Madri, 16 e 17/01 - Sábado à noite, com a temperatura de cerca 12º graus (o que aqui nao é frio, embora todo mundo tenha de sair encapotado), fomos à Plaza Espanha.
De ônibus. O transporte público de Madri (incluindo ônibus e metrô) é considerado o melhor da Europa. Realmente, funciona e custa pouco: com Um Euro (R$ 2,68) você pode percorrer todo o centro de Madri, inclusive, trocar de linhas e fazer a integraçao.
Na Plaza está o monumento a Cervantes, claro, devidamente acompanhado de Don Quixote e o seu fiel escudeiro, Sancho Pança. É um dos pontos mais visitados do centro de Madri. Turistas do mundo inteiro fazem filas para as fotos.
Há os que se penduram no rabo do burrico de orelhas pontiaguadas montado por Sancho, enquanto lá em cima, Don Quixote, montado com seu cavalo esguio, lança erguida, prepara-se para mais uma batalha com moinhos de vento.
Depois de comer rapidamente numa pequena Taberna, próxima ao Senado Espanhol, seguimos até a Plaza del Oriente, onde está o Palácio Real. É um prédio monumental, rodeado por uma praça imensa. Artistas de rua, aproveitam para levantar uns trocados, como um argentino de Rosário, que recolhe umas moedas de Euros, tocando flauta. Diz que é da terra onde nasceu "El Che" e logo encontramos a afinidade necessária para uma troca rápida de "saludos".
Daí seguimos para a Plaza Maior. As ruas do centro mais parecem um enorme formigueiro. Centenas, talvez milhares de pessoas bem arrumadas, lotam bares, cafés, restaurantes. Homens, mulheres de meia idade, jovens, velhos e crianças. É impressionante!
Na Plaza Maior, que é um quadrilátero composto por construçoes (algumas residenciais), dezenas de crianças se aglomeram para acompanhar a habilidade de dois artistas de rua que fazem bolhas de sabao.
No café, completamente lotado, é preciso aguardar a fila. As pessoas apreciam churros com chocolate e, aqui, churros quer dizer, literalmente, "porra". Entao, se estiver passeando por Madri, nao se assuste se ouvir pacatas e recatadas senhoras pedindo ao garçon: "dá-me, una porra, por favor!".
Mente maldosa, nao foi nada disso que você pensou!
DOMINGO, 18/01 - O mercado El Rastro, próximo a Estaçao Tirso de Molina, centro de Madri, é uma festa. Milhares de pessoas se amontoam em barracas. Vende-se de tudo. Literalmente. Além das bugingandas encontráveis em qualquer mercado e espaço alternativo, é possível visitar feiras de antiguidade, com peças dos séculos XVIII e XIX.
Camisetas, roupas de frio, artesanato dos mais variados e, principalmente, milhares de pessoas; o número aumenta proporcionalmente à elevaçao da temperatura.
Dali saimos - eu, Mano e minha mulher - para o bairro de Lavapies, que é um tradicional centro de imigrantes de todas as nacionalidades. Nas ruas estao, argelinos, marroquinos, senegaleses, indianos, enfim... o mundo.
No restaurante - o Mano a Mano -, esperamos July e os pais dela - Graça e Júlio. July está às vésperas de ganhar o primeiro bebê do casal que ainda nao tem nome, mas que todo mundo (avós, incluidos) já chama de Ziquinho, numa referência ao segundo apelido carinhoso do pai.
Junto, chegam amigos e uma amiga de July, brasileiros que já estao na Espanha há alguns anos. A maioria tem vontade de voltar, mas prefere nao fazer planos.
Depois da comida farta (paeja, lubiña, ganbones à la plancha, pescados em geral, enfim, e vinho, claro!), seguimos pelas ruas de Lavapies. Conversei com senegaleses "sin papeles", vale dizer, clandestinos. Um deles me fala da dura vida de ser "sin papel", o que é o bastante para está sob o risco de passar 40 dias "en cana" (agora esse prazo foi aumentado para 60, segundo me conta), se for pego pelas autoridades espanholas. "La vida es mui dura por accá, hermano", me diz ele, como se já me conhecesse há anos.
Coisas do mundo globalizado e das políticas cada vez mais restritivas das autoridades, nao apenas espanholas, mas da comunidade européia, em geral.
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