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terça-feira, 19 de maio de 2009

O caso das Cotas e o bode na sala


Não devem ser levadas à sério as declarações dos Secretários Gerson Rozo, chefe de Gabinete, e Wagner Moura, de Obras, no caso das Cotas, Água Fria e Pilões. Como também constitui a expressão da mais deslavada hipocrisia a demonstração de solidariedade às famílias que permanecem numa espécie de prisão domiciliar, impedidas de reporem até telhas de suas casas.

O Governo Márcia Rosa fez a opção por manter a parceria com o Governo do Estado que prevê a remoção de cerca de 30 mil pessoas desses bairros, a um custo de R$ 700 milhões, para as áreas próximas ao Casqueiro e Parque São Luiz, atitude idêntica ao Governo Clermont.

As declarações do secretário/empreiteiro/corretor Wagner Moura, de que “até mesmo a Prefeitura necessita de autorização dos responsáveis pelo programa para efetuar intervenções de maior porte, como recuperação total de ruas e melhorias no sistema de iluminação pública”, é uma vergonhosa renúncia à autonomia que a Constituição atribui ao Município, ente federativo como o Estado e a União. O secretário parece ignorar que não existe relação de hierarquia ou subordinação a entes federativos que são, por natureza, autônomos.

Prometer apoio à população desses bairros, neste contexto, não passa de retórica gasta. Se essa fôsse, de verdade, a posição desse Governo o único caminho, a única atitude, seria o rompimento dessa parceria sinistra com o Governo do Estado – a quem o PT faz oposição ferrenha nos planos federal e estadual -, para recolocar as coisas nos seus devidos lugares.

Esse Plano de Recuperação Sócio-Ambiental da Serra do Mar, o nome pomposo desse malfadado projeto, atende apenas e unicamente aos interesses da Ecovias, que quer a área livre para a construção da terceira pista da Imigrantes e às grandes empreiteiras e construtoras, de olho gordo em contratos milionários, estimados em cerca de R$ 419 milhões, cuja licitação foi aberta em junho do ano passado.

Para a população das Cotas, os “pombais” e um carnê para pagamento em 25 anos de uma dívida a perder de vista. Para os moradores do Casqueiro, Jardim São Luiz e Ponte Nova, a deterioração das condições de vida pelo aumento da densidade demográfica sem novas escolas, postos médicos, e condições de infra-estrutura urbana.

ENCENAÇÃO

A encenação da prefeita com os moradores não é de hoje. Começou no ano passado com uma Comissão Especial de Vereadores (CEV), transformada em bandeira eleitoral. A Comissão, claro, era apenas uma cortina de fumaça. Durante a campanha a prefeita disse nos seus programas eleitorais que a população poderia ficar tranqüila que “iria ver direitinho” o que seria feito. Só quem acredita em duendes pode ter ainda alguma ilusão.

A postura do Governo Márcia Rosa em relação às Cotas faz lembrar a história do bode na sala. Ao ouvir os reclamos de seus muitos filhos sobre as precárias condições em que viviam, o lavrador não teve dúvidas: trouxe o bode do quintal para a sala. Durante um mês, a vida que já era ruim se transtornou em um inferno. Após este período, o lavrador voltou o bode para o quintal. Seus filhos se convenceram de que suas vidas eram as melhores do mundo. É o que tentam fazer os dois secretários: prometem tirar o bode da sala.

3 comentários:

Ricardo disse...

Dojival, o Rozo, você conhece bem, ajudou você quando você tentou vender o PT, te levou pra Brasilia para trabalhar com o Paulo Renato e depois com o Raul Cristiano, assim como você ele é PSDB, não é PT nem aqui nem na China é um erro da nossa prefeita e por isso talvez essa ligação com o governo do PSDB cujo o qual, no seu passado recente também o foi.

Dojival Vieira disse...

Ricardo,
Não se é que é esse o seu nome. Primeiro, o doutor Gerson Rozo é uma pessoa decente, a quem respeito, a despeito de estarmos em campos opostos - eu na Oposição, ao Governo do qual ele faz parte. Nossas divergências se dão no campo das idéias.
Depois o teu argumento demonstra três coisas: a) é mal informado; b)ouviu o galo cantar e não sabe onde; c) e usa a má fé como arma no debate político.
A intervenção no PT, para virar isso que hoje é, foi em 1.992; O Gerson Rozo foi para Brasília muito depois de 1.997, quando eu já estava lá trabalhando, primeiro no Ministério da Educação, depois como consultor da Unesco, onde ajudei, como técnico a fazer o Bolsa Família (hoje Bolsa Escola)em todo o Brasil. Informe-se, aprenda e se eduque para discutir idéias, antes de sair por aí ofendendo gratuitamente as pessoas.

Agenor Antonio de Camargo disse...

Dojival, li suas declarações sobre os Bairros COTAS, aqui resido a 55 anos, sou filho de funconário do DER, acho que vc tem razão, mas as lideranças daqui vc conhece, é dificil de instruir, cada um quer fazer valer as suas ideias, mesmo q. estão sem sentido, isso não é bom. == Vamos esperar mais concientização dos Lideres, caso contrário o trator e a policia do Exercito, poderá ser acionada, sem dó, muitos irão ficar prejudicados.