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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sai Piracicabana, entra Viação Bom Jesus

Está confirmado: a partir do mês que vem, sai a Piracicabana que, por meio judicial conseguiu a interrução do contrato e ainda sai levando como prêmio cerca de R$ 17 milhões da Prefeitura, e entra a Viação Bom Jesus.

A Bom Jesus ganhou a concessão para explorar o transporte coletivo em caráter emergencial por seis meses, contrato que poderá ser estendido por mais seis meses. A nova empresa fica de junho até dezembro, e o contrato poderá ser estendido até junho de 2.010.

Dos novos donos da concessão, pouco ou quase nada se sabe; apenas que a Administração utilizou-se da própria sentença que declarou interrompido o contrato com a Piracicabana e que manterá tarifa de R$ 2,00, comprometendo-se a utilizar ônibus mais novos dos que os utilizados pela empresa que sai. Também não está esclarecido qual o grau de ligação que tem com o detentor do monopólio do transporte coletivo no Brasil, Nenê Constantino. Fontes ligadas à empresa negam ligação com o dono da Gol.

Também não está definido se a administração extinguirá o SIT - o Terminal de baldeação criado na Administração anterior para aumentar os lucros da Piracicabana e que só piorou a qualidade do transporte, aumentando - e muito - o tempo de espera para os passageiros. A prefeita prometeu extingui-lo no primeiro mês de mandato, porém, além de não cumprir a promessa, agora mostra-se reticente.

O padrão visual da frota poderá ser o mesmo que a Administração Márcia Rosa vem utilizando para pintar os cruzamentos das principais vias com as cores branca e vermelha, por coincidência (apenas por uma simples coincidência), as cores do Partido dos Trabalhadores.
Vem aí, portanto, muito provavelmente, os vermelhinhos, os ônibus da Viação Bom Jesus, a nova concessionária.

MAIS DO MESMO

O interessante é que a nova Administração não diz uma palavra sobre as propostas relacionadas às alternativas ferroviária, hidroviária, e cicloviária. No caso das ferrovias, as duas estações que poderiam ligar Cubatão a Santos e a Cosipa, continuam desativadas. Mais ainda: a malha ferroviária, usada apenas para transporte de carga, poderia ligar Cubatão a São Vicente, Praia Grande e ao Litoral Sul.

No caso da matriz hidroviária, balsas poderiam ligar a Santos, a Cosipa e a São Vicente, de forma mais rápida e mais barata, desafogando as congestionadas vias de transporte.

Com relação as ciclovias, a cidade é plana, as distâncias são curtas, e poderiam ser utilizadas como um eficiente e barato meio de transporte.

Nada disso, contudo, é levado em conta.
O que conta mesmo é a transferência de contrato de uma empresa que explora o transporte coletivo apenas para o lucro, para outra, com a mesma finalidade. A proposta de criação de uma Empresa de Transporte Público - bandeira que sempre foi defendida pelo PT - é solenemente ignorada, mesmo se sabendo que a maioria dos funcionários da ex-ECTC, hoje estão na CMT, apenas com a função de aplicar multas aos motoristas na Av. 9 de Abril.

Repito o que já disse: Cubatão, com o orçamento que tem, com crise e tudo, pode subsidiar o transporte público de passageiros cobrando a tarifa simbólica de apenas R$ 1,00. Em todas as
capitais européias, que são as mais ricas do mundo, os cidadãos pagam, em média, metade do valor real da passagem.

Buena Vista Social Club

Em janeiro de 2000, conheci Havana ao participar do Festival de Poesia e Artes, representando oficialmente o Ministério da Educação. Lá lancei o livro "Carta aos Náufragos" e tive oportunidade de ler o meu poema "En las calles de Habana", que está no livro, em La Casa de las Américas, fundada em 1959, e que se constitui em um ponto de referência cultural da América Latina e Caribe. A Casa promove a arte e a literatura tendo como princípio a integração da região. Durante os anos em que Cuba vivia total embargo econômico e político a Casa serviu como ponte entre a ilha e o mundo. Foi uma experiência inesquecível.

Na época, Wim Wenders, o cineasta alemão, que entre outras coisas dirigiu o clássico "Paris Texas", lançava o Buena Vista Social Club, projeto de Ry Cooder, o músico americano, que permitiu a músicos cubanos no ostracismo, como Ibrahin Ferrer, Compay Segundo (ambos já mortos) excursionarem e se tornarem conhecidos mundialmente.
Veja o Vídeo do Buena Vista Social Club -Chan Chan.


terça-feira, 26 de maio de 2009

Largo do Sapo virou páteo de containeres. Tombamento já!



