Madri, 30/01 - Arrumando as malas para Lisboa, nos damos conta de como o tempo passa quando se está fora do país. A sensação é de que estamos há pelo menos três meses longe de casa e, no entanto, há apenas 30 dias, chegamos a Madri.
Amanhã, 31/01, no primeiro vôo, embarco no Aeroporto de Barajas, em direção à Lisboa, pela Air Europa. Há uma diferença de uma hora no fuso horário, o que significa que saíremos às 8h de Madri e chegaremos às 8h15, na capital portuguesa.
Fui estimulado à conhecer Lisboa e a alma portuguesa de perto, motivado por duas razões: a primeira, o preço da passagem de avião - apenas 21 Euros, o que significa menos de R$ 60,00.
Mas, o mais forte motivo foi o fato de que em trinta dias de Espanha (Madri, Andaluzia, Catulunha) me deu uma idéia muito melhor das nossas raízes ibéricas. Por isso, nada melhor que conhecer Lisboa e toda a sua carga de história para entender melhor o ser brasileiro, em muitos aspectos da nossa cultura, da nossa história, do nosso jeito de ser e ver o mundo.
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sábado, 30 de janeiro de 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
DIÁRIO DE VIAGEM: NASCEU MARTIN
Na foto de cima, Martin, na debaixo, minha mulher Dolores (a mãe do pai), Mano (o pai) e Graça e Júlio, os pais da July, ainda na angústia da espera durante a madrugada.
MADRI, 26/01 - Na manhã de segunda-feira, 25/01, Mano e July seguiram bem cedinho para a Maternidade do Hospital Universitário, na Calle O'Donnel. July havia sentido pela madrugada as primeiras contrações, antecipando-se a indução do trabalho de parto já marcada para a manhã de segunda.
O Hospital Gregório Marañón é público. Andando pelos corredores largos da Maternidade é possível constatar que os serviços de saúde por aqui funcionam e bem, com profissionais dedicados e bem treinados.
O trabalho de parto demorarou toda a segunda-feira, continuou noite adentro e, por fim, às 4h50 da madrugada desta terça-feira, 26/01, nasceu Martin Silveira Corbellini, ou melhor, Martin, o primeiro filho do meu enteado e, portanto, meu segundo neto adotivo.
Na rua, a neve caía com intensidade, rebaixando ainda mais a temperatura neste inverno rigoroso. Só este ano, já foram duas nevadas há previsão de mais, aqui em Madri.
Durante a madrugada eu, minha mulher, Julio e Graça, os pais da July, nos mantivemos apostos na sala de espera do Paritório (é assim mesmo que se fala) na Planta 2 da Maternidade, enquanto Mano, permaneceu o tempo inteiro junto à mulher.
Martin é o segundo neto da minha mulher; o primeiro é o Samuel, que chamo carinhosamente de Gordo); é gaúcho e vive em Lavras, no Rio Grande, e me chama de "Vô Negão". Tenho já, portanto, dois netos adotivos.
Agora só faltam os netos naturais que certamente terei dos meus três filhos, Dojival, Bruno e Yuri. Os dois primeiros já são casados. Qualquer hora dessas, posso acordar com a notícia de que o time de netos (pouco importa se naturais ou adotivos) aumentou.
DIÁRIO DE VIAGEM: NA FONTE DEL BERRO
MADRI, 24/01 - No domingo, saímos para uma volta no Parque da Fonte del Berro, que fica bem pertinho da casa do Mano, meu enteado, na Calle de Peñacalles e ao lado da sede da TV Espanhola, a TVE.
O Parque é conhecido em Madri desde o século XVIII porque a Monarquia da época se abastecia nas suas fontes. No início do século XX era usado pela aristocracia madrilenha como uma área para pequeniques e recepções.
Hoje, além de um belo lugar para espairecer, com árvores, um lago e pavões soltos pela área, mantém um Centro Cultural mantido pela Municipalidad de Madri, com aulas e cursos de Dança, Yoga, História da Arte, entre outros.
O Parque é conhecido em Madri desde o século XVIII porque a Monarquia da época se abastecia nas suas fontes. No início do século XX era usado pela aristocracia madrilenha como uma área para pequeniques e recepções.
Hoje, além de um belo lugar para espairecer, com árvores, um lago e pavões soltos pela área, mantém um Centro Cultural mantido pela Municipalidad de Madri, com aulas e cursos de Dança, Yoga, História da Arte, entre outros.
DIÁRIO DE VIAGEM: ME GUSTA MALASAÑA
MADRI, Sábado, 23/01 - Lembra da música "Me gustas tú" do músico franco-argelino Mano Chao? Nela, há um verso em que ele canta: "me gusta Malasaña, me gusta tu"? Pois é, Malasaña (eu não sabia até chegar aqui) é um bairro de Madri, conhecido pela vida boêmia e por ser habitado especialmente por jovens e pessoal alternativo.
Seu nome deriva de uma costureira, chamada Manuela Malaseña, que é considerada uma das heróinas da Espanha, por ter resistido às tropas de Napoleão na luta pela Independência, em 1.808.
A jovem costureira foi assassinada durante as jornadas de brutal repressão posteriores ao levantamento de 02 de maio de 1.808, sob a acusação de portar armas, por causa das tesouras que levava quando presa.
No bairro celebrizado por Mano Chao na música, também está a Plaza Dois de Maio, com a homenagem aos heróis da resistência à Napoleão - Daoiz e Velarde -, na antiga porta do Quartel de Monteleón (veja a foto).
Seu nome deriva de uma costureira, chamada Manuela Malaseña, que é considerada uma das heróinas da Espanha, por ter resistido às tropas de Napoleão na luta pela Independência, em 1.808.
A jovem costureira foi assassinada durante as jornadas de brutal repressão posteriores ao levantamento de 02 de maio de 1.808, sob a acusação de portar armas, por causa das tesouras que levava quando presa.
No bairro celebrizado por Mano Chao na música, também está a Plaza Dois de Maio, com a homenagem aos heróis da resistência à Napoleão - Daoiz e Velarde -, na antiga porta do Quartel de Monteleón (veja a foto).
DIÁRIO DE VIAGEM: A PORTA DEL SOL
QUINTA-FEIRA, 22/01 - Uma passada pela Plaza de la Puerta del Sol, centro de Madri, descendo na Estação do Metrô do mesmo nome, permite ao viajante ter uma noção bem aproximada do que é o dia a dia, o corre-corre do centro, num dia de semana.
Na Plaza está o Ponto Zero de Madri, em frente a Casa dos Correios e a Estatua del Oso y Madroño (o Urso comendo uvas, que é o símbolo de Madri, em frente ao Edifício do Tio Pepe. Em frente a Casa dos Correios na fachada está a placa dedicada aos heróis do levantamento popular de 02 de maio e outra às vítimas dos atentados de 11 de marzo de 2004.
No centro uma enorme estátua equestre de Carlos III, com nove metros de altura, com um dispositivo eletrônico para espantar as pombas que nele posavam contínuamente.
A Plaza é um ponto de referência obrigatório para os madrilenhos e turistas em geral, inclusive, porque é lá que se celebra la Nochevieja, a passagem de ano. Atores caracterizados - de piratas, a macacos, passando por estranhas figuras sem cabeça, além de grupos, em especial mexicanos com músicas tradicionais do seu país, levantam seus trocados. Nesta tarde, a atração são os Mariachis de Guadalupe, que atraem dezenas de pessoas com as canções típicas do México e seu estilo característico de cantar.
Essa curiosa figura do varredor de rua acima, chama, especialmente, atenção. Tem-se a nítida impressão de que está congelado ou é de plástico ou gesso. Ao tilintar da moeda de Euro numa latinha estrategicamente locada, ele dá sinal de vida e sai com a vassoura em gestos mecânicos a tentar varrer os pés do doador.
Na foto tento puxar conversa para retirá-lo da condição de estátua.
Na Plaza está o Ponto Zero de Madri, em frente a Casa dos Correios e a Estatua del Oso y Madroño (o Urso comendo uvas, que é o símbolo de Madri, em frente ao Edifício do Tio Pepe. Em frente a Casa dos Correios na fachada está a placa dedicada aos heróis do levantamento popular de 02 de maio e outra às vítimas dos atentados de 11 de marzo de 2004.
No centro uma enorme estátua equestre de Carlos III, com nove metros de altura, com um dispositivo eletrônico para espantar as pombas que nele posavam contínuamente.
A Plaza é um ponto de referência obrigatório para os madrilenhos e turistas em geral, inclusive, porque é lá que se celebra la Nochevieja, a passagem de ano. Atores caracterizados - de piratas, a macacos, passando por estranhas figuras sem cabeça, além de grupos, em especial mexicanos com músicas tradicionais do seu país, levantam seus trocados. Nesta tarde, a atração são os Mariachis de Guadalupe, que atraem dezenas de pessoas com as canções típicas do México e seu estilo característico de cantar.
Essa curiosa figura do varredor de rua acima, chama, especialmente, atenção. Tem-se a nítida impressão de que está congelado ou é de plástico ou gesso. Ao tilintar da moeda de Euro numa latinha estrategicamente locada, ele dá sinal de vida e sai com a vassoura em gestos mecânicos a tentar varrer os pés do doador.
