A prefeita Márcia Rosa assumiu que não tem mesmo política para os servidores municipais de Cubatão, além de dar continuidade a política do governo anterior. Ao invés de garantir a reposição das perdas salariais dos servidores, acabar com os privilégios da meia dúzia de marajás e adotar um Plano de Cargos e Salários para reduzir as diferenças entre os maiores e os menores salários, possibilitando a ascensão nas carreiras, ela preferiu fazer mais do mesmo, ou seja: manteve a política de abonos de R$ 200,00 e R$ 300,00 até setembro. Exatamente como fazia o Governo Clermont.
Até mesmo o ultra moderado presidente do Sindicato dos Servidores, Jorge Daniel, que foi candidato a vereador nas eleições passadas apoiando o candidato da situação Paiva Magalhães, reagiu: “Vejo o abono oferecido aos servidores como um desastre. O servidor vem ganhando R$ 300,00 de abono por mês. Agora, além de não aumentarem, ainda pagam uma parcela com valor menor. Embora tenha chamado o sindicato para participar do projeto, tomou a decisão à revelia da entidade. A Administração está jogando com o servidor. Dizem que a folha de pagamentos está no limite prudencial, mas vamos mostrar que isso não é a realidade”, afirmou Daniel.
Para fechar com chave de ouro, a prefeita não diz como pagará a dívida de quase R$ 50 milhões com os servidores, que hoje aguardam até 20 anos para receber o benefício a que tem direito – três salários ou três meses de afastamento de licença-prêmio. Cerca de 70% do funcionalismo tem pelo menos uma licença atrasada, segundo o Sindicato. Até março haviam 4.112 licenças a serem pagas pelo município.
Para quem até há pouco se dizia sensível às reivindicações do funcionalismo público e anunciava disposição de manter o diálogo com o Sindicato, a continuidade da política de abonos é como diz o sindicato da categoria, apenas isto: um desastre.
Sem mudanças
Aliás, a nova prefeita, passados 100 dias de Governo, simplesmente repetiu tudo o que criticava no Governo anterior, provando que, quem ainda tem alguma expectativa de algo vai mudar, deve esperar sentado. Na área habitacional, manteve a Bolsa Moradia e prefere empurrar com a barriga os graves problemas de moradia, avaliza o Programa do Governo do Estado que pretende remover cerca de 30 mil pessoas das Cotas, Água Fria e Pilões e transferi-las para os “pombais” a serem construídos pelo CDHU próximo ao Casqueiro, Jardim São Luiz e Bolsões Oito e Nove.
A transferência de cerca de 8 mil famílias para essas áreas vai comprometer ainda mais a já precária infra-estrutura dessas áreas e piorar as condições de vida de todos.
Na área administrativa manteve os velhos contratos, inclusive o da Terracom, o primeiro a ser renovado. O Teatro se mantém às escuras, enquanto se estuda um “jeitinho” que não deixe mal o aliado de campanha, o presidente da TUPEC, Edson Carlos Bril, que não tem como explicar onde aplicou os R$ 2 milhões doados pela Petrobrás para permitir até mesmo corte da energia elétrica e o saque do que restou do Teatro Municipal.
O vazio de idéias e de projetos é alarmante e só se compara a arrogância da nova gestão, que continua ignorando a necessidade de diálogo com a Câmara, cuja Mesa Diretora ainda não foi recebida. Ao invés de diálogo baseado em propostas, o Governo Márcia Rosa mantém a velha e surrada política de cooptação de vereadores – a versão local do “toma lá da cá”, que todos sabemos o que significa.
Transporte sem solução
Na área do transporte, o Governo Márcia Rosa esqueceu a promessa de desativar o SIT e pretende fazer licitação para abrir a exploração do transporte coletivo para mais uma empresa privada. Como o transporte coletivo está todo monopolizado e tem um único dono – o poderoso empresário Nenê Constantino, o dono da Gol – não é difícil prever nas mãos de quem vai parar a concessão para explorar o transporte coletivo na cidade.
As conclusões da Audiência Pública convocada para discutir o transporte coletivo na cidade, expuseram um grau de absoluto despreparo para lidar com o tema. O novo Governo ignorou as propostas feitas para a criação de uma empresa pública de transportes, a utilização da malha ferroviária e a utilização de ciclovias, proposta aliás, defendida pela própria prefeita em campanha.
No mais, a montagem improvisada de espetáculos de marketing para simular prestação de contas. O time do marketing, aliás, se especializou em factóides. Chegaram a anunciar que, pela primeira vez na história da cidade, a população debateu os problemas e as soluções para o transporte de passageiros.
Como se vê, estão tentando reescrever, apagando da memória dos mais jovens, a história da luta do povo de Cubatão que começou em 1.978, com o Movimento do Ônibus e já passou por batalhas memoráveis como Dia do Pulo – a revolta popular que forçou o Governo Passarelli a criar a empresa pública de transporte para acabar com a exploração da Viação. Parecem ter esquecido até mesmo a mobilização popular que reuniu, mais recentemente, centenas de pessoas para a discussão da Agenda 21, em que a situação do transporte coletivo foi discutida e a população fez propostas objetivas de como melhorá-lo.
3 comentários:
Penso que a máscara caiu! Obrigada Sr.Dojival por expor a realidade.
É muito triste ver que as pessoas acreditam que, todos nós, funcionários públicos de Cubatão estamos recebendo salários fantásticos,de marajás. Sugiro que seja divulgado o real valor dos proventos da maioria dos funcionários.Posso garantir que se verem o meu,funcionária com duas décadas e tanto de casa,deixaria muita gente espantada. Por um breve instante acreditei nas promessas da prefeita,infelizmente,a prática atual não condiz com as atitudes recentes...é uma total falta de respeito essa política imoral de abono...será que ela e seu alto escalão viveriam com os mesmos proventos que nos são pagos? Duvido!
A propósito:não mostrarei meu nome porque já soube que pessoas que pensam contrário ao atual governo, estão sendo "listadas".
Parabéns Dojival pelo seu Blog...
Cubatão precisa de pessoas como vc.
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