S. Paulo - O ex-senador Eduardo Suplicy foi detido quando tentava impedir uma reintegração de posse nesta segunda-feira, na cidade de S. Paulo. Suplicy se deitou no asfalto tentando impedir o avanço da tropa da PM, que cumpria um mandado da Justiça. A cena parece ter sido desenhada para provocar impacto na mídia.
Eu também já fui preso, quando vereador em Cubatão, em 1.986, quando tentei evitar um despejo e o cumprimento de uma ação de reintegração de posse no Acampamento B-3 do DER. Me sentei no chão do barraco, junto com o seo Marcolino, um aposentado do DER, com graves problemas de saúde. Fui levado, algemado para o Fórum e, posteriormente, condenado a três meses e 15 dias de prisão por desobediência à ordem judicial. Perdi minha primariedade, só recuperada dois anos depois com a reabilitação, embora não tenha cumprido pena beneficiado por sursis - suspensão condicional da pena - prevista na chamada Lei Fleury.
Não me arrependo. A minha prisão no episódio faz parte da minha história política e, creio, contribuiu para que o Governo do Estado adotasse a solução adequada: a construção de prédios no chamado Acampamento B-3 para os moradores da área.
Duvido que Suplicy seja processado e muito menos que seja condenado.
Há uma diferença básica entre as duas situações: quando tentei impedir a reintegração de posse estávamos ainda sob as sombras da ditadura - antes da Constituição de 1.988. A outra é que, no caso do gesto de Suplicy, quem pediu a reintegração de posse foi o próprio prefeito Fernando Haddad, do seu partido, o PT, e a alegação oficial é de que o terreno oferecia risco aos moradores.
Fico me perguntando porque o senador, ao invés de se deitar no chão e forçar sua própria detenção, não se dirigiu ao gabinete do prefeito do seu partido para pedir que o mesmo oficiasse ao Tribunal de Justiça pedindo a suspensão da reintegração de posse.
Teria sido mais efetivo e consequente.
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