Na foto tento puxar conversa para retirá-lo da condição de estátua.
DIÁRIO DE VIAGEM: UMA VOLTA PELO PARQUE
MADRI, 21/06 - O Parque Del Retiro fica no centro de Madri e lembra o Parque do Ibirapuera, em S. Paulo. Em pleno inverno europeu, porém, as árvores parecem secas e o verde é escasso. Saímos para dar uma volta em plena tarde de quarta-feira, 21/01.
A origem do Parque data da época de Felipe IV, em 1.630. Com o tempo, o Parque foi ampliado e atualmente é considerado um dos mais belos do mundo. Foi inaugurado em 1.631, e tem como destaque o monumento a Alfonso XX (no fundo da foto), um dos cartões postais de Madri.
Também no Parque del Retiro está a Estátua do Anjo Caído - o único monumento do mundo dedicado ao diabo, pois mostra a imagem do dito cujo, sendo expulso do paraíso e condenado ao inferno, enroscado numa serpente. A estátua está lá desde 1.855.
Apesar de ser um dia de semana e, portanto, de trabalho normal, muita gente passeia, namora pelo imenso parque. Alguns praticam atletismo e os turistas, como nós aproveitam, para tirar foto em frente a um imenso lago.
Dali seguimos para o Museo del Prado, no Passeo Del Prado, também centro de Madri. O Museu é um patrimônio da Espanha e da humanidade porque lá estão as mais importantes obras da arte mundial em vários períodos. Uma tarde só é pouco para percorrer os vastos corredores e conhecer obras primas de Rafael, Tiziano, Velasquez, Goya, entre outros mestres da pintura em todos os tempos.
A origem do Parque data da época de Felipe IV, em 1.630. Com o tempo, o Parque foi ampliado e atualmente é considerado um dos mais belos do mundo. Foi inaugurado em 1.631, e tem como destaque o monumento a Alfonso XX (no fundo da foto), um dos cartões postais de Madri.
Também no Parque del Retiro está a Estátua do Anjo Caído - o único monumento do mundo dedicado ao diabo, pois mostra a imagem do dito cujo, sendo expulso do paraíso e condenado ao inferno, enroscado numa serpente. A estátua está lá desde 1.855.
Apesar de ser um dia de semana e, portanto, de trabalho normal, muita gente passeia, namora pelo imenso parque. Alguns praticam atletismo e os turistas, como nós aproveitam, para tirar foto em frente a um imenso lago.
Dali seguimos para o Museo del Prado, no Passeo Del Prado, também centro de Madri. O Museu é um patrimônio da Espanha e da humanidade porque lá estão as mais importantes obras da arte mundial em vários períodos. Uma tarde só é pouco para percorrer os vastos corredores e conhecer obras primas de Rafael, Tiziano, Velasquez, Goya, entre outros mestres da pintura em todos os tempos.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
DIÁRIO DE VIAGEM: NOITE DE SÁBADO EM MADRI
Madri, 16 e 17/01 - Sábado à noite, com a temperatura de cerca 12º graus (o que aqui nao é frio, embora todo mundo tenha de sair encapotado), fomos à Plaza Espanha.
De ônibus. O transporte público de Madri (incluindo ônibus e metrô) é considerado o melhor da Europa. Realmente, funciona e custa pouco: com Um Euro (R$ 2,68) você pode percorrer todo o centro de Madri, inclusive, trocar de linhas e fazer a integraçao.
Na Plaza está o monumento a Cervantes, claro, devidamente acompanhado de Don Quixote e o seu fiel escudeiro, Sancho Pança. É um dos pontos mais visitados do centro de Madri. Turistas do mundo inteiro fazem filas para as fotos.
Há os que se penduram no rabo do burrico de orelhas pontiaguadas montado por Sancho, enquanto lá em cima, Don Quixote, montado com seu cavalo esguio, lança erguida, prepara-se para mais uma batalha com moinhos de vento.
Depois de comer rapidamente numa pequena Taberna, próxima ao Senado Espanhol, seguimos até a Plaza del Oriente, onde está o Palácio Real. É um prédio monumental, rodeado por uma praça imensa. Artistas de rua, aproveitam para levantar uns trocados, como um argentino de Rosário, que recolhe umas moedas de Euros, tocando flauta. Diz que é da terra onde nasceu "El Che" e logo encontramos a afinidade necessária para uma troca rápida de "saludos".
Daí seguimos para a Plaza Maior. As ruas do centro mais parecem um enorme formigueiro. Centenas, talvez milhares de pessoas bem arrumadas, lotam bares, cafés, restaurantes. Homens, mulheres de meia idade, jovens, velhos e crianças. É impressionante!
Na Plaza Maior, que é um quadrilátero composto por construçoes (algumas residenciais), dezenas de crianças se aglomeram para acompanhar a habilidade de dois artistas de rua que fazem bolhas de sabao.
No café, completamente lotado, é preciso aguardar a fila. As pessoas apreciam churros com chocolate e, aqui, churros quer dizer, literalmente, "porra". Entao, se estiver passeando por Madri, nao se assuste se ouvir pacatas e recatadas senhoras pedindo ao garçon: "dá-me, una porra, por favor!".
Mente maldosa, nao foi nada disso que você pensou!
DOMINGO, 18/01 - O mercado El Rastro, próximo a Estaçao Tirso de Molina, centro de Madri, é uma festa. Milhares de pessoas se amontoam em barracas. Vende-se de tudo. Literalmente. Além das bugingandas encontráveis em qualquer mercado e espaço alternativo, é possível visitar feiras de antiguidade, com peças dos séculos XVIII e XIX.
Camisetas, roupas de frio, artesanato dos mais variados e, principalmente, milhares de pessoas; o número aumenta proporcionalmente à elevaçao da temperatura.
Dali saimos - eu, Mano e minha mulher - para o bairro de Lavapies, que é um tradicional centro de imigrantes de todas as nacionalidades. Nas ruas estao, argelinos, marroquinos, senegaleses, indianos, enfim... o mundo.
No restaurante - o Mano a Mano -, esperamos July e os pais dela - Graça e Júlio. July está às vésperas de ganhar o primeiro bebê do casal que ainda nao tem nome, mas que todo mundo (avós, incluidos) já chama de Ziquinho, numa referência ao segundo apelido carinhoso do pai.
Junto, chegam amigos e uma amiga de July, brasileiros que já estao na Espanha há alguns anos. A maioria tem vontade de voltar, mas prefere nao fazer planos.
Depois da comida farta (paeja, lubiña, ganbones à la plancha, pescados em geral, enfim, e vinho, claro!), seguimos pelas ruas de Lavapies. Conversei com senegaleses "sin papeles", vale dizer, clandestinos. Um deles me fala da dura vida de ser "sin papel", o que é o bastante para está sob o risco de passar 40 dias "en cana" (agora esse prazo foi aumentado para 60, segundo me conta), se for pego pelas autoridades espanholas. "La vida es mui dura por accá, hermano", me diz ele, como se já me conhecesse há anos.
Coisas do mundo globalizado e das políticas cada vez mais restritivas das autoridades, nao apenas espanholas, mas da comunidade européia, em geral.
De ônibus. O transporte público de Madri (incluindo ônibus e metrô) é considerado o melhor da Europa. Realmente, funciona e custa pouco: com Um Euro (R$ 2,68) você pode percorrer todo o centro de Madri, inclusive, trocar de linhas e fazer a integraçao.
Na Plaza está o monumento a Cervantes, claro, devidamente acompanhado de Don Quixote e o seu fiel escudeiro, Sancho Pança. É um dos pontos mais visitados do centro de Madri. Turistas do mundo inteiro fazem filas para as fotos.
Há os que se penduram no rabo do burrico de orelhas pontiaguadas montado por Sancho, enquanto lá em cima, Don Quixote, montado com seu cavalo esguio, lança erguida, prepara-se para mais uma batalha com moinhos de vento.
Depois de comer rapidamente numa pequena Taberna, próxima ao Senado Espanhol, seguimos até a Plaza del Oriente, onde está o Palácio Real. É um prédio monumental, rodeado por uma praça imensa. Artistas de rua, aproveitam para levantar uns trocados, como um argentino de Rosário, que recolhe umas moedas de Euros, tocando flauta. Diz que é da terra onde nasceu "El Che" e logo encontramos a afinidade necessária para uma troca rápida de "saludos".
Daí seguimos para a Plaza Maior. As ruas do centro mais parecem um enorme formigueiro. Centenas, talvez milhares de pessoas bem arrumadas, lotam bares, cafés, restaurantes. Homens, mulheres de meia idade, jovens, velhos e crianças. É impressionante!
Na Plaza Maior, que é um quadrilátero composto por construçoes (algumas residenciais), dezenas de crianças se aglomeram para acompanhar a habilidade de dois artistas de rua que fazem bolhas de sabao.
No café, completamente lotado, é preciso aguardar a fila. As pessoas apreciam churros com chocolate e, aqui, churros quer dizer, literalmente, "porra". Entao, se estiver passeando por Madri, nao se assuste se ouvir pacatas e recatadas senhoras pedindo ao garçon: "dá-me, una porra, por favor!".
Mente maldosa, nao foi nada disso que você pensou!
