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sábado, 2 de janeiro de 2010

DIÁRIO DE VIAGEM: MADRI - OLÁ, QUE TAL?

Chegamos - eu e minha mulher, Dolores - à Madri no último dia de 2009, no vôo 1132 da Aerolíneas Argentinas. Saindo de Buenos Aires, às 22h do da quarta-feira, dia 30/12, por conta de uma trapalhada da companhia aérea que atrasou o voo de Guarulhos, nos forçando a permanecência de mais um dia na capital argentina, cruzamos o Atlântico durante a noite e desembarcamos por volta das 10h30, no Aeroporto Internacional de Barajas, na Espanha.

O cansaço da viagem longa somou-se à tensão da chegada, com os necessários e estressantes procedimentos de passagem pela imigração,resolvidos com o "Visto" no passaporte carimbado pelo policial espanhol, meio velhote e de cara magra, não sem antes fazer as perguntas de praxe ("o que vem fazer, o que fazem no Brasil, quanto tempo ficam"), dirigidas a mim e à minha mulher.

Temo o pior, mas procuro agir com normalidade. Me disseram, mais de uma vez, que diante de um cão bravo, sinais de medo são captados pelo animal e o perigo de ataque é maior. Por via das dúvidas, recolho a uma sacola o Panamá, comprado numa loja de chapéus no centro de S. Paulo. A prudência manda, nesses casos, não chamar para si a atenção, nem reforçar estereótipos.

São conhecidas as rígidas medidas de controle da imigração adotadas pelo Governo espanhol, que já mandou brasileiros de volta, sem maiores cerimônias. A Comunidade Européia, contínuamente reforça as medidas de segurança.

O mundo, desde o 11 de setembro, tornou-se um lugar mais perigoso e a paranóia da segurança acabara de ser reavivada na semana passada com o caso do nigeriano da Al Qaeda, preso com explosivos em um voo para Chicago.

Felizmente, o policial da imigração, com a frieza costumeira, nos libera e seguimos para a esteira das malas, em torno da qual todos os passageiros do 747-400 se espremem na ansiedade própria dessas horas.

OLÁ, QUE TAL?, MUI AMABLE...

Tento ajudar uma senhora, uma argentina de meia idade, que deixa escapar uma mala enorme e pesada. "Mui amable", me diz ela, com um sorriso protocolar. Uma outra mulher, esta morena de olhos negros esbugalhados e vermelhos pela noite mal dormida no avião, também me responde com outro "mui amable" quando repito o gesto. Já sei que ouvirei essa expresão pelos próximos trinta dias, a cada gentileza, na rua, nos restaurantes, no metrô.

A outra será o "Olá, que tal?" citado acima, cumprimento que é quase uma senha com que o espanhóis se dirigem ao estranho com quem precisam fazer contato; no táxi, restaurantes, recepçoes de hotel, telefonistas, o "Olá, que tal?" estará incorporado ao meu vocabulário.

BARAJAS

Barajas fica no bairro do mesmo nome. Não há novidades. À saída, meu enteado, Gabriel, a quem chamamos carinhosamente de Mano, nos espera e nos indica o Metrô, após os abraços, claro.

O Metrô de Madri, nos explica Mano, é o principal meio de transporte e corta a cidade em todas as direções. O anúncio das estações é antecedido pelas notas musicais do "Estacion: Esperanza", música de Mano Chao, o cantor franco argelino, que se tornou um ícone desses tempos de globalização pelas letras nos idiomas mais distintos, inclusive o Português. Aliás, a "Estacion Esperanza" da música, me avisa Mano, fica aqui mesmo, em Madri.

Entre os usuários, além, é claro, de espanhóis, imigrantes de toda a parte do mundo, uma pequena Babel; línguas que tento decifrar a origem, me indicam a paisagem humana com a qual os países da Europa a cada dia são obrigados a conviver.

NOCHEVIEJA

Passagem do Ano, na PeñaCalles, no bairro Fonte del Berro, Distrito de Salamanca, casa de Mano e July, sua mulher, estranho a ausência do barulho - fogos de artíficios espoucando como no Brasil. Madri é silenciosa. As ruas sob uma temperatura de 8º a 10º graus são frias. Pouca gente circula, na sua maioria velhos, aos pares. Incrível como há, por toda a parte, velhinhos circulando, encapuzados em grossas capas e sobretudos.

As comemorações pela passagem do ano, contudo, estavam concentradas na Puerta Del Sol, o marco zero de Madri, que reuniu milhares de pessoas para celebrar, para a Nochevieja - como os espanhóis chamam a passagem.

A metereologia prevê neve nos próximos dias. Estou pronto, munido de um sobretudo uruguaio e uma manta da legítima Lãs Taboleiro, de Lavras do Sul, comprados precisamente para isso: enfrentar os rigores do inverno europeu. "Que venga el touro...ops, la nieve!"

PELAS RUAS DE MADRI

Na noite de sexta-feira (1º/janeiro/2010), saímos, eu, Dolores, Mano, sua mulher July (nos últimos dias de gestação do primeiro filho do casal, meu segundo neto adotivo, que chegará a qualquer momento), e mais os seus sogros - Júlio e Graça -, para jantar e depois caminhar pelas ruas do centro de Madri, antes de pegar o Metrô de volta prá casa.

A cidade, à noite, é deslumbrante. Ruas limpíssimas, prédios de arquitetura monumental, como o dos Correios, o Instituto Cervantes, e outros distribuídos harmonicamente nas Avenidas como a Grand Via. A decoração de Natal variada, torna ainda mais impressionante a festa de luzes e cores e de gente (homens, mulheres e crianças) circulando até altas horas.

Neste fim de semana, vamos fazer nosso plano de voo para conhecer Madri, por dentro, visitando museus e monumentos e nos preparando para conhecer cidades próximas como Toledo,a capital da Espanha visigótica, e importante centro, conhecida desde o ano 193 A.C.

Toledo também foi o local escolhido por El Greco, quando chegou de Creta, em 1577, e abriga riquíssima herança cultural, arquitetônica e artística proveniente das clturas muçulmana, crista e judaica, que conviveram harmoniosamente e expressaram um conjunto de influências medievais e ranascentistas. Fica a apenas 7 minutos de trem bala.

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