O Largo do Sapo, marco inicial da cidade, e onde ainda restam algumas poucas casas que lembram o período colonial, vai acabar de vez, porque, sob os olhares cúmplices e lerdos das autoridades eleitas – em especial prefeita e vereadores – foi transformado em páteo de contaneires à céu aberto. Funciona na Travessa José Vicente, em frente ao Centro Guará Vermelho de Estudos Ambientais.

Leis da legislatura passada, aprovadas pela Câmara, sob os olhares omissos da então vereadora e agora prefeita e sua bancada - as de nº 50/07 e 54/08 – permitem essa aberração: a instalação de um páteo de containeres em um local – que pelo significado histórico que tem – deveria ser imediatamente tombado e preservado.

A denúncia é do ator e diretor de teatro, Lourimar Vieira, que já levou o caso à Cetesb, à Polícia Florestal, DPRN, CMT e à própria prefeita, por meio do processo 10006/09. Há também um Inquérito Civil aberto pelo Ministério Público, de nº 27/09. Lourimar, com razão, pede socorro. “O Teatro me ensinou que quando alguém te bate, você deve gritar. Eu grito: Socorro! Salvem o Largo do Sapo!”.

Segundo Lourimar, “a prefeita sabe do problema, pois desde o início do ano o processo está tramitando. “Já falei com ela pessoalmente. Não pode tráfego de caminhões de containeres dentro da cidade. Se as pessoas de bem não entenderem isso, Largo do Sapo será totalmente destruído. Não posso fechar meus olhos para um problema tão sério”, conclui.

Nem se pode dizer que a violência contra o patrimônio histórico esteja sendo praticada às escondidas ou na calada da noite. Quem passar pela Ponte sobre o Rio Cubatão sentido centro-indústrias), pode ver do lado direito um monte de containeres quase dentro do Rio Cubatão, desresepeitando,inclusive a legislação ambiental,45 metros para dentro da área de preservação.

O interessante é que, justo a prefeita Márcia Rosa, foi uma das líderes do Movimento dos moradores do Casqueiro para impedir a implantação de containeres no bairro, lembram? Enquanto lutava para impedir lá – avalizou pelo silêncio ou omissão – um crime que é a destruição de uma área histórica, a ser tombada e preservada.

Na Câmara – que diante da política da atual administração de emparedar vereadores para cooptá-los por meia dúzia de “carguinhos” na Prefeitura – move-se com a velocidade de uma tartaruga cansada, o vereador Paulo Tito,da base do Governo,pediu providências para alterar as leis feitas de encomenda para atender os interesses das transportadoras.

Poderia ter ido além: ele próprio apresentado projeto de lei revogando a autorização para containeres no Largo do Sapo, porque isso o próprio Legislativo pode. Como “jaboti não sobe em árvore”, até que as leis que permitem o páteo de containeres no Largo sejam revogadas, continuarão falando alto interesses das empresas de containeres e transportadoras.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Ponto de transbordo de carga e descarga, de passagem e descanso, o Largo do Sapo, anteriormente chamado Passagem de Cubatão (atual Praça Coronel Joaquim Montenegro) faz parte da história da cidade, desde 1.713. Em 1.643, Cubatão, havia padres jesuítas que habitavam e dominavam as terras que margeavam o rio; haviam recebido da Coroa o direito de explorar a baldeação de uma margem à outra. Esse privilégio foi depois estendido a toda navegação até Santos, e passaram a monopolizar impedindo a concorrência de outros particulares.

Assim, instalaram uma espécie de alfândega, sendo obrigatório o pagamento de um pedágio (pessoas e mercadorias) para quem precisasse atravessar, além de alugarem botes e canoas. É aí que surge o embrião do que viria a ser a cidade.

Essa situação continuou até 1.759, quando os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas Colônias, e substituídos colonos da Ilha dos Açores, que se instalaram na fazendas e receberam os títulos das respectivas sesmarias: os cinco Manuéis – Manuel Antônio (o primeiro, em 1.814), Manuel do Conde, Manuel Espínola Bittencourt, Manuel Raposo e Manuel Corrêa.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O caso das Cotas e o bode na sala


Não devem ser levadas à sério as declarações dos Secretários Gerson Rozo, chefe de Gabinete, e Wagner Moura, de Obras, no caso das Cotas, Água Fria e Pilões. Como também constitui a expressão da mais deslavada hipocrisia a demonstração de solidariedade às famílias que permanecem numa espécie de prisão domiciliar, impedidas de reporem até telhas de suas casas.