DOMINGO, 18/01 - O mercado El Rastro, próximo a Estaçao Tirso de Molina, centro de Madri, é uma festa. Milhares de pessoas se amontoam em barracas. Vende-se de tudo. Literalmente. Além das bugingandas encontráveis em qualquer mercado e espaço alternativo, é possível visitar feiras de antiguidade, com peças dos séculos XVIII e XIX.
Camisetas, roupas de frio, artesanato dos mais variados e, principalmente, milhares de pessoas; o número aumenta proporcionalmente à elevaçao da temperatura.
Dali saimos - eu, Mano e minha mulher - para o bairro de Lavapies, que é um tradicional centro de imigrantes de todas as nacionalidades. Nas ruas estao, argelinos, marroquinos, senegaleses, indianos, enfim... o mundo.
No restaurante - o Mano a Mano -, esperamos July e os pais dela - Graça e Júlio. July está às vésperas de ganhar o primeiro bebê do casal que ainda nao tem nome, mas que todo mundo (avós, incluidos) já chama de Ziquinho, numa referência ao segundo apelido carinhoso do pai.
Junto, chegam amigos e uma amiga de July, brasileiros que já estao na Espanha há alguns anos. A maioria tem vontade de voltar, mas prefere nao fazer planos.
Depois da comida farta (paeja, lubiña, ganbones à la plancha, pescados em geral, enfim, e vinho, claro!), seguimos pelas ruas de Lavapies. Conversei com senegaleses "sin papeles", vale dizer, clandestinos. Um deles me fala da dura vida de ser "sin papel", o que é o bastante para está sob o risco de passar 40 dias "en cana" (agora esse prazo foi aumentado para 60, segundo me conta), se for pego pelas autoridades espanholas. "La vida es mui dura por accá, hermano", me diz ele, como se já me conhecesse há anos.
Coisas do mundo globalizado e das políticas cada vez mais restritivas das autoridades, nao apenas espanholas, mas da comunidade européia, em geral.
sábado, 16 de janeiro de 2010
DIÁRIO DE VIAGEM: GRANADA MONUMENTAL
Granada monumental
Alhambra mítica!
Do alto da Torre de la Vela,
Fortaleza de Alcazaba
Os vencidos seguem repetindo a divisa de Dolores
"¡No passaran!, ¡No passaran!"
GRANADA, 15/01 - Durante toda a manha, depois do café - suco de laranja (zumo de naranja) e bocadilhos (o tradicional pao com jamon, o presunto que faz parte do cardápio espanhol), seguimos para Albaicin, o bairro que guarda a herança da velha Granada, com seu casario típico andaluz, as casinhas brancas enfeitadas com jarros coloridos e flores e ruas bem estreitas.
Além do encanto das casinhas, muito antigas, o mirador de San Nicolás, que fica em frente a Igreja do mesmo nome, oferece uma visao privilegiada de Alhambra e da Serra Nevada ao longe. O mirador é um ponto de passagem obrigatória, porque além da vista é possível visitar a Mesquita, o Centro de Estudos Árabes e fazer contato com a cultura cigana.
Antônio, o cantor cigano, no velho estilo, depois de uma discussao acalorada - ao que entendemos pelo ponto - passa a cantar, a caixa do violao aberta para receber as moedas em euros que os visitantes vao jogando.
IMIGRANTES E MARROQUINOS
Em Granada também é possível fazer contato com o drama dos imigrantes, africanos na sua maioria. Senegaleses percorrerem as ruas, vendendo CDs piratas. No caminho para a estaçao para pegar o ônibus de volta à Madri, encontro Hassan, um senagalês que, na companhia de um amigo, se dirige às plantaçoes de azeitona em Jaenz, cidade próxima à Granada. Aliás, de Madri a Granada, viaja-se horas e horas por campos de Oliveiras. Daqui sai boa parte do melhor azeite consumido no mundo, inclusive, por nós no Brasil.
Hassan me diz que há quatro anos trabalha em Jaenz, durante a colheita e agora traz um amigo. Diz que a vida é dificil, que há racismo contra os imigrantes, mas acrescenta. "Nao dá pra reclamar. Em Dacar nao há trabalho prá nós".
Uma outra face da imigraçao é a forte presença dos marroquinos, que transformaram as ruas próximas a Plaza Nueva, em verdadeiros bazares, onde é possível encontrar de tudo. As mercadorias, artesanato, objetos para decoraçao, tecidos, nao sao apenas do Marrocos, mas vários países arábes.
É numa dessas barracas encontro um darbuga, uma espécie de tambor marroquino, que compro como lembrança, e o meu kefia, o tradicional lenço palestino, que procurava nas cores vermelha e branca.
À caminho da Estaçao de Autobuses para pegar o ônibus de volta à Madri, onde chegaríamos exatamente às 12h02, vou observando a Grand Via de Granada, o movimento intenso de turistas. A viagem por uma autopista bem conservada sem transtornos, nem sobressaltos.
Acordei hoje de manha com o poema, transcrito acima, que é a impressao que vou guardar de Granada.
GRANADA, 14/01 - A Fortaleza, com os seus palácios, em especial os dos Nazaries - a última dinastia de sultoes árabes - é visitada anualmente por milhares de pessoas. No ano passado, 3 milhoes a visitaram - uma média de 8 mil pessoas/dia, gente do mundo inteiro.
O Hotel em que ficamos - o Zaguan del Darro - fica as margens do Rio Darro, e daqui dá pra ver a Torre de la Vela, Fortaleza de Alcazaba, a entrada principal dos Palácios Nazaries. Para entrar, é preciso reserva para evitar filas quilométricas. Paga-se Vinte e seis Euros.
Antes de entrar, eu e minha mulher, percorremos os jardins de Alhambra, um parque belíssimo, cheio de árvores e muito bem cuidado, e percorrer as exposiçoes do Palácio mandado construir pelo Rei Carlos V, após a reconquista pelos reis Fernando V de Aragao e Isabel I de Castilha, os reis católicos que, aliás, tem suas tumbas na Capela Real, construida junto a Catedral (Século XVI).
De Alcazaba se tem uma visao privilegiada de Granada, com seu casario. Entende-se porque esse lugar era uma fortaleza. Daqui era possível divisar qualquer movimento à distância de quilômetros.
Munidos dos tickets de entrada, que havíamos reservado pela Internet, eu e minha mulher, Dolores, subimos a Fortaleza, em direçao a Torre de la Vela. Na pressa para chegar até o último pavimento, o ticket de entrada que segurava junto com um livro, escapa das minhas maos e é levado pelo vento. Pronto! Acabou-se o sonho de conhecer Alhambra, cheguei a pensar.
Numa fraçao de segundos, porém, o ticket é milagrosamente trazido pelo vento, provocando o meu espanto e alívio. Corremos para a entrada, agendada para as 14h30 e passamos a percorrer as várias e belíssimas dependências do Palácio dos Nazaries até o Jardim de verao onde os sultoes descansavam - o Generalife. Vendo a belísssima arquitetura, os azulejos, a distribuiçao dos espaços é possível entender o porque a presença árabe e muçulmana ainda se mantém viva por aqui tanto depois.
À noite, estivemos no Venta al Gallo, em Sacromonte, para assistir a um espetáculo de dança flamenca. Sacromonte é uma área em Granada onde estao as Cuevas, as casas onde se apresentam os grupos de dança flamenca.
O sapateado, a altivez com que dançam, a voz rouca do cantor cigano, é um retrato, de que a alma gitana está na Andaluzia e, claro, em toda a Espanha.
GRANADA, 13/01 - Chegamos a Granada, na Andaluzia, depois de uma viagem de quatro horas e meia, desde Madrid. De ônibus. Granada foi o último reduto muçulmano da Espanha, denominada por séculos como "el Damásco de Al Andalus. É um ponto de encontro entre civilizaçoes, cidade onde nasceu e foi morto pela ditadura de Franco, Federico Garcia Lorca.
A principal atraçao de Granada é o conjunto de palácios e jardins que constituem Alhambra e Generalife, a fortaleza construída pelos sultaos arábes que durante quase 600 anos dominaram essas terras.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
DIÁRIO DE VIAGEM: DE ATOCHA PARA TOLEDO
Segunda-feira, 11/janeiro - Madri amanheceu sob o impacto da nevasca da noite anterior. Saímos, eu e minha mulher, em direção à Estaçao Atocha para tomar o trem para Toledo. Atocha, ou Atocha Renfe, foi onde aconteceu o atentado que matou 191 pessoas e deixou 1.700 feridas em 11 de março de 2004 - o 11 de setembro espanhol.
O atentado até hoje é um mistério porque o suposto comando terrorista, cercado pela polícia espanhola poucas semanas depois, cometeu suicído fazendo explodir o apartamento em que estava.
O governo acusa a Al Qaeda, mas as investigaçoes nunca foram conclusivas. Em homenagem às vítimas foi erguido um jardim tropical, no interior da Estaçao, com palmeiras e um lago, onde tartarugas, grandes e pequenas, se esforçam para subir nas pedras e pegar uma nesga de sol.
Os trens sofrem atrasos por causa da neve, porém embarcamos no das 12h20, em direçao a Toledo, cidade que durante séculos foi símbolo da convivência pacífica das culturas judaica, muçulmana e crista.
