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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Uma cidade à deriva e um Governo sem rumo

O pior cego é o que não quer ver, diz o ditado popular. Cubatão vive uma crise profunda que, a cada dia, se agrava. A cidade está à deriva e o Governo não tem rumo. O Governo MR é uma máquina de fantasia e o esgotamento das forças políticas levaram a um quadro em que não há Governo, nem Oposição.

Numa situação assim o resultado é previsível: a falência (ausência) de Estado. É muito revelador que isso aconteça, precisamente em um Governo que prometeu esperança e um futuro melhor para todos.

Senão, vejamos:

No dia 02 de julho de 2001, o então prefeito, Clermont Silveira Castor, foi vítima de um atentado, sendo atingido por dois tiros disparados por desconhecidos que fecharam o seu carro.

O prefeito, felizmente, se recuperou, porém, estranhamente, nunca se soube que tenha tomado qualquer atitude no sentido de cobrar das autoridades policiais o esclarecimento do crime e a punição dos criminosos.

Você, caro (a) leitor (a), já ouviu falar que alguém alvo de uma tentativa de homicídio tenha silenciado, e nem mesmo tenha se prestado a usar a autoridade de prefeito em dois mandatos para exigir das autoridades a prisão e punição de seus algozes? Pois é: em Cubatão, até isso acontece!

A estranha e inexplicável postura do ex-prefeito abriu as portas para o reino da impunidade.

Cabos eleitorais, assessores de vereadores, passaram a ser mortos em série. Tais crimes jamais foram esclarecidos.

Em 05 de novembro de 2008, Benavenor Teobaldo da Silva Neto, o Beninha, ex-candidato a vereador pelo PSB, filho do ator de Teatro Amador, Hélio Teobaldo da Silva, foi executado dentro de sua Auto-Escola na Vila Nova. Mais um crime não esclarecido. Ninguém foi preso.

Neste ano, no dia 28 de fevereiro, o médico, ex-vereador e ex-candidato a prefeito nas eleições de 2008, Aniz Maluf, o doutor Maluf, do PTB, foi assassinado a tiros. Seu corpo foi encontrado na Rodovia Cônego Domênico Rangoni. Mais um crime não esclarecido. Ninguém foi preso.

No dia 19 de maio, o vereador, ex-presidente da Câmara e ex-lider da prefeita MR, João Santana de Moura Villar, o Tucla, do PDT, foi executado em plena luz do dia.
Mais um crime não esclarecido. Mais uma vez, ninguém foi preso.

Há coincidências muito reveladoras nessa sucessão de crimes: 1 - a violência extrema, as vítimas foram executadas à tiros; 2 - todas eram pessoas públicas, que ocupavam lugar de destaque na cena política, em diferentes partidos - um prefeito, um ex-vereador e ex-candidato a prefeito e um vereador, ex-presidente da Câmara.

Outra coincidência no estado de barbárie em que a cidade se encontra: nenhum desses crimes foi esclarecido. E ainda por fim: o silêncio total, tanto da Polícia, quanto das autoridades que, no caso da Câmara, em se tratando de um vereador em pleno exercício do mandato, é escandaloso para não dizer outra coisa.

Ora, se importantes figuras públicas são assassinadas - algumas à luz do dia - sem que tais crimes sejam esclarecidos e os seus responsáveis presos, o que pode esperar o cidadão comum?

Por isso, soa a deboche a forma como a prefeita MR reage à onda de crimes - que reflete a ausência de cidadania e de Estado: anuncia que o municipio passa a receber recursos federais do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci). Não fala quanto, nem quando virão, nem em que serão aplicados, o que evidencia que se trata apenas de mais um "factóide" de um Governo que não governa, numa cidade à deriva.

O mais grave é que os jornais chapa branca ainda tentam transformar o anúncio de uma medida vazia de sentido e conteúdo, em propaganda. Trata-se de uma medida virtual (mais uma), como o anuncio de obras futuras no Parque Anilinas. Sempre que faz uso do seu estilo virtual de governo, MR assume a postura solene - acompanhada dos discursos vazios -como se estivesse efetivamente entregando obras à população, ou anunciando medidas de impacto. O ridículo é que ainda há quem aplauda a farsa.

A violência contra personalidades públicas tem causas e razões conhecidas da prefeita e de qualquer pessoa, minimamente bem informada. Será preciso chamar o delegado Protógenes?

A ausência de Lei e de Estado ameaça a própria existência da cidade como espaço de convivência dos cidadãos, acuados por más condições de vida, de transporte, de moradia e agora em meio a um fogo cruzado. Se Cubatão tivesse Governo - ou pelo menos uma Oposição digna desse nome - já seria caso de se pedir ao Ministério da Justiça a intervenção da Polícia Federal, pelo menos para não deixar impune a sucessão de crimes.

Nada disso: a prefeita MR prefere marketing e factóides.

O mais incrível é que em Cubatão, ainda há tolinhos - ou os puxa-sacos de costume - que elogiam um Governo que descamba ladeira abaixo, o que só pode dar uma idéia do ponto ponto a que se chegou em termos de ausência de tudo.

Se crimes contra figuras públicas (prefeito, vereadores, ex-vereadores) não são esclarecidos, se seus autores permanecem impunes, se o que resta de comunidade, dos formadores de opinião não reage (Alô, OAB!!!), então chegamos a um ponto em que é preciso declarar: reina o faraoeste, o vale tudo na política; o Poder Público tornou-se a expressão da falência e o cidadão comum passou a ser refém da violência e dos abusos que tornam as condições não mais de vida, mas de sobrevivência, cada vez piores.

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