O Governo Márcia Rosa fez a opção por manter a parceria com o Governo do Estado que prevê a remoção de cerca de 30 mil pessoas desses bairros, a um custo de R$ 700 milhões, para as áreas próximas ao Casqueiro e Parque São Luiz, atitude idêntica ao Governo Clermont.

As declarações do secretário/empreiteiro/corretor Wagner Moura, de que “até mesmo a Prefeitura necessita de autorização dos responsáveis pelo programa para efetuar intervenções de maior porte, como recuperação total de ruas e melhorias no sistema de iluminação pública”, é uma vergonhosa renúncia à autonomia que a Constituição atribui ao Município, ente federativo como o Estado e a União. O secretário parece ignorar que não existe relação de hierarquia ou subordinação a entes federativos que são, por natureza, autônomos.

Prometer apoio à população desses bairros, neste contexto, não passa de retórica gasta. Se essa fôsse, de verdade, a posição desse Governo o único caminho, a única atitude, seria o rompimento dessa parceria sinistra com o Governo do Estado – a quem o PT faz oposição ferrenha nos planos federal e estadual -, para recolocar as coisas nos seus devidos lugares.

Esse Plano de Recuperação Sócio-Ambiental da Serra do Mar, o nome pomposo desse malfadado projeto, atende apenas e unicamente aos interesses da Ecovias, que quer a área livre para a construção da terceira pista da Imigrantes e às grandes empreiteiras e construtoras, de olho gordo em contratos milionários, estimados em cerca de R$ 419 milhões, cuja licitação foi aberta em junho do ano passado.

Para a população das Cotas, os “pombais” e um carnê para pagamento em 25 anos de uma dívida a perder de vista. Para os moradores do Casqueiro, Jardim São Luiz e Ponte Nova, a deterioração das condições de vida pelo aumento da densidade demográfica sem novas escolas, postos médicos, e condições de infra-estrutura urbana.

ENCENAÇÃO

A encenação da prefeita com os moradores não é de hoje. Começou no ano passado com uma Comissão Especial de Vereadores (CEV), transformada em bandeira eleitoral. A Comissão, claro, era apenas uma cortina de fumaça. Durante a campanha a prefeita disse nos seus programas eleitorais que a população poderia ficar tranqüila que “iria ver direitinho” o que seria feito. Só quem acredita em duendes pode ter ainda alguma ilusão.

A postura do Governo Márcia Rosa em relação às Cotas faz lembrar a história do bode na sala. Ao ouvir os reclamos de seus muitos filhos sobre as precárias condições em que viviam, o lavrador não teve dúvidas: trouxe o bode do quintal para a sala. Durante um mês, a vida que já era ruim se transtornou em um inferno. Após este período, o lavrador voltou o bode para o quintal. Seus filhos se convenceram de que suas vidas eram as melhores do mundo. É o que tentam fazer os dois secretários: prometem tirar o bode da sala.

domingo, 17 de maio de 2009

Aos que se foram e aos que virão!

Aos verdadeiros lutadores sociais, aos revolucionários de todos os tempos que se miram no exemplo heróico de figuras como Salvador Allende. A todos os homens e mulheres, jovens e velhos, que sabem que "a vida só é possível reiventada", como dizia Cecília Meireles. Aos que, em Cubatão, em S. Paulo e no Brasil, não se renderam às ilusões e à mentira e sabem que as mudanças só acontecem quando o povo é protagonista dos processos sociais e tem líderes capazes de dedicar à vida a luta por transformações estruturais na sociedade. Vejam os vídeos.


sábado, 16 de maio de 2009

MP apura desvios no Teatro. A “casa caiu”.


Na foto, a "placa de inauguração", em janeiro de 2.008

Repousa sobre a mesa do promotor Rodrigo Fernandes Dacal, da Justiça e Cidadania de Cubatão, o inquérito civil 33/08, que apura irregularidades no uso dos R$ 2 milhões investidos pela Petrobrás no ralo de dinheiro público que é o Teatro Municipal. A estimativa é de que cerca de R$ 30 milhões já tenham sido consumidos ao longo de mais de 20 anos. Dinheiro público, claro.