Os trens, além de muito velozes, sao extremamente confortáveis; desliza em meio ao branco da neve por todos os lados e em 30 minutos chegamos à Estaçao de Toledo, inaugurada em 1.919 e que mantém o desenho original.
A neve continua em toda a parte, e o frio, bem o frio é uma constante. Na fila pela espera do bus ou táxi (o que chegar primeiro), cinco brasileiros: uma médica de Aracaju, Elina, sua nora Priscila, do Rio, vivendo em Madri com o marido, e um paulista de Presidente Prudente, além de duas estudantes de Curitiba, que estao vindo passar alguns dias.
Tenho uma tendência natural (quase compulsao) em puxar conversa com brasileiros, quando me encontro fora do país. Acho legal compartilhar a experiência de quem está fora, e chego a me irritar com alguns - que mesmo percebendo o português/brasileiro falado ao lado - fazem de conta que nao estao nem aí. Acho uma atitude esnobe, me aborreço. Por isso, a primeira coisa que faço quando encontro brasileiros é: "de onde sao?" Faço o mesmo com latino-americanos, o que normalmente rende bons papos, troca de experiências e, até mesmo amizades.
Até hoje tenho, em Buenos Aires, uma amiga que fiz na viagem a Bolívia e ao Peru (Cuzco e Machupicchu), em 2001, com o Dojival, meu filho. Alessandra Sittner, a Ale, advogada, é uma amiga querida, que ja esteve em casa, em S. Paulo, e que pretendo reencontrar no retorno, quando da passagem por Buenos Aires.
TOLEDO, O PODER DA IGREJA
Em Toledo, além do casario da Idade Média e da convivência pacífica entre as culturas - até a expulsao de judeus e muçulmanos, em 1.492 (o mesmo ano do descobrimento das Américas por Colombo), chama a atençao a visita a Catedral de Toledo.
Quem quiser ter uma idéia de como a Igreja Católica é um império multinacional, do seu luxo, riqueza e imponência, bem explícito no Estado que o Vaticano encarna, tem de dedicar algumas horas a percorrer a Catedral de Toledo. Os nobres da época dividiam o espaço do templo, comprando os metros quadrados onde seriam enterrados, e transformando esses espaços em capelas; luxo e riqueza, ouro, tudo.
A Inquisiçao na Espanha atuou sob o controle dos reis, de 1.478 até 1.834, resultado da reconquista da Espanha pelas maos dos muçulmanos e da política de conversao de judeus e muçulmanos espanhóis ao catolicismo. A Inquisição foi um importante instrumento na política chamada limpeza de sangue contra os descendentes de judeus e de muçulmanos convertidos.
Quadros de Rafael, e El Greco, que viveu na cidade, se destacam no museu, que funciona dentro da Catedral.
Depois estivemos no bairro judeu, onde a Sinagoga estava fechada por causa da segunda feira. Na parte muçulmana, só pudemos ter uma idéia pela visita ao Museu de Santa Cruz, onde se pode ter ver como era a convivência pacífica e harmoniosa entre as três culturas durante o período da ocupaçao da Península Ibérica (Espanha e Portugal) pelos árabes.
A visita a Toledo termina com uma passada em um bar da Praça Zocodover. Um bate papo com o garçom Eliseu Portales, um paraguaio, nos coloca novamente no território comum, nas veias abertas da América Latina. Brinca Portales que, seu presidente, o bispo Lugo, "se elegeu graças ao apoio dos filhos", numa alusao bem humorada a quantidade de mães chorosas que reclamam de Lugo a paternidade de seus rebentos.
O garçom também nos lembra que "Lula esteve aqui en la Plaza, el año pasado, con Zapatero".
Nos despedimos, com um run cubano para espantar o frio, e seguimos até a Estaçao para tomar o trem de volta a Madri.
Arriba, España! Com neve e tudo!
O atentado até hoje é um mistério porque o suposto comando terrorista, cercado pela polícia espanhola poucas semanas depois, cometeu suicído fazendo explodir o apartamento em que estava.
O governo acusa a Al Qaeda, mas as investigaçoes nunca foram conclusivas. Em homenagem às vítimas foi erguido um jardim tropical, no interior da Estaçao, com palmeiras e um lago, onde tartarugas, grandes e pequenas, se esforçam para subir nas pedras e pegar uma nesga de sol.
Os trens sofrem atrasos por causa da neve, porém embarcamos no das 12h20, em direçao a Toledo, cidade que durante séculos foi símbolo da convivência pacífica das culturas judaica, muçulmana e crista.
Os trens, além de muito velozes, sao extremamente confortáveis; desliza em meio ao branco da neve por todos os lados e em 30 minutos chegamos à Estaçao de Toledo, inaugurada em 1.919 e que mantém o desenho original.
A neve continua em toda a parte, e o frio, bem o frio é uma constante. Na fila pela espera do bus ou táxi (o que chegar primeiro), cinco brasileiros: uma médica de Aracaju, Elina, sua nora Priscila, do Rio, vivendo em Madri com o marido, e um paulista de Presidente Prudente, além de duas estudantes de Curitiba, que estao vindo passar alguns dias.
Tenho uma tendência natural (quase compulsao) em puxar conversa com brasileiros, quando me encontro fora do país. Acho legal compartilhar a experiência de quem está fora, e chego a me irritar com alguns - que mesmo percebendo o português/brasileiro falado ao lado - fazem de conta que nao estao nem aí. Acho uma atitude esnobe, me aborreço. Por isso, a primeira coisa que faço quando encontro brasileiros é: "de onde sao?" Faço o mesmo com latino-americanos, o que normalmente rende bons papos, troca de experiências e, até mesmo amizades.
Até hoje tenho, em Buenos Aires, uma amiga que fiz na viagem a Bolívia e ao Peru (Cuzco e Machupicchu), em 2001, com o Dojival, meu filho. Alessandra Sittner, a Ale, advogada, é uma amiga querida, que ja esteve em casa, em S. Paulo, e que pretendo reencontrar no retorno, quando da passagem por Buenos Aires.
TOLEDO, O PODER DA IGREJA
Em Toledo, além do casario da Idade Média e da convivência pacífica entre as culturas - até a expulsao de judeus e muçulmanos, em 1.492 (o mesmo ano do descobrimento das Américas por Colombo), chama a atençao a visita a Catedral de Toledo.
Quem quiser ter uma idéia de como a Igreja Católica é um império multinacional, do seu luxo, riqueza e imponência, bem explícito no Estado que o Vaticano encarna, tem de dedicar algumas horas a percorrer a Catedral de Toledo. Os nobres da época dividiam o espaço do templo, comprando os metros quadrados onde seriam enterrados, e transformando esses espaços em capelas; luxo e riqueza, ouro, tudo.
A Inquisiçao na Espanha atuou sob o controle dos reis, de 1.478 até 1.834, resultado da reconquista da Espanha pelas maos dos muçulmanos e da política de conversao de judeus e muçulmanos espanhóis ao catolicismo. A Inquisição foi um importante instrumento na política chamada limpeza de sangue contra os descendentes de judeus e de muçulmanos convertidos.
Quadros de Rafael, e El Greco, que viveu na cidade, se destacam no museu, que funciona dentro da Catedral.
Depois estivemos no bairro judeu, onde a Sinagoga estava fechada por causa da segunda feira. Na parte muçulmana, só pudemos ter uma idéia pela visita ao Museu de Santa Cruz, onde se pode ter ver como era a convivência pacífica e harmoniosa entre as três culturas durante o período da ocupaçao da Península Ibérica (Espanha e Portugal) pelos árabes.
A visita a Toledo termina com uma passada em um bar da Praça Zocodover. Um bate papo com o garçom Eliseu Portales, um paraguaio, nos coloca novamente no território comum, nas veias abertas da América Latina. Brinca Portales que, seu presidente, o bispo Lugo, "se elegeu graças ao apoio dos filhos", numa alusao bem humorada a quantidade de mães chorosas que reclamam de Lugo a paternidade de seus rebentos.
O garçom também nos lembra que "Lula esteve aqui en la Plaza, el año pasado, con Zapatero".
Nos despedimos, com um run cubano para espantar o frio, e seguimos até a Estaçao para tomar o trem de volta a Madri.
Arriba, España! Com neve e tudo!
domingo, 10 de janeiro de 2010
DIARIO DE VIAGEM: BARCELONA, EL RASTRO E A NEVE
Domingo, 10 de janeiro (noite) - Madri está sob uma intensa nevada e eu pude sentir, pela primeira vez, os rigores do inverno europeu. Aqui na Peñacalles, bairro de Salamanca, rua em que mora meu enteado, Mano, caminhei com o chao completamente tomado pela neve e estive no Parque Fonte Del Berro, igualmente coberto. Carros e os telhados das casas, idem.
Agora, passa da meia noite e a neve continua a cair. Vejam o que diz o El País, o principal jornal espanhol.
Domingo, 10 de janeiro (manha) - Para quem está em Madri, um programa imperdível é bater perna pelo mercado El Rastro - uma espécie de Feira, que ocupa várias ruas próxima a Estaçao do Metrô Tirso de Molina, centro.
Tem de tudo. É impressionante. Debaixo de um frio próximo a zero, que aumentaria e descambaria numa intensa nevada (veja acima), percorremos ruas e ruas com centenas de barracas, que vendem todo o tipo de quinquilharias, de roupas usadas à antiguidades, como peças do mobiliário do século XVIII.
