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sábado, 22 de maio de 2010

Nem cidadania, nem Estado: barbárie

Estava em Washington participando das atividades da Conferência do Plano de Ação Brasil/EUA pela eliminação da discriminação racial (veja as matérias), à convite do Departamento de Estado do Governo americano, quando recebi a notícia da execução do vereador João Santana de Moura Villar, o Tucla.

Tucla foi colega no Grupo Escolar do Jardim Casqueiro quando cheguei a Cubatão, com 12 anos, em 1.968, vindo de Sergipe e morava na Rua Portual, 108. Nunca fomos próximos, nem pessoal, nem politicamente, mas a morte de um ser humano, ainda mais nas circunstâncias em que esta ocorreu, é triste.

Uma execução, simplesmente.

Cubatão, de cidade pacata, ordeira, tornou-se violenta. Uma espécie de faroeste caboclo. Primeiro foi o atentado ao prefeito Clermont, nunca esclarecido pelas autoridades responsáveis - e ao que parece, pelo próprio - desinteressado da descoberta e punição dos autores do crime.

Depois foi a vez do candidato a vereador Cubatão, Benavenor Teobaldo da Silva Neto, o Beninha, assassinado dentro de sua auto-escola, na Vila Nova, em novembro de 2.008. As mesmas características: execução.

Novamente, nenhum esclarecimento sobre os autores. Prevalece o pacto do silêncio.

Agora, foi a vez de Tucla. As características são as mesmas: dois homens, numa moto, vários tiros: execução.

O que há de comum em todos esses crimes é que a autoria jamais foi esclarecida, ninguém foi preso e impera a lei do silêncio.

A prefeita MR lança aos ventos uma nota formal. O presidente da Câmara, nem isso, como se o morto não fôsse um membro do Poder Legislativo e assim caminha a humanidade.

Cubatão tornou-se uma cidade violenta e perigosa, um faroeste caboclo.

A explicação é simples: ausência de cidadania e de Estado.

Sem cidadania nem Estado, reina a violência; qualquer um pode se tornar alvo. É a volta da barbárie.

Esse quadro só muda com a mobilização de quem não desistiu; de quem ainda é capaz de se indignar com este estado deplorável de coisas numa cidade que poderia ser o melhor lugar para se morar no Brasil; com quem for capaz de se libertar das amarras, da cooptação escandolosa de um Governo abaixo de medíocre que prometeu mudanças e cruza os braços diante desse estado de barbárie.

Um comentário:

Paulo Chaves disse...

Não acho que Cubatão tenha sido em algum tempo uma cidade pacata, sua história recente ainda é manchada pelo mar de lamas.
Não podemos nos esquecer dos atentados ao Dr. Maluf, o primeiro sem êxito, quando foi atacado a facadas no Jardim Casqueiro, e depois recentemente a tiros fatais antiga rodovia Piaçaguera - Guarujá.
Realmente é uma realidade chocante, temos ainda as várias execuções de líderes comunitários e de pessoas ligadas à vereadores.
"Até quando esperar a plebe ajoelhar. Implorando a justiça de Deus"(adaptado)