O inquérito – que já tem dois volumes e mais de 100 páginas -, contudo, apura apenas o escândalo mais recente: onde foram parar os cerca de R$ 2 milhões de um total de R$ 4 milhões, investidos pela Petrobrás, com base na Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e administrados pela ONG TUPEC e pela Terracom - contratada para fazer a administração da obra no primeiro andar - e que serviu para fazer de conta que havia Teatro. Na verdade, sim, havia Teatro, mas de outro tipo: tapeação, encenação da pior qualidade, à custa de dinheiro – muito dinheiro – público. Trata-se do Teatro mais caro do mundo.

O inquérito foi aberto por conta de uma representação protocolada pelo ex-tesoureiro da TUPEC, Pedro Antonio Lopes, com denúncias graves de irregularidades e desvios. A mídia chapa branca, tendo à frente o principal jornal impresso – o A Tribuna – não acompanha, nem noticia, mais preocupada que está na renovação do contrato com a Prefeitura. Lopes, o ex-tesoureiro, não poderia ser pessoa mais insuspeita para fazer a denúncia de desvios porque era o responsável pelo caixa.

Na investigação, o MP já apurou que há irregularidades, sim. Há notas fiscais com valores que não batem, possivelmente adulteradas. Convencido de que o cenário apontado na denúncia e primeiros depoimentos nada tem de róseo, o promotor oficiou a Petrobrás pedindo para que a estatal cancelasse o repasse dos R$ outros 2 milhões, que já estavam, inclusive, aprovados pela empresa, que não se sabe como, já havia também aprovado a prestação de contas do primeiro repasse, agora sob investigação.

Mais cenas da "inauguração". Não faltaram ilustres

Agora o promotor Dacal estuda pedir a quebra do sigilo bancário do próprio Edson Carlos da Silva, o Bombril, o presidente da TUPEC. No mês passado, Bombril correu ao gabinete da prefeita para pedir socorro, depois de o Teatro de fachada ter sido depredado por ladrões que levaram o que restava. Disse que não tinha condições de manter-se na gestão e pediu que a Prefeitura assumisse os encargos. Mais uma vez, diga-se de passagem. Porque foi assim que o elefante branco vem sendo empurrado com a barriga às custas de dinheiro público.

Estranhamente, a prefeita, o recebeu e chegou a reunir secretários para tratar do assunto como se estivesse diante de assunto de Estado.

Na madrugada desta sexta-feira, os interessados em jogar o escândalo para debaixo do tapete devem ter dormido mal: é que apesar do esforços de gente graúda – incluído o próprio Lula que mandou ministros desesperados madrugarem pendurados a telefones – o Governo não conseguiu barrar a CPI da Petrobrás, proposta pelo senador Alvaro Dias, do Paraná. A CPI, entre outras coisas, vai apurar patrocínios culturais da Petrobrás – todos estranhamente para petistas e aliados, como foi o caso dos R$ 2 milhões no elefante branco da Avenida Nove de Abril.
As bondades da Petrobrás, com dinheiro de isenção fiscal (portanto, público), que permitiram a empresa desembolsar R$ 4 milhões – R$ 2 milhões dos quais – salvos em face da ação do Ministério Público – se inserem no esforço companheiro da estatal que permitiu iguais patrocínios a realização de festas juninas na Bahia – R$ 1,4 milhão – dinheiro repassado a 26 municípios pela vice-presidente do PT do Estado, Aldenira Sena, conforme denúncia do jornal Folha de S. Paulo.

No caso de Cubatão, embora não petista, Bombril, do PMN, chegou a se anunciar como pré-candidato a prefeito. Desistiu sem dizer porque e apoiou a prefeita Márcia Rosa, a quem – claro – correu a pedir socorro diante da sensação iminente de que “a casa caiu”.

Com o Inquérito Civil sobre os R$ 2 milhões adiantado, o promotor Dacal receberá na próxima semana, mais uma representação que pede a continuidade das investigações e o seu aprofundamento, no sentido de que se apure também onde e em que bolsos foram parar os estimados R$ 30 milhões, gastos até agora em sucessivas administrações que foram empurrando o problema com a barriga até que o Elefante chegasse onde chegou: estacionasse na Nove de Abril, onde jaz. Edístio Dias Rebouças Filho, o autor do hino de Cubatão, homenageado com o nome desse verdadeiro escândalo à céu aberto, não merecia isso.


segunda-feira, 11 de maio de 2009

Liga agiu por vontade própria

O ultramaratonista Alexandre Sartorato nada tem a ver com a posição assumida pela Liga Cubatense de Artes Marciais (LCAM) e a oposição da entidade ao Secretário de Esportes, José Moraes Lucas, o Zé Moraes.