No dia anterior, no sábado (08/janeiro), conhecemos o restaurante do seo Henrique, um português que vive há anos em Madri e conhecido pela qualidade do bacalhau que serve. O português de vastos bigodes brancos, toda vez que trazia o prato, avisava: "cuidado, está chateado". Nao entendemos até ele explicar, que "o prato estava quente". Na saída, ganhamos duas garrafas de "bagaço" uma espécie de pinga que seu Henrique garante que vem de Bragança, sua cidade de origem.
Aqui, a fachada principal da Casa Batlló; mais abaixo com a minha mulher experimantando a comida catala, que ninguém é de ferro.
Da capital da Catalunha, 06/janeiro - Saímos bem cedo, com um frio próximo aos 5 graus para pegar o metrô em direçao ao Terminal 4 do Aeroporto de Barajas, onde tomaríamos o vôo da Companhia Vueling - que faz a ligaçao com as províncias espanholas. Vôo rápido: 50 minutos.
Barajas, que foi o terror para muitos brasileiros mandados de volta pelos controles da imigraçao espanhola, é um aeroporto moderno de linhas arrojadas. Lembra uma instalaçao futurista e ainda faz escuro, mesmo às 8h, quando nos dirigimos ao portao de embarque.
O primeiro choque é que temos de tirar sapatos, cinturoes e tudo de metal que porventura carreguemos. Nos dao aquelas sapatilhas de plástico que se usa em hospital para evitar contaminaçao. Submetemos a bagagem e tudo em nosso poder. Tempos modernos em que os países europeus - por conta do fenômeno do terrorismo - comeñam a implantar escaneres do corpo inteiro, medida que manda às favas qualquer privacidade porque a pessoa fica literalmente nua.
Barcelona é um choque de modernidade e beleza, desde a entrada. Aeroporto moderno, aerobus que tomamos até ocentro, superlimpo, rodando por uma autopista rápida que, em 25 minutos nos deixa na Praça Catalunya, centro de Barcelona. Caminhamos por cinco minutos e pegamos o metrô até o Arco do Triomph, que lembra o similar de Paris e que abre para uma ampla e arborizada alameda, calçada e arborizada. Chegamos ao Hotel - o Catalunya Princesa - em menos de três minutos, caminhando. A vasta Alameda do Arco do Triomph, normalmente povoada por esqueitistas e ciclistas, vazia, por causa do feriado de Reis.
O choque é inevitável e só está começando. A cidade tem uma história que remonta ao domínio romano, passando pelo período medieval. Você anda pelo bairro gótico e se depara com prédios e construçoes dos séculos XV, XVI e XVII. Até mesmo uma muralha romana é preservada. Anda por ruazinhas super estreitas e fica de boca aberta com tanta beleza.
"Meu Deus!", comento com minha mulher, ao andarmos pelas ruazinhas com a sensaçao de uma viagem de volta no tempo e onde se tem a impressao de um mergulho profundo na história. A Catalunha se forjou como Naçao própria, desde o período da ocupaçao romana. Sao séculos de história e tradiçao que culminam com a heróica resistência na Guerra Civil (1.936 a 1.939) e durante o regime franquista, que só terminaria em 1.975, com a morte do ditador.
No primeiro dia, além da descoberta do Bairro Gótico, uma passada no Museu Picasso, fomos conhecer a Igreja da Sagrada Família, uma das obras do genial arquiteto catalao Antoni Gaudi.
Terminamos a noite, andando pelas ruazinhas estreitas do bairro Gótico, a parte mais antiga da cidade. Os restaurantes - em profusao na Catalunha e em toda Espanha (existem bares para cada espanhol), sao limpos, o cardápio é variado e o serviço de primeira.
Na quinta-feira, 07 de janeiro - Dia de chuva e de muito frio. Saímos para conhecer La Rambla - um enorme calçadao, com barracas para venda de material turístico de lado a lado. A principal atraçao de La Rambla é a Boqueria, o mercado, onde é possível encontrar de tudo - de frutos do mar, a flores dos mais variados tipos.
O frio e a chuva sao insistentes, mas seguimos até o porto de Barcelona. O monumento à Cristóvao Colombo (Glória a Colon), impressiona, mas a chuva faz aumentar a sensaçao de frio, embora eu e minha mulher estejamos bem agasalhados. Acabamos em um imenso shopping no Porto sob a tentaçao das "rebajas", ou "rebaixes", em catalao, a temporada de liquidaçoes aberta logo após o feriado de Reis.
É possível comprar qualquer coisa por preços em até 70% abaixo do normal. Mas, convém nao esquecer que estamos falando de Euros, cujo valor é quase 3 vezes maior ao Real.
Entao, a tentaçao é grande, mas a grana é curta.
Sexta-feira, 08/janeiro - A chuva parou, embora o frio seja constante. Fomos conhecer a obra prima do genial Gaudi, a Casa Battló, em pleno Passeo de Gracie, uma avenida com lojas chiques e gente bem vestida. Lembrei da Avenida Paulista, embora o conjunto arquitetônico, seja mais impressionante. Na mesma rua, bem próximo, uma outra obra de Gaudi, a Pedreira, também chama a atençao pela arquitetura arrojada.
A Casa Battló, que é considerada a obra prima de Gaudi, é um monumento à beleza. Impossível descrever, porque a sensaçao que se tem é de que se está dentro de um quadro de um genial pintor. Só que neste caso, o quadro é a própria casa, um dos símbolos maiores do modernismo no século XX.
Saímos às pressas da Casa Battló para pegar novamente o Aerobus em direçao ao Aeroporto de Barcelona, para tomar o voo da Vueling de volta a Madri, às 16h.
Agora, passa da meia noite e a neve continua a cair. Vejam o que diz o El País, o principal jornal espanhol.
La nieve activa todas las alarmas en Madrid
"Una intensa nevada hace casi imposible la circulación en las calles de la capital.-Las previsiones indican que seguirá nevando copiosamente de madrugada.-El Ejército interviene en Móstoles y Leganés tras solicitarlo sus alcaldes.-Fomento abrirá los peajes de los accesos a la capital de 7 a 9 de la mañana para agilizar el tráfico y evitar el caos."
Valei-me meu Padim Pade Ciço!!!Domingo, 10 de janeiro (manha) - Para quem está em Madri, um programa imperdível é bater perna pelo mercado El Rastro - uma espécie de Feira, que ocupa várias ruas próxima a Estaçao do Metrô Tirso de Molina, centro.
Tem de tudo. É impressionante. Debaixo de um frio próximo a zero, que aumentaria e descambaria numa intensa nevada (veja acima), percorremos ruas e ruas com centenas de barracas, que vendem todo o tipo de quinquilharias, de roupas usadas à antiguidades, como peças do mobiliário do século XVIII.
No dia anterior, no sábado (08/janeiro), conhecemos o restaurante do seo Henrique, um português que vive há anos em Madri e conhecido pela qualidade do bacalhau que serve. O português de vastos bigodes brancos, toda vez que trazia o prato, avisava: "cuidado, está chateado". Nao entendemos até ele explicar, que "o prato estava quente". Na saída, ganhamos duas garrafas de "bagaço" uma espécie de pinga que seu Henrique garante que vem de Bragança, sua cidade de origem.
Aqui, a fachada principal da Casa Batlló; mais abaixo com a minha mulher experimantando a comida catala, que ninguém é de ferro.
Da capital da Catalunha, 06/janeiro - Saímos bem cedo, com um frio próximo aos 5 graus para pegar o metrô em direçao ao Terminal 4 do Aeroporto de Barajas, onde tomaríamos o vôo da Companhia Vueling - que faz a ligaçao com as províncias espanholas. Vôo rápido: 50 minutos.
Barajas, que foi o terror para muitos brasileiros mandados de volta pelos controles da imigraçao espanhola, é um aeroporto moderno de linhas arrojadas. Lembra uma instalaçao futurista e ainda faz escuro, mesmo às 8h, quando nos dirigimos ao portao de embarque.
O primeiro choque é que temos de tirar sapatos, cinturoes e tudo de metal que porventura carreguemos. Nos dao aquelas sapatilhas de plástico que se usa em hospital para evitar contaminaçao. Submetemos a bagagem e tudo em nosso poder. Tempos modernos em que os países europeus - por conta do fenômeno do terrorismo - comeñam a implantar escaneres do corpo inteiro, medida que manda às favas qualquer privacidade porque a pessoa fica literalmente nua.
Barcelona é um choque de modernidade e beleza, desde a entrada. Aeroporto moderno, aerobus que tomamos até ocentro, superlimpo, rodando por uma autopista rápida que, em 25 minutos nos deixa na Praça Catalunya, centro de Barcelona. Caminhamos por cinco minutos e pegamos o metrô até o Arco do Triomph, que lembra o similar de Paris e que abre para uma ampla e arborizada alameda, calçada e arborizada. Chegamos ao Hotel - o Catalunya Princesa - em menos de três minutos, caminhando. A vasta Alameda do Arco do Triomph, normalmente povoada por esqueitistas e ciclistas, vazia, por causa do feriado de Reis.
