega a cerca de um quarto da população da cidade, incluídas as Vila dos Pescadores e Vila Esperança), por decreto, ignorando-se os direitos de quem está na mira da remoção e também o impacto que essa remoção vai provocar em outros bairros como o Casqueiro, por exemplo.
A partir de fevereiro, quando fizemos no dia 12, a primeira reunião com os representantes do Governo (o saudoso deputado Rubens Lara, falecido, e o coronel Elizeu Eclair), essa situação começou a mudar. Estamos construindo o diálogo com o Governo, criamos um Comitê que é formado por todos os presidentes de sociedades de melhoramentos e lideranças comprometidas em unir o povo para assegurar seus direitos. Estamos lutando para garantir os direitos da população, de quem vai ficar e de quem vai sair. Não nos opomos a que saiam as famílias que, comprovadamente estejam em áreas de risco; porém, devem sair com direitos, devidamente indenizadas. Temos uma proposta concreta que já está nas mãos do governador José Serra. Quem vai ficar, também deve ter os seus direitos assegurados, não como pretende o Governo, que quer que paguem prestações pelo direito de ficar, famílias que estão, em alguns casos há mais de 40 anos, residindo nas cotas.

9 – Qual será a sua posição em relação aos funcionários públicos?


Dojival – Teremos uma política de recuperação das perdas salariais, especialmente, para as categorias que menos ganham; de valorização dos servidores, por intermédio de programas de capacitação permanentes; com plano de carreira que valorize a condição de servidor público. O servidor público é servidor do povo. Tem de ser bem pago, valorizado, para ser cobrado porque do seu desempenho depende o bom atendimento da população.

10 – Como será a participação popular numa possível administração do PC do B?

Dojival – Queremos construir em Cubatão um Governo democrático e popular com a participação de todas as forças do povo, da classe média, dos profissionais liberais, dos setores da indústria, que tem interesse numa administração séria, comprometida com a melhoria das condições de vida da população. Farei audiências públicas permanentes nos bairros, ouvindo, juntamente com os meus secretários e assessores os anseios da população.

11 – Como pretende responder aos questionamentos sobre a sua saída do PT e a controvertida aliança que uniu o PSB, partido do qual foi vice, com o PDT de Armando Campinas, com o apoio do então prefeito Nei Serra?

Dojival – Na verdade, fui vítima de uma tentativa de assassinato político do único patrimônio que tenho: a minha reputação. As forças mais conservadoras da cidade, com a indispensável ajuda do PT, à época, desencadearam contra mim uma campanha de destruição em massa, usando a mentira, a calúnia, e a difamação mais torpes. Pretendiam eliminar de vez do cenário político, uma liderança autêntica comprometida com os mais humildes, com os mais pobres. Perderam, porque resisti a toda a campanha de calúnia com muita dignidade. Fui trabalhar em Brasília, adquiri experiência como técnico do Ministério da Educação, como consultor da Unesco, ajudei a fazer o Bolsa Escola (agora Bolsa Família, em todo o país), ajudei, como técnico do MEC, na campanha Toda Criança na Escola, que fez com que o Brasil tenha hoje 97% das crianças de 7 a 14 anos em sala de aula, com o ex-ministro Paulo Renato. E voltei. Voltei para fazer justiça.
Os que tentaram me destruir politicamente perderam, inclusive, o próprio PT, partido que tenho a honra de ter fundado junto com o Presidente Lula, me convidou em decisões do seu Diretório em 2.003 e eu voltei para o Partido, porque entendia que tinham entendido a injustiça praticada contra mim. Infelizmente, na volta, percebi que o Partido não era mais o mesmo que fundamos na década de 70 e preferi me afastar, esperar o momento adequado para assumir o PC do B, que é um Partido da base de apoio do presidente Lula e com uma história de 85 anos de luta ao lado do povo brasileiro.
Os que tentaram a minha destruição política esqueceram que sou o único político de Cubatão, que renunciou a aposentadoria do IPESP, que foi preso, condenado a dois anos de prisão e perseguido por defender o povo nas suas lutas por melhores condições de vida. Na vida S. José, no Capivari, na luta por emprego, moradia, contra a poluição. Sou o único político que lutou a vida inteira por moradia para os outros e continua pagando aluguel. Conquistei o direito de andar de cabeça erguida, e esse é o meu maior e único patrimônio. Essas coisas o povo não esquece. E eu não tenho dúvidas que no dia 05 de outubro, o povo de Cubatão vai em peso às urnas fazer justiça, com seu voto.


Dojival Vieira
Candidato a prefeito pelo PC do B/Cubatão

Um comentário:

Anônimo disse...

tive o prazer de conhecer o dojival pessoalmente,e percebi nele uma pessoa dedicada as causas humanitárias,não por estrelismo,mas,sim,por convicção e acreditar no ser humano.desejo toda a sorte do mundo para o dojival e caso venha a vencer seja um bom prefeito.