O esclarecimento foi feito pelo próprio presidente da entidade, Carlos Alberto Cruz, que garantiu que Sartorato em momento algum liderou qualquer iniciativa nesse sentido. “Agimos por vontade própria e não desejamos que o mesmo seja mal visto por nossas ações”, afirmou Cruz.

Veja, na íntegra, o comentário enviado ao Blog pelo presidente da Liga Cubatense de Artes Marciais: "Dojival, por gentileza, gostaria que não vinculasse o nome do Sartorato às nossas manifestações pois o mesmo em nenhum momento nos incitou a isso. Agimos por vontade própria e não desejamos que o mesmo seja mal visto por nossas ações. Obrigado mais uma vez.

domingo, 10 de maio de 2009

Sob pressão e ameaça de perder o cargo Zé Moraes volta atrás

Pressionado por lideranças do Esporte, em especial pela Liga Cubatense de Artes Marciais (LCAM), e aconselhado pela prefeita Márcia Rosa a não bater de frente com setores da base que a apoiou na campanha, o secretário de Esportes, José Moraes, passou a assumir, em público, a postura “paz e amor” e adotar discurso de conciliação com os setores com os quais se incompatibilizou.

A nova postura do Secretário foi assumida em entrevista ao Reação Popular – jornal editado por lideranças do PT, que é uma espécie de porta-voz oficioso da Administração. “As regras do jogo mudaram”, proclamou o secretário em entrevista publicada na edição de 08 de maio do jornal.

A mudança foi notada pelo presidente da LCAM, Carlos Alberto Cruz, que havia assinado o Manifesto denunciando Moraes de ter caído de “pára-quedas” e de não está apoiando “as mínimas iniciativas esportivas em nossa cidade, nos receber muito mal e nos tratar muitas vezes com desrespeito”.

"Vocês vieram aqui pedir dinheiro e não tem" virou "Me apresentem um projeto sério que a Prefeitura, não o Zé Moraes, atende". “As entidades de Cubatão tem que aprender a gozar com o próprio #*# e não com o #*# da Prefeitura” virou "Com projetos sérios, dentro da orientação do governo e documentação e situação fiscal corretas, o apoio sai". "...e será distribuída a verba para atleta que tenha condições de adquirir uma medalha." virou "a preocupação neste momento não é com resultados, é formar novos atletas...", observa Cruz, assinalando a mudança de discurso.

TRÉGUA

O presidente da LCAM disse esperar que a mudança de postura não passe de “um simples discurso meticulosamente ensaiado e que exista mesmo ações a favor do esporte, porque nossa cidade, é um celeiro de atletas e merece esse reconhecimento.”

Segundo Cruz, a Liga dará uma trégua nas críticas, porém, se manterá alerta. "Vamos dar uma trégua nas críticas e nos focar em desenvolver nossos trabalhos, mas acompanharemos o desenrolar dos fatos e estaremos sempre prontos para nos manifestar".

O movimento de pressão sobre Moraes começou a ser visto com preocupação pelo gabinete da prefeita, desde que a Liga entregou um Manifesto em que considerava a nomeação do Secretário de Esportes um "grave erro" e pediu a sua exoneração. No Manifesto, a Liga fez elogios a postura do maratonista Alexandre Sartorato, visto como mais afinado com a área de esportes.

Sartorato foi um dos líderes da campanha de Márcia Rosa e era visto como o nome indicado para ocupar o posto. A prefeita, porém, preferiu Moraes e ofereceu a Sartorato uma diretoria, o que não foi aceito pelo maratonista que se julgou preterido.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Governo Márcia Rosa e a política de abonos

A prefeita Márcia Rosa assumiu que não tem mesmo política para os servidores municipais de Cubatão, além de dar continuidade a política do governo anterior. Ao invés de garantir a reposição das perdas salariais dos servidores, acabar com os privilégios da meia dúzia de marajás e adotar um Plano de Cargos e Salários para reduzir as diferenças entre os maiores e os menores salários, possibilitando a ascensão nas carreiras, ela preferiu fazer mais do mesmo, ou seja: manteve a política de abonos de R$ 200,00 e R$ 300,00 até setembro. Exatamente como fazia o Governo Clermont.