O choque é inevitável e só está começando. A cidade tem uma história que remonta ao domínio romano, passando pelo período medieval. Você anda pelo bairro gótico e se depara com prédios e construçoes dos séculos XV, XVI e XVII. Até mesmo uma muralha romana é preservada. Anda por ruazinhas super estreitas e fica de boca aberta com tanta beleza.
"Meu Deus!", comento com minha mulher, ao andarmos pelas ruazinhas com a sensaçao de uma viagem de volta no tempo e onde se tem a impressao de um mergulho profundo na história. A Catalunha se forjou como Naçao própria, desde o período da ocupaçao romana. Sao séculos de história e tradiçao que culminam com a heróica resistência na Guerra Civil (1.936 a 1.939) e durante o regime franquista, que só terminaria em 1.975, com a morte do ditador.
No primeiro dia, além da descoberta do Bairro Gótico, uma passada no Museu Picasso, fomos conhecer a Igreja da Sagrada Família, uma das obras do genial arquiteto catalao Antoni Gaudi.
Terminamos a noite, andando pelas ruazinhas estreitas do bairro Gótico, a parte mais antiga da cidade. Os restaurantes - em profusao na Catalunha e em toda Espanha (existem bares para cada espanhol), sao limpos, o cardápio é variado e o serviço de primeira.
Na quinta-feira, 07 de janeiro - Dia de chuva e de muito frio. Saímos para conhecer La Rambla - um enorme calçadao, com barracas para venda de material turístico de lado a lado. A principal atraçao de La Rambla é a Boqueria, o mercado, onde é possível encontrar de tudo - de frutos do mar, a flores dos mais variados tipos.
O frio e a chuva sao insistentes, mas seguimos até o porto de Barcelona. O monumento à Cristóvao Colombo (Glória a Colon), impressiona, mas a chuva faz aumentar a sensaçao de frio, embora eu e minha mulher estejamos bem agasalhados. Acabamos em um imenso shopping no Porto sob a tentaçao das "rebajas", ou "rebaixes", em catalao, a temporada de liquidaçoes aberta logo após o feriado de Reis.
É possível comprar qualquer coisa por preços em até 70% abaixo do normal. Mas, convém nao esquecer que estamos falando de Euros, cujo valor é quase 3 vezes maior ao Real.
Entao, a tentaçao é grande, mas a grana é curta.
Sexta-feira, 08/janeiro - A chuva parou, embora o frio seja constante. Fomos conhecer a obra prima do genial Gaudi, a Casa Battló, em pleno Passeo de Gracie, uma avenida com lojas chiques e gente bem vestida. Lembrei da Avenida Paulista, embora o conjunto arquitetônico, seja mais impressionante. Na mesma rua, bem próximo, uma outra obra de Gaudi, a Pedreira, também chama a atençao pela arquitetura arrojada.
A Casa Battló, que é considerada a obra prima de Gaudi, é um monumento à beleza. Impossível descrever, porque a sensaçao que se tem é de que se está dentro de um quadro de um genial pintor. Só que neste caso, o quadro é a própria casa, um dos símbolos maiores do modernismo no século XX.
Saímos às pressas da Casa Battló para pegar novamente o Aerobus em direçao ao Aeroporto de Barcelona, para tomar o voo da Vueling de volta a Madri, às 16h.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
DIARIO DE VIAGEM: DIA DE REIS NA ESPANHA
MADRI, 05 de janeiro/2010 - Nao é no 25 de dezembro, e sim, en 06 de janeiro - Dia de Reis - que se troca presentes na Espanha. Hoje, na véspera, as ruas do centro de Madri estavam cheias e houve a Caminhada dos Reis Magos, até a Fonte Cibeles.
É uma espécie de desfile, que lembra uma Escola de Samba. Baltazar, Melchior e Gaspar que, de acordo com o relato bíblico, foram levar presentes ao Menino Jesus, saúdam a multidao, distribuindo doces às crianças, acompanhados por carros alegóricos. O evento é transmitido pela TV espanhola.
Ao invés do Papai Noel, aqui é a eles que se reverencia. Interessante observar o espanhol branco, pintado de negro, representando Baltazar, o Rei Negro.
Nao me animei a assistir ao desfile. Preferi a Calle Goya, centro de Madri, onde passamos - eu e minha mulher - quase toda a tarde, batendo perna. Passei na Casa del Libro, onde viveu o poeta Lorca, antes de ser executado pela ditadura franquista. Lá está a placa. "Aqui vivio Lorca - de 1.933 a 1.936."
Na Calle Goya, esquina com Calle Alcallá, há a grande loja por onde passam nestes dias, milhares de madrilenhos para as compras; El Corte Inglês, é como se chama. É imensa. Lá é possível encontrar qualquer coisa - de livros a objetos de casa, de eletrodomésticos, eletroeletrônicos, passando por roupas de todos os tipos e para todos os gostos. Haja Euros, para quem os tem!
Depois de gastar sola de sapato e debaixo de um frio de 8º a 10º graus, mas sem chuva, paramos na Taberna Gambrinos, onde Mano nos recomenda Huevo Rotos campero - Ovos quebrados, em traduçao livre(uma delícia!). Os espanhóis cultivam o hábito de desgustar tapas - tira gostos, em traduçao mais livre ainda. Você sai pelos bares (tabernas, por aqui), e vai pedindo tapas com caña, que é como chamam a cerveja, ou vinho. Cada tapa melhor que a outra, sempre à base de pescados, camaroes, principalmente.
Na Gambrinos, uma cena me comove: dois velhinhos - uma senhora passada dos 70, calculo, e um senhor,possivelmente da mesma idade - mas ainda vaidosos o bastante para fazerem poses para fotos que se deixam tirar um do outro - namoram, trocam carinhos, numa mesa.
A cena deve ser comum por aqui, onde em cada 10 pessoas que vejo nas ruas, sete sao velhinhos iguais aos que vi namorando na Gambrinos, dois sao de meia idade e apenas um é jovem ou adolescente.
À saída, nos avisa Mano, sempre é bom um "hasta luego...!" para os garçons.
Nesta quarta, 06 - Dia de Reis - eu e minha mulher, Dolores, seguimos para Barcelona, a capital da Catalunha, em vôo que sai de Baraja, Madri, às 8h. Arriba!
É uma espécie de desfile, que lembra uma Escola de Samba. Baltazar, Melchior e Gaspar que, de acordo com o relato bíblico, foram levar presentes ao Menino Jesus, saúdam a multidao, distribuindo doces às crianças, acompanhados por carros alegóricos. O evento é transmitido pela TV espanhola.
Ao invés do Papai Noel, aqui é a eles que se reverencia. Interessante observar o espanhol branco, pintado de negro, representando Baltazar, o Rei Negro.
Nao me animei a assistir ao desfile. Preferi a Calle Goya, centro de Madri, onde passamos - eu e minha mulher - quase toda a tarde, batendo perna. Passei na Casa del Libro, onde viveu o poeta Lorca, antes de ser executado pela ditadura franquista. Lá está a placa. "Aqui vivio Lorca - de 1.933 a 1.936."
Na Calle Goya, esquina com Calle Alcallá, há a grande loja por onde passam nestes dias, milhares de madrilenhos para as compras; El Corte Inglês, é como se chama. É imensa. Lá é possível encontrar qualquer coisa - de livros a objetos de casa, de eletrodomésticos, eletroeletrônicos, passando por roupas de todos os tipos e para todos os gostos. Haja Euros, para quem os tem!
Depois de gastar sola de sapato e debaixo de um frio de 8º a 10º graus, mas sem chuva, paramos na Taberna Gambrinos, onde Mano nos recomenda Huevo Rotos campero - Ovos quebrados, em traduçao livre(uma delícia!). Os espanhóis cultivam o hábito de desgustar tapas - tira gostos, em traduçao mais livre ainda. Você sai pelos bares (tabernas, por aqui), e vai pedindo tapas com caña, que é como chamam a cerveja, ou vinho. Cada tapa melhor que a outra, sempre à base de pescados, camaroes, principalmente.
Na Gambrinos, uma cena me comove: dois velhinhos - uma senhora passada dos 70, calculo, e um senhor,possivelmente da mesma idade - mas ainda vaidosos o bastante para fazerem poses para fotos que se deixam tirar um do outro - namoram, trocam carinhos, numa mesa.
A cena deve ser comum por aqui, onde em cada 10 pessoas que vejo nas ruas, sete sao velhinhos iguais aos que vi namorando na Gambrinos, dois sao de meia idade e apenas um é jovem ou adolescente.
À saída, nos avisa Mano, sempre é bom um "hasta luego...!" para os garçons.
Nesta quarta, 06 - Dia de Reis - eu e minha mulher, Dolores, seguimos para Barcelona, a capital da Catalunha, em vôo que sai de Baraja, Madri, às 8h. Arriba!
DIÁRIO DE VIAGEM: AOS PÉS DE GUERNICA
SEGUNDA-FEIRA, 04/Janeiro - Saímos para uma incursao pelo centro de Madri. Pegamos o Metro na Estacion Manuel Becerra, na Doutor Esquerdo, e seguimos até o Centro histórico. A idéia era conhecer a Estátua de Cervantes, na Plaza de Espanha, o Senado Federal.
