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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Caso Cotas: o povo continua ausente

Na foto, de Allan Nóbrega, o coronel Elizeu Eclair, o ex-comandante da PM paulista que comandou a guerra contra o PCC, agora na tarefa de promover a remoção forçada de 8 mil familias das Cotas, desorganizar ainda mais a cidade - já sem planejamento urbano algum -com o apoio, por ação e ou omissão da prefeita MR, que nada fala, nada faz, nada ouve.

A chamada Audiência Pública na última quarta-feira (30/09) para tratar do Programa de Recuperação Sócio Ambiental da Serra do Mar, pelo qual o Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura, pretende a remoção forçada de 8 mil famílias (cerca de 30 mil pessoas), foi mais o ato de uma farsa.
Quem falou pelo Governo do Estado, o coronel Elizeu Eclair, fez o que se sabe. Formação militar, ex-comandante geral da Polícia Militar do Estado de S. Paulo, o homem que encarou o PCC no levante de 2006 (agora transformado no ótimo filme Salve Geral, indicado ao Oscar como melhor filme estrangeiro), Eclair faz o que lhe cabe: comanda como se estivesse à frente da tropa da PM.
A Prefeitura, nesta e na outra gestão, finge que nada tem a ver com o caso, e aí quer fazer crer que não tem uma Parceria com o Governo do Estado para implantar o Projeto. Portanto, é sócia da iniciativa. A prefeita MR nada faz, nada fala e nada ouve. Finge que não é com ela.
E os moradores, fazem o papel triste de massa de manobra. Diga-se, conscientemente. Não há inocentes nessa história. Todos os que estiveram na audiência sabiam antecipadamente o script.
Todos sabem que o Programa do Governo do Estado é esse mesmo que está sendo exposto há mais de dois anos. O Governo, portanto, tem uma posição clara. Goste-se ou não dela. No meu caso, repito: o Programa de remoção é uma agressão, uma violência, não apenas contra os moradores das Cotas, Água Fria e Pilões, mas contra toda a população.
Eu, se tivesse poder, usaria a autoridade de prefeito e pararia o projeto. Disse isso com todas as letras durante a campanha. Repito. Todos sabem a que interesses o projeto atende: Ecovias e as grandes empresas de construção e terraplenagem que estão abocanhando cerca de R$ 700 milhões do projeto, já que não há previsão de um centavo sequer para a população a ser removida, mesmo para os que moram há 30, 40, 50 anos.
Quem não tem posição clara, aliás, não tem posição nenhuma, é a Prefeitura. Qual é a posição da prefeita? É contra ou a favor? Quais são suas idéias a respeito? Porque não assume a autoridade, ao invés de aceitar ser blindada, a ponto de ceder o Bloco Cultural e não aparecer numa audiência pública para tratar de assunto de tamanha importância para a vida, não apenas dos moradores das Cotas, mas de toda a cidade?
Melhor dizendo: a prefeita apóia o projeto, mas finge que não, para enganar os incautos e os inocentes inúteis de sempre. Ou então: o grupo da cota de apoiadores e agora alguns ocupantes de cargos de confiança, que ela vem manipulando politicamente desde a campanha eleitoral.
Por parte dos apoiadores do Governo MR (o neopetismo rosa, que desaprendeu a fazer manifestação autenticamente popular, porque trocou de lado) e do Governo do Estado (tucanos e agregados), o mesmo espetáculo. Todos sabem qual o papel de cada um. Mas, as eleições estão aí, não é? Quem continua ausente é o principal interessado: o povo.

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