Até mesmo o ultra moderado presidente do Sindicato dos Servidores, Jorge Daniel, que foi candidato a vereador nas eleições passadas apoiando o candidato da situação Paiva Magalhães, reagiu: “Vejo o abono oferecido aos servidores como um desastre. O servidor vem ganhando R$ 300,00 de abono por mês. Agora, além de não aumentarem, ainda pagam uma parcela com valor menor. Embora tenha chamado o sindicato para participar do projeto, tomou a decisão à revelia da entidade. A Administração está jogando com o servidor. Dizem que a folha de pagamentos está no limite prudencial, mas vamos mostrar que isso não é a realidade”, afirmou Daniel.

Para fechar com chave de ouro, a prefeita não diz como pagará a dívida de quase R$ 50 milhões com os servidores, que hoje aguardam até 20 anos para receber o benefício a que tem direito – três salários ou três meses de afastamento de licença-prêmio. Cerca de 70% do funcionalismo tem pelo menos uma licença atrasada, segundo o Sindicato. Até março haviam 4.112 licenças a serem pagas pelo município.

Para quem até há pouco se dizia sensível às reivindicações do funcionalismo público e anunciava disposição de manter o diálogo com o Sindicato, a continuidade da política de abonos é como diz o sindicato da categoria, apenas isto: um desastre.

Sem mudanças

Aliás, a nova prefeita, passados 100 dias de Governo, simplesmente repetiu tudo o que criticava no Governo anterior, provando que, quem ainda tem alguma expectativa de algo vai mudar, deve esperar sentado. Na área habitacional, manteve a Bolsa Moradia e prefere empurrar com a barriga os graves problemas de moradia, avaliza o Programa do Governo do Estado que pretende remover cerca de 30 mil pessoas das Cotas, Água Fria e Pilões e transferi-las para os “pombais” a serem construídos pelo CDHU próximo ao Casqueiro, Jardim São Luiz e Bolsões Oito e Nove.

A transferência de cerca de 8 mil famílias para essas áreas vai comprometer ainda mais a já precária infra-estrutura dessas áreas e piorar as condições de vida de todos.

Na área administrativa manteve os velhos contratos, inclusive o da Terracom, o primeiro a ser renovado. O Teatro se mantém às escuras, enquanto se estuda um “jeitinho” que não deixe mal o aliado de campanha, o presidente da TUPEC, Edson Carlos Bril, que não tem como explicar onde aplicou os R$ 2 milhões doados pela Petrobrás para permitir até mesmo corte da energia elétrica e o saque do que restou do Teatro Municipal.

O vazio de idéias e de projetos é alarmante e só se compara a arrogância da nova gestão, que continua ignorando a necessidade de diálogo com a Câmara, cuja Mesa Diretora ainda não foi recebida. Ao invés de diálogo baseado em propostas, o Governo Márcia Rosa mantém a velha e surrada política de cooptação de vereadores – a versão local do “toma lá da cá”, que todos sabemos o que significa.

Transporte sem solução

Na área do transporte, o Governo Márcia Rosa esqueceu a promessa de desativar o SIT e pretende fazer licitação para abrir a exploração do transporte coletivo para mais uma empresa privada. Como o transporte coletivo está todo monopolizado e tem um único dono – o poderoso empresário Nenê Constantino, o dono da Gol – não é difícil prever nas mãos de quem vai parar a concessão para explorar o transporte coletivo na cidade.

As conclusões da Audiência Pública convocada para discutir o transporte coletivo na cidade, expuseram um grau de absoluto despreparo para lidar com o tema. O novo Governo ignorou as propostas feitas para a criação de uma empresa pública de transportes, a utilização da malha ferroviária e a utilização de ciclovias, proposta aliás, defendida pela própria prefeita em campanha.

No mais, a montagem improvisada de espetáculos de marketing para simular prestação de contas. O time do marketing, aliás, se especializou em factóides. Chegaram a anunciar que, pela primeira vez na história da cidade, a população debateu os problemas e as soluções para o transporte de passageiros.

Como se vê, estão tentando reescrever, apagando da memória dos mais jovens, a história da luta do povo de Cubatão que começou em 1.978, com o Movimento do Ônibus e já passou por batalhas memoráveis como Dia do Pulo – a revolta popular que forçou o Governo Passarelli a criar a empresa pública de transporte para acabar com a exploração da Viação. Parecem ter esquecido até mesmo a mobilização popular que reuniu, mais recentemente, centenas de pessoas para a discussão da Agenda 21, em que a situação do transporte coletivo foi discutida e a população fez propostas objetivas de como melhorá-lo.