A chuva nao deixou. Primeiro, leve, depois mais forte; por fim, contínua. Retornamos, eu e Dolores. Mudamos o programa para uma visita ao Museu Reina Sofia, onde estao as obras de Pablo Picasso, Salvador Dali, Joan Mirò e outros tantos.
A chuva nos revelou duas coisas: o mercado de venda de guarda-chuvas, que eles chamam aqui de paráguas, dominado pelos imigrantes africanos, em especial, senegaleses, boa parte deles, ilegais. Andam rápido, oferecem a mercadoria, temendo serem pegos.
Compramos um guarda-chuva, ou paráguas, por Três Euros (o equivalente a R$ 9,00), e seguimos para o Museu, onde cerca de 50 pessoas, faziam fila para entrar. Paga-se Seis Euros, pela entrada.
No Museu, imenso, com corredores enormes e amplos saloes, é impressionante ver dezenas de pessoas boquiabertas diante do original da Guernica, a obra maior de Picasso, que retrata os horrores da Guerra civil espanhola. Sao impressionantes os quadros (estudos) de Picasso, preparatórios da obra.
No salao dedicado a Dali, um quadro também reune muita gente em volta: "La muchacha em la ventana", do gênio espanhol do surrealismo. Uma exposiçao de fotos sobre a guerra civil espanhola, impressiona pelo realismo das imagens.
Três horas depois, um pouco cansados, saímos, tendo conseguido ver apenas uma pequena parte das dezenas de obras, das maiores da arte contemporânea mundial.
A chuva nao deixou. Primeiro, leve, depois mais forte; por fim, contínua. Retornamos, eu e Dolores. Mudamos o programa para uma visita ao Museu Reina Sofia, onde estao as obras de Pablo Picasso, Salvador Dali, Joan Mirò e outros tantos.
A chuva nos revelou duas coisas: o mercado de venda de guarda-chuvas, que eles chamam aqui de paráguas, dominado pelos imigrantes africanos, em especial, senegaleses, boa parte deles, ilegais. Andam rápido, oferecem a mercadoria, temendo serem pegos.
Compramos um guarda-chuva, ou paráguas, por Três Euros (o equivalente a R$ 9,00), e seguimos para o Museu, onde cerca de 50 pessoas, faziam fila para entrar. Paga-se Seis Euros, pela entrada.
No Museu, imenso, com corredores enormes e amplos saloes, é impressionante ver dezenas de pessoas boquiabertas diante do original da Guernica, a obra maior de Picasso, que retrata os horrores da Guerra civil espanhola. Sao impressionantes os quadros (estudos) de Picasso, preparatórios da obra.
No salao dedicado a Dali, um quadro também reune muita gente em volta: "La muchacha em la ventana", do gênio espanhol do surrealismo. Uma exposiçao de fotos sobre a guerra civil espanhola, impressiona pelo realismo das imagens.
Três horas depois, um pouco cansados, saímos, tendo conseguido ver apenas uma pequena parte das dezenas de obras, das maiores da arte contemporânea mundial.
domingo, 3 de janeiro de 2010
DIÁRIO DE VIAGEM: NA TABERNA GALEGA
Domingo, 03/Janeiro - Passeio pelo centro de Madri. A cidade é linda também durante o dia. Tomamos - eu, Dolores, Mano, July, Graça e Júlio, sogros do Mano - o ônibus 02, na Doutor Esquerdo, Zona Oeste de Madri, que nos leva até o Passeo Del Prado, onde estao os museus Reina Sofia, de Arte Moderna, que guarda obras como Guernica, de Picasso, e o Museo Del Prado, dentre outros.
Passamos em frente ao QG do Exército Espanhol. "Paz en el mundo", diz a mensagem. Terá o espírito de Natal chegado aos militares espanhóis?,penso com meus botoes. Por falar em Natal, por aqui, o 25 de dezembro nao tem o mesmo peso que prá nós, embora, óbvio, a data seja celebrada. A tradicional troca de presentes, por exemplo, acontece na quarta-feira, 06 de janeiro, Dia de Reis.
Seguimos pelo Passeo del Prado, um enorme espaço retangular, ajardinado. Por causa das baixas temperaturas, as folhas das árvores parecem imóveis, secas, também elas de frio.
Seguimos até Calle Huertas, para provar as delícias da cozinha galega, na Taberna Macieras. O lugar é aconchegante, a comida (frutos do mar), polvo (pulpo), lula(calamar), vieiras, almejas, arroz mariñero e vinho branco, Albariño. Uma delícia!
Finalmente, conheço o molusco do qual meus antepassados, em tempos longínquos, aqui mesmo nesta Península Ibérica, retiraram meu sobrenome: Vieira. Cristaos Novos - judeus convertidos por força de edito real. A conversao ao Cristianismo ou a morte. Claro, a maioria preferiu converter-se, herdando nomes ligados a topografia (Pedreira), a árvores (Pereira, Oliveira) e moluscos (Vieira), muito comum por esses lados ainda hoje. É o símbolo dos peregrinos que fazem o Caminho de Santiago.
Mano me fala das influências de povos antigos na cultura espanhola. A Galiza foi por séculos ocupada pelos celtas e sua influência ainda hoje é visível na comida, na música, nos costumes.
Passamos em frente ao QG do Exército Espanhol. "Paz en el mundo", diz a mensagem. Terá o espírito de Natal chegado aos militares espanhóis?,penso com meus botoes. Por falar em Natal, por aqui, o 25 de dezembro nao tem o mesmo peso que prá nós, embora, óbvio, a data seja celebrada. A tradicional troca de presentes, por exemplo, acontece na quarta-feira, 06 de janeiro, Dia de Reis.
Seguimos pelo Passeo del Prado, um enorme espaço retangular, ajardinado. Por causa das baixas temperaturas, as folhas das árvores parecem imóveis, secas, também elas de frio.
Seguimos até Calle Huertas, para provar as delícias da cozinha galega, na Taberna Macieras. O lugar é aconchegante, a comida (frutos do mar), polvo (pulpo), lula(calamar), vieiras, almejas, arroz mariñero e vinho branco, Albariño. Uma delícia!
Finalmente, conheço o molusco do qual meus antepassados, em tempos longínquos, aqui mesmo nesta Península Ibérica, retiraram meu sobrenome: Vieira. Cristaos Novos - judeus convertidos por força de edito real. A conversao ao Cristianismo ou a morte. Claro, a maioria preferiu converter-se, herdando nomes ligados a topografia (Pedreira), a árvores (Pereira, Oliveira) e moluscos (Vieira), muito comum por esses lados ainda hoje. É o símbolo dos peregrinos que fazem o Caminho de Santiago.
Mano me fala das influências de povos antigos na cultura espanhola. A Galiza foi por séculos ocupada pelos celtas e sua influência ainda hoje é visível na comida, na música, nos costumes.
sábado, 2 de janeiro de 2010
DIÁRIO DE VIAGEM: MADRI - OLÁ, QUE TAL?
Chegamos - eu e minha mulher, Dolores - à Madri no último dia de 2009, no vôo 1132 da Aerolíneas Argentinas. Saindo de Buenos Aires, às 22h do da quarta-feira, dia 30/12, por conta de uma trapalhada da companhia aérea que atrasou o voo de Guarulhos, nos forçando a permanecência de mais um dia na capital argentina, cruzamos o Atlântico durante a noite e desembarcamos por volta das 10h30, no Aeroporto Internacional de Barajas, na Espanha.
O cansaço da viagem longa somou-se à tensão da chegada, com os necessários e estressantes procedimentos de passagem pela imigração,resolvidos com o "Visto" no passaporte carimbado pelo policial espanhol, meio velhote e de cara magra, não sem antes fazer as perguntas de praxe ("o que vem fazer, o que fazem no Brasil, quanto tempo ficam"), dirigidas a mim e à minha mulher.
Temo o pior, mas procuro agir com normalidade. Me disseram, mais de uma vez, que diante de um cão bravo, sinais de medo são captados pelo animal e o perigo de ataque é maior. Por via das dúvidas, recolho a uma sacola o Panamá, comprado numa loja de chapéus no centro de S. Paulo. A prudência manda, nesses casos, não chamar para si a atenção, nem reforçar estereótipos.
São conhecidas as rígidas medidas de controle da imigração adotadas pelo Governo espanhol, que já mandou brasileiros de volta, sem maiores cerimônias. A Comunidade Européia, contínuamente reforça as medidas de segurança.
O mundo, desde o 11 de setembro, tornou-se um lugar mais perigoso e a paranóia da segurança acabara de ser reavivada na semana passada com o caso do nigeriano da Al Qaeda, preso com explosivos em um voo para Chicago.
Felizmente, o policial da imigração, com a frieza costumeira, nos libera e seguimos para a esteira das malas, em torno da qual todos os passageiros do 747-400 se espremem na ansiedade própria dessas horas.
OLÁ, QUE TAL?, MUI AMABLE...
Tento ajudar uma senhora, uma argentina de meia idade, que deixa escapar uma mala enorme e pesada. "Mui amable", me diz ela, com um sorriso protocolar. Uma outra mulher, esta morena de olhos negros esbugalhados e vermelhos pela noite mal dormida no avião, também me responde com outro "mui amable" quando repito o gesto. Já sei que ouvirei essa expresão pelos próximos trinta dias, a cada gentileza, na rua, nos restaurantes, no metrô.
