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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A prefeita MR e a quarta-feira de cinzas

Depois de 30 dias de férias, as primeiras depois de cinco anos, (veja no Blog), retorno aos velhos fronts de combate, entre eles, Cubatão.

Por aqui, nada de novo, como sempre. A não ser a marcha para trás que é contínua, desde os anos 80 e 90. Assiste-se ao começo do naufrágio de mais um Governo escolhido de acordo com os velhos padrões, a velha equação berço de toda corrupção política: o empresário banca a campanha (tornou-se senso comum que dinheiro é mais importante que o voto do cidadão, que a qualidade do candidato está associada a ter dinheiro, e que sem dinheiro ninguém ganha); o (a) candidato (a) montado (a) no dinheiro vence (sempre vence, inclusive pela compra de votos), as vezes com votações arrasadoras; e depois vai governar, claro, para quem bancou os custos da empreitada – até porque foi esse o único compromisso real que assumiu - e não para o povo que o (a) elegeu.

Eis aí, a razão do descrédito, do desencanto da população com a política, tornada, nestes tristes tempos, objeto de compra e venda, de barganhas suspeitas, e não atividade própria de cidadãos livres, ferramenta para mudar a vida de todos os que vivem em sociedade. É preciso não misturar alhos com bugalhos, separar o joio do trigo, a politicagem velhaca da política cidadã.

DESABOU

O despencar da prefeita MR na última pesquisa do IPAT -, o Instituto do Jornal A Tribuna, com quem a Prefeitura mantém um contrato de valores superiores a R$ 1 milhão/ano -, não surpreendeu nem mesmo ao grupo mais próximo de bajuladores. Até as pedras da Nove de Abril sabem que esse Governo nada de novo tem a oferecer à população e representa apenas o continuísmo dos velhos e surrados esquemas, mantidos intocados pela prefeita MR e pelo grupo que, desde Santos, governa a cidade.
MR é rejeitada hoje, simplesmente, por 51,9% da população. Ou seja: governa contrariando a maioria. Traduzindo: se pudesse voltar atrás, a maioria, não a elegeria. Eis o retrato nu e cru que os números revelam.

SEM ISENÇÃO

Os números do IPAT, contudo, não devem ser tomados ao pé da letra, inclusive porque esse Instituto não tem isenção alguma para avaliações de governos do neopetismo. Entenda-se por neopetista o grupo que tomou de assalto o Partido, em 1.992, o PT “denorex” (o que parece, mas não é, segundo a propaganda de um tônico capilar antigo) -, que vem tentando enganar a população, se apresentando como o que nunca foi: o PT nascido das lutas dos trabalhadores, surgido da resistência à exploração, comprometido com mudanças profundas na estrutura da cidade, do Estado e do país, e que este ano, em agosto, completaria 31 anos, não fosse a intervenção – da qual MR foi a principal beneficiária - e a expulsão dos seus principais quadros – inclusive deste que vos fala.

O presidente do IPAT, – o sociólogo Alcino Gonçalves -, há décadas integra o grupo da ex-prefeita e atual vereadora santista, Telma de Souza, a cujo governo serviu como presidente da Prodesan. É notório o papel de comando que a ex-prefeita – artífice da intervenção de 1.992 - exerce em Cubatão, juntamente com o deputado Fausto Figueira, também do PT.
Quanto a Gonçalves, quem ainda tiver dúvidas quanto ao seu papel de torcedor, quando o assunto é o Governo de MR, e não de técnico isento, uma leitura de suas declarações, basta: “Trata-se de um período complicado, com chuvas, enchentes e problemas na área da saúde”, diz, candidamente Gonçalves, assumindo discurso mais próprio para um assessor do entorno da prefeita.

AVALANCHE

A rejeição recorde para alguém em primeiro ano de mandato é um avalanche que aconteceu, mesmo sob o clima de boa vontade reinante desde a posse. A erosão política é visível – e seguramente muito maior que os números do IPAT -, mesmo que ainda não esteja visível no horizonte uma proposta de Oposição Popular capaz de se apresentar como alternativa. Não por acaso, os beneficiários dos velhos esquemas dos quais o Governo MR se tornou sócio, começam a compará-la justamente com o governo Clermont, o anterior, como se a vida e a esperança se resumissem ao que representam.

Nem mesmo a fantástica máquina de propaganda, integrada por dezenas de jornalistas, publicitários, o uso das modernas tecnologias (blogs, página na Internet e até twitter), a publicidade oficiosa dos Jornais A Tribuna e da imprensa chapa branca - representada pelos jornais Acontece e a Cidade -, criados para o papel informal de assessoria de imprensa, foi capaz de impedir o desastre.

DESASTRE

O Governo de MR é um desastre não porque o diz o Instituto de A Tribuna, a quem, repito, falta isenção para avaliá-lo técnicamente.

É um desastre porque a titular padece de um mal incurável: ostenta, na linguagem popular, o nariz empinado que a faz sentir-se superior aos mortais comuns, o que a impede de ouvir com respeito e de forma democrática, críticas e sugestões de quem, ao se opor aos seus desmandos e equívocos, não está contra ela, mas a favor da cidade. Com esse perfil sobra espaço ao time da bajulação, às vezes ingênua, interesseira sempre.

Eu, citado indevidamente por MR no discurso de posse, quando acabou por assumir o caráter de usurpação do Partido de que se apropriou, após a expulsão de velhos militantes – muitos dos quais ou saíram ou andam desanimados, de cabeça baixa -, já pude sentir na pele a que ponto chega a arrogância da prefeita, numa delas, quando tentou impedir a minha entrada como advogado em reunião com famílias do Bolsão Sete, pelas quais fui constituído.

SUCESSÃO DE ERROS

O Governo de MR é desastroso porque no período de um ano:

1 – jogou no lixo as promessas, mantendo os velhos esquemas com as empresas que investiram na sua campanha, a mais cara do Brasil, proporcionalmente ao número de eleitores (custo estimado de R$ 27 reais por eleitor). Não por acaso, foram renovados, sem questionamentos, os contratos com a Terracom – o primeiro a ser renovado - , a Marvin, com a Planeta Educação, apontado como irregular pelo Tribunal de Contas, entre outros;

2 – jogou no lixo as promessas de uma política salarial decente para os servidores. Depois de mantê-los a abonos, exatamente como fazia o governo anterior, MR preferiu fazer pirotecnia com legítimos direitos do funcionalismo, inventando um CU CARD (o Cartão do Servidor), por meio do qual, nada mais fez do que tentar agradar o partido do Comércio que a apoiou – o G40 -, usando direitos do funcionalismo;

3 – Manteve a famigerada parceria com o Governo Serra, por meio do qual Estado e Prefeitura pretendem remover 32 mil moradores das Cotas, Água Fria e Pilões, sem o reconhecimento de direitos mínimos dessas populações;

4 – Manteve a relação com uma Câmara anêmica politicamente, onde não encontra qualquer oposição, na base do toma lá dá cá;

5 – Manteve sob abafa escândalos que teriam resultado no mínimo na exoneração do secretário de Esportes, que autorizou crianças a se hospedarem em Motéis nos Jogos Regionais de S. Caetano do Sul;

6 – Abriu as portas a empresa Bom Jesus, ligada a esquemas obscuros, contratada sem licitação, nem transparência e a quem pretende entregar o contrato para exploração dos serviços, ignorando e condenando a extinção o transporte alternativo, criado por Lei, operado por perueiros. Para culminar o deboche, todos os ônibus levam o 13 do Partido, em desafio aberto à legislação eleitoral, até agora ignorado pela Justiça;

7 – Esqueceu as críticas que fazia como vereadora a Pró-Saúde, que administra Hospital Modelo e renovou o contrato, simplesmente pelo dobro do que antes o Município pagava: R$ 70.122,372 (setenta milhões, cento e vinte e dois mil, trezentos e setenta e dois reais) pelo prazo de cinco anos;

8 – Transformou a Prefeitura num laboratório de experiências de gestões derrotadas do PT, entregando cargos de primeiro escalão para pessoas vindas das mais diferentes destinos, sob o comando e supervisão da ex-prefeita de Santos, Telma de Souza, rompendo com o que havia se comprometido na campanha. Abandonou a cidade durante 10 dias em viagem a Alemanha e Dinamarca, sem passar o cargo ao vice – com quem está rompida – sem que até hoje se saiba, o que foi fazer, quem bancou, e que proveitos a população da cidade teve com a viagem;

9 – Inaugurou um modelo de gestão baseado no marketing (daí a fantástica máquina de propaganda). Seu modelo de prestação de contas se autodenomina “Gestão Transparente”, transformado em momentos de louvação e exercício do culto descarado à personalidade. A gestão transparente tornou-se conhecida como “aquela que é tão transparente, que ninguém vê”;

10 – Encenou a retomada do prédio do Teatro Municipal, apenas para tentar livrar um dos seus apoiadores (o presidente da Tupec, Edson Carlos Bril,) de prestar contas à Justiça pelo desvio de cerca de R$ 2 milhões (dinheiro público doado pela Petrobrás à título de incentivo fiscal) e que desapareceu no caminho. O Teatro continua abandonado em processo de deterioração.

NINGUÉM MERECE!

A sucessão de enganos e auto-enganos, a postura magestática de quem se sente naturalmente superior, pode ser medida pelo episódio, ocorrido em novembro passado, em que a prefeita, ao apresentar o projeto da ligação hidroviária Cubatão/São Vicente (que jamais saiu do papel), acompanhada de um séquito de jornalistas e assessores em um barco conduzido de forma irregular pelo seu ex-secretário do Meio Ambiente, Daniel Ravanelli, reagiu assim ao naufrágio no qual profissionais de imprensa correram sério risco de vida.
“Não aconteceu nada de grave. A não ser um belo banho de mar, num dia quente de verão”, reagiu a prefeita MR.

Ninguém merece!
Não se conforme, não se acomode. Rebele-se!

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