A outra será o "Olá, que tal?" citado acima, cumprimento que é quase uma senha com que o espanhóis se dirigem ao estranho com quem precisam fazer contato; no táxi, restaurantes, recepçoes de hotel, telefonistas, o "Olá, que tal?" estará incorporado ao meu vocabulário.
BARAJAS
Barajas fica no bairro do mesmo nome. Não há novidades. À saída, meu enteado, Gabriel, a quem chamamos carinhosamente de Mano, nos espera e nos indica o Metrô, após os abraços, claro.
O Metrô de Madri, nos explica Mano, é o principal meio de transporte e corta a cidade em todas as direções. O anúncio das estações é antecedido pelas notas musicais do "Estacion: Esperanza", música de Mano Chao, o cantor franco argelino, que se tornou um ícone desses tempos de globalização pelas letras nos idiomas mais distintos, inclusive o Português. Aliás, a "Estacion Esperanza" da música, me avisa Mano, fica aqui mesmo, em Madri.
Entre os usuários, além, é claro, de espanhóis, imigrantes de toda a parte do mundo, uma pequena Babel; línguas que tento decifrar a origem, me indicam a paisagem humana com a qual os países da Europa a cada dia são obrigados a conviver.
NOCHEVIEJA
Passagem do Ano, na PeñaCalles, no bairro Fonte del Berro, Distrito de Salamanca, casa de Mano e July, sua mulher, estranho a ausência do barulho - fogos de artíficios espoucando como no Brasil. Madri é silenciosa. As ruas sob uma temperatura de 8º a 10º graus são frias. Pouca gente circula, na sua maioria velhos, aos pares. Incrível como há, por toda a parte, velhinhos circulando, encapuzados em grossas capas e sobretudos.
As comemorações pela passagem do ano, contudo, estavam concentradas na Puerta Del Sol, o marco zero de Madri, que reuniu milhares de pessoas para celebrar, para a Nochevieja - como os espanhóis chamam a passagem.
A metereologia prevê neve nos próximos dias. Estou pronto, munido de um sobretudo uruguaio e uma manta da legítima Lãs Taboleiro, de Lavras do Sul, comprados precisamente para isso: enfrentar os rigores do inverno europeu. "Que venga el touro...ops, la nieve!"
PELAS RUAS DE MADRI
Na noite de sexta-feira (1º/janeiro/2010), saímos, eu, Dolores, Mano, sua mulher July (nos últimos dias de gestação do primeiro filho do casal, meu segundo neto adotivo, que chegará a qualquer momento), e mais os seus sogros - Júlio e Graça -, para jantar e depois caminhar pelas ruas do centro de Madri, antes de pegar o Metrô de volta prá casa.
A cidade, à noite, é deslumbrante. Ruas limpíssimas, prédios de arquitetura monumental, como o dos Correios, o Instituto Cervantes, e outros distribuídos harmonicamente nas Avenidas como a Grand Via. A decoração de Natal variada, torna ainda mais impressionante a festa de luzes e cores e de gente (homens, mulheres e crianças) circulando até altas horas.
Neste fim de semana, vamos fazer nosso plano de voo para conhecer Madri, por dentro, visitando museus e monumentos e nos preparando para conhecer cidades próximas como Toledo,a capital da Espanha visigótica, e importante centro, conhecida desde o ano 193 A.C.
Toledo também foi o local escolhido por El Greco, quando chegou de Creta, em 1577, e abriga riquíssima herança cultural, arquitetônica e artística proveniente das clturas muçulmana, crista e judaica, que conviveram harmoniosamente e expressaram um conjunto de influências medievais e ranascentistas. Fica a apenas 7 minutos de trem bala.
O cansaço da viagem longa somou-se à tensão da chegada, com os necessários e estressantes procedimentos de passagem pela imigração,resolvidos com o "Visto" no passaporte carimbado pelo policial espanhol, meio velhote e de cara magra, não sem antes fazer as perguntas de praxe ("o que vem fazer, o que fazem no Brasil, quanto tempo ficam"), dirigidas a mim e à minha mulher.
Temo o pior, mas procuro agir com normalidade. Me disseram, mais de uma vez, que diante de um cão bravo, sinais de medo são captados pelo animal e o perigo de ataque é maior. Por via das dúvidas, recolho a uma sacola o Panamá, comprado numa loja de chapéus no centro de S. Paulo. A prudência manda, nesses casos, não chamar para si a atenção, nem reforçar estereótipos.
São conhecidas as rígidas medidas de controle da imigração adotadas pelo Governo espanhol, que já mandou brasileiros de volta, sem maiores cerimônias. A Comunidade Européia, contínuamente reforça as medidas de segurança.
O mundo, desde o 11 de setembro, tornou-se um lugar mais perigoso e a paranóia da segurança acabara de ser reavivada na semana passada com o caso do nigeriano da Al Qaeda, preso com explosivos em um voo para Chicago.
Felizmente, o policial da imigração, com a frieza costumeira, nos libera e seguimos para a esteira das malas, em torno da qual todos os passageiros do 747-400 se espremem na ansiedade própria dessas horas.
OLÁ, QUE TAL?, MUI AMABLE...
Tento ajudar uma senhora, uma argentina de meia idade, que deixa escapar uma mala enorme e pesada. "Mui amable", me diz ela, com um sorriso protocolar. Uma outra mulher, esta morena de olhos negros esbugalhados e vermelhos pela noite mal dormida no avião, também me responde com outro "mui amable" quando repito o gesto. Já sei que ouvirei essa expresão pelos próximos trinta dias, a cada gentileza, na rua, nos restaurantes, no metrô.
A outra será o "Olá, que tal?" citado acima, cumprimento que é quase uma senha com que o espanhóis se dirigem ao estranho com quem precisam fazer contato; no táxi, restaurantes, recepçoes de hotel, telefonistas, o "Olá, que tal?" estará incorporado ao meu vocabulário.
BARAJAS
Barajas fica no bairro do mesmo nome. Não há novidades. À saída, meu enteado, Gabriel, a quem chamamos carinhosamente de Mano, nos espera e nos indica o Metrô, após os abraços, claro.
O Metrô de Madri, nos explica Mano, é o principal meio de transporte e corta a cidade em todas as direções. O anúncio das estações é antecedido pelas notas musicais do "Estacion: Esperanza", música de Mano Chao, o cantor franco argelino, que se tornou um ícone desses tempos de globalização pelas letras nos idiomas mais distintos, inclusive o Português. Aliás, a "Estacion Esperanza" da música, me avisa Mano, fica aqui mesmo, em Madri.
Entre os usuários, além, é claro, de espanhóis, imigrantes de toda a parte do mundo, uma pequena Babel; línguas que tento decifrar a origem, me indicam a paisagem humana com a qual os países da Europa a cada dia são obrigados a conviver.
NOCHEVIEJA
Passagem do Ano, na PeñaCalles, no bairro Fonte del Berro, Distrito de Salamanca, casa de Mano e July, sua mulher, estranho a ausência do barulho - fogos de artíficios espoucando como no Brasil. Madri é silenciosa. As ruas sob uma temperatura de 8º a 10º graus são frias. Pouca gente circula, na sua maioria velhos, aos pares. Incrível como há, por toda a parte, velhinhos circulando, encapuzados em grossas capas e sobretudos.
As comemorações pela passagem do ano, contudo, estavam concentradas na Puerta Del Sol, o marco zero de Madri, que reuniu milhares de pessoas para celebrar, para a Nochevieja - como os espanhóis chamam a passagem.
A metereologia prevê neve nos próximos dias. Estou pronto, munido de um sobretudo uruguaio e uma manta da legítima Lãs Taboleiro, de Lavras do Sul, comprados precisamente para isso: enfrentar os rigores do inverno europeu. "Que venga el touro...ops, la nieve!"
PELAS RUAS DE MADRI
Na noite de sexta-feira (1º/janeiro/2010), saímos, eu, Dolores, Mano, sua mulher July (nos últimos dias de gestação do primeiro filho do casal, meu segundo neto adotivo, que chegará a qualquer momento), e mais os seus sogros - Júlio e Graça -, para jantar e depois caminhar pelas ruas do centro de Madri, antes de pegar o Metrô de volta prá casa.
A cidade, à noite, é deslumbrante. Ruas limpíssimas, prédios de arquitetura monumental, como o dos Correios, o Instituto Cervantes, e outros distribuídos harmonicamente nas Avenidas como a Grand Via. A decoração de Natal variada, torna ainda mais impressionante a festa de luzes e cores e de gente (homens, mulheres e crianças) circulando até altas horas.
Neste fim de semana, vamos fazer nosso plano de voo para conhecer Madri, por dentro, visitando museus e monumentos e nos preparando para conhecer cidades próximas como Toledo,a capital da Espanha visigótica, e importante centro, conhecida desde o ano 193 A.C.
Toledo também foi o local escolhido por El Greco, quando chegou de Creta, em 1577, e abriga riquíssima herança cultural, arquitetônica e artística proveniente das clturas muçulmana, crista e judaica, que conviveram harmoniosamente e expressaram um conjunto de influências medievais e ranascentistas. Fica a apenas 7 minutos